Estávamos na praia, ela estava longe correndo pela imensidão de areia indo em direção ao mar, peguei meu telefone e a filmei, primeiro correndo rápido como uma lebre, até o ritmo diminuir e começar a girar com os braços abertos em volta de sí mesma, dei zoom no seu sorriso, e ela parecia que ia voar.
Chegou enfim na água e acelerou novamente espalhando pingos por todos os lados, molhando o vestido translúcido verde de bolas brancas, os cabelos antes presos por si mesmos se soltaram, e acabaram também por se molhar, grudando em sua face alguns fios.
Ela continuava sorrindo, um pleno retrato da felicidade plena, beleza e liberdade. Nesse momento me ocorreu que se um dia eu a perder seja pelo qual motivo for, o relacionamento não dar certo, divórcio ou até mesmo a morte antes da minha, ai eu ver esse vídeo que faço chorarei muito.
Chorarei até as lágrimas ficarem escassas. Perde-la será o último golpe que a vida poderia me dar, depois disso não sobraria nada em meu ser. Percebo que a amo, inegavelmente, de formas tão loucas e inenarráveis que assustam. Lembrar de sua plenitude vivaz, e risadas esquisitas, será o fim para minha existência, morrer se tornaria mais fácil pois ela já teria ido e nada me faria ficar.
Ela volta correndo e molhada de sal, e o som dos seus risos me atingem como uma bomba, ela corre e me abraça, não a nada a fazer se não sorrir. Se um dia ela morrer, eu morro em seguida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caixa de Fósforos
Historia CortaCrônicas e textinhos escritos sem rumo nem um fio de planejamento, muito menos regras, sem um fim nem começo propriamente dito, e feitos eu momentos de tédio em aulas chatas. Boa sorte naturalmente não são tão bons assim.