FLORES PARA LIAN

Prólogo

Eu odeio olhar para tudo isso. Odeio olhar para o chão do meu quarto e ver todas essas flores com cores vibrantes que fazem minha vista doer. Todo o ambiente está completamente tomado por rosas, algumas despedaçadas e outras intactas. Junto a elas existem pequenas cartas, tais cartas com diversos segredos, meus segredos. 

Todas essas cartas são de cores fofas, com letras bonitas, com envelopes magnifícos. Mas as coisas mais belas nem sempre trazem coisas boas consigo. Essas cartas me dão medo, me causam arrepios, me causam angústia. No começo, achei fofo, bonito, simples, mas se tornou medonho. As petálas caem, aumentando meu medo de alguém vê-las fora daqui.

Tenho medo de qualquer pessoa entrar nesse cômodo e se deparar com essas cartas, com essas rosas, com esses segredos, com essas confissões, com esses traumas e com essa minha vida que era tão bem escondida. Por que alguém faria isso comigo? Por que alguém usaria minha vida contra mim? Por que eu? Tinha tantas outras pessoas para perturbar e atormentar a vida, e escolheram a minha. 

Minha vontade, acima de qualquer coisa, é incendiar isso tudo, ver as labaredas de fogo sumir com essa minha vida falsa, com os meus segredos mais íntimos, com minha vida noturna e diurna que tanto escondi, quero que essas cartas morram junto a mim. 

Quem fez isso não tem noção alguma do quão perturbador é saber da minha própria vida por meio de cartas de algum estranho, não sei seu nome, não sei seu rosto, não sei onde mora e nunca saberei o porquê de estar escrevendo isso para mim. 

O mais estranho, é que todas terminam com "eu te amo", isso realmente é amor? Trazer a tona tudo o que mais escondi de mim mesmo e dos meus pais, do meu irmão, da minha melhor amiga e dos meus amores mais secretos. Eu odeio o escritor dessas cartas e não aguento mais elas.