Capítulo 19 - Uma conversa difícil

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              —Siga-me

              E foi para a sala íntima de seu quarto. Passos largos, decidido. O Khun consciente e aberto para enfrentar a vida, mas ainda assim, travado para o amor.

            Na sala, apontou a poltrona para Macau, que sentou, acuado, mas não rendido de fato.

             Macau recebeu sobre si todo o clima do desconforto de Khun. O seu mundo e seu primeiro amor correndo risco justo porque ele tinha tentado ajudar o homem que ama. A certeza ia se cristalizando tão densamente dentro de seu coração que agora ele sabia exatamente quando foi que a admiração que ele tinha por seu ex-inimigo se transformou em amor.  

             —Como você acha que ajudou com aquela conversa? 

             — Ora. Você vai precisar casar. E vai casar com quem? Vai se casar com quem está à mão. No caso, eu. 

              Sua resposta, firme, objetiva destoa um pouco de seus olhos que acompanham a caminhada ininterrupta de um Khun de cabelos ouriçados, já que esfrega os fios com desespero.

           — Você está se ouvindo, Macau? Você tem a mínima noção do que isso representa? Está ciente do que pode perder com uma relação como seria a nossa?

          — Estou. E cada vez que ouço ou penso, aprecio mais a ideia.

          — E esta família acha que o louco sou eu! Não sei como vou resolver a confusão que você armou, mas a sua solução não é viável. É no mínimo, impensável.

          Macau o olhava firme, respondendo com uma convicção que só faz com que Khun tenha certeza que ele desconhece a profundidade do assunto.

           — Você está se colocando como objeto, negociável!

          — Não, Khun, não estou! Que argumento ruim esse seu! Objeto! Eu já lhe disse antes e repito: sou um homem. Se sirvo para comandar meus funcionários e administrar parte dos meus bens, porque não posso decidir com quem caso ou deixo de casar?

           —  Macau, você está confundindo as coisas! 

          — Daqui a pouco para se justificar vai dizer que Vegas e o tio  me deixam cuidar desses negócios como laboratório. Antes que diga, eu sei, mas quando foi que  cometi erros?

            — Não coloque palavras em minha boca e nem assopre ventos em meu pensamentos, tentando descobrir o que se ventila aqui! Nunca minimizaria seu sucesso! Só que há muito mais envolvido e, acima de tudo, Macau, você tem que casar por amor.

            — Oras! Mas vou me casar por amor!

             Não estou falando de se casar por amarmos a Buppha. Estou falando que você precisa conhecer alguém e só depois de ter certeza que a ama, se casar!

              —  Acho que quem não entendeu foi você. Porque já encontrei a pessoa. A pessoa que  amo  é você, Khun.

             Tankhun virou-se assustado no mesmo momento em que Vegas entrou na sala.

            — Como assim você ama o Khun, Macau? — O irmão mais velho ergue os olhos para o mais novo com o olhar indeciso.

             Khun ficou ali, parado, estupefato. O que aquele menino está dizendo?

            — Como assim ele me ama, Vegas?

            Seu coração estancou um instante a distribuição sanguínea porque ele quase caiu com o que ouviu e com o que aquilo produziu nele, uma vertigem o sufocou.

           — Você está enganado. Vocês passaram dias de sufoco e agora você se apegou a ele.

          Khun concordava, meio perdido, se decepcionando com as explicações sensatas do outro primo. E essa percepção doeu nele porque se ele estava sentindo confuso era porque no fundo ele tinha cogitado ficar com o menino e isso, mas que tudo, o assombrava. Ele não pode amar! Nunca!

          Enquanto ele sofre com os pensamentos, Vegas e Macau se encaram e o mais novo grita, sentindo-se injustiçado:

         — Então você não ama o Pete!

           Vegas gelou. Ele e Pete inventaram uma história para justificar sua aproximação,  na época Macau era novo, não os entenderia  e agora o menor estava usando exatamente isso contra ele.

           — São situações diferentes, Macau.

          — Você se apaixonou por Pete porque ele lhe vigiava e vem falar de mim?

          — É  outra coisa.

          — Eu gosto dele desde antes, Vegas. Eu só não sabia.

          Khun saiu da sua saleta assustado. Macau tentou ir atrás e foi impedido por seu irmão.

          — Como vocês chegaram nesse assunto, meu irmão?

          — Eu pedi a ,mão dele em casamento, Vê!

          Vegas sentiu-se realmente surpreendido. Mas ele lembrava da condição para a adoção. Quando eles estavam sequestrados, a situação foi toda posta na mesa pelos advogados da família e do orfanato.

         — Vocês foram ver Buppha...

         — Sim, Vegas, mas não foi por isso que falei de casamento com ele. Eu sei que ele também gosta de mim.

          E o menino chorou, tentando se desvencilhar do irmão. Vegas o consolou. Pelo jeito teria que conversar com o tio. Este era um cenário que ele nunca imaginou estar: cuidar do coração ferido do irmão. Por que  o tio tinha que viajar justo agora?

            Guardando-o no abraço, já que não conseguiria protegê-lo de tudo, disse, triste, porém decidido:

       — Deixe-o pensar sozinho.

Inesgotável Amor             #KhunMacauOnde histórias criam vida. Descubra agora