CHAPTER FOURTY THREE

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Timothée

Eu tomei a decisão certa e agora preciso seguir em frente.

Tenho pensado muito em Astrid, em um nível que nem mesmo meu coração pode suportar, toda essa dor que poderia simplesmente desaparecer se eu fosse o garoto que ela conheceu, eu posso superar isso, eu vou. Nunca sofri por nenhuma garota, por que seria agora que isso passaria a acontecer?

"Mais uma." Eu peço mais um shot de tequila, não sei quantos copos bebi até aqui, mas me sinto zonzo e minha cabeça dói, estou olhando para uma das garotas dançando em um pedestal, que tira atenção completamente dos meus pensamentos sobre Astrid, eu quero mesmo que essa noite me faz esquecer que perdi meu tempo precioso para correr atrás dela, isso é até mesmo vergonhoso demais até para alguém como eu.

Recebo o shot de tequila e bebo em um único gole doloroso que lava completamente minhas decepções, ainda com os olhos pregados na garota, sinto uma pontada de indiferença quando decido pegar alguns dólares e deixar para ela no palanque antes de ir, eu paro de costas, sabendo que minha cabeça está implorando para que eu me vire e veja se é realmente quem estou pensando ser.

"Ellie?" Sussurro ao me virar, seus olhos estão em mim, paralisados e ela simplesmente parou de dançar. Ellie desce do palanque e vem até mim, assustada demais para abrir a boca e dizer algo.

"É incrível como nos vemos nas piores situações." Ela sorri, os lábios pintados de vermelho.

"Com toda certeza." Eu rio um pouco, olhando a medida que seu corpo está exposto pelo sutiã de renda e a saia minúscula de babados. "Você está bem? Do acidente..."

"Faz uma década." Ela bate no meu ombro como se fôssemos amigos próximos. "Não tem importância." Abro um sorrisinho desconfiado e me sento em uma das poltronas na frente do palanque, seus olhos se arregalam quando ponho um bolo de dinheiro na mesa redonda.

"Dance para mim." Eu peço com certo pesar na voz, Ellie morde o lábio e pega a grana, escondendo no sutiã, ela sobe no palanque e se esfrega no pedestal, enquanto dança Rihanna para mim, não me sinto nenhum um pouco incomodado com a sensação que ela me causa, até porque eu estava acostumado a me entreter com outras mulheres, e Ellie não é de se jogar fora, ela é uma pequena deusa escondida.

Me aconchego na poltrona e assisto o show que dura o tempo suficiente para que eu esqueça todos meus problemas, estou sorrindo e confiante mas talvez seja só a bebida gritando no meu cérebro e me acusando de ser idiota. Meu celular vibra no bolso e eu perco atenção alguns segundos olhando a mensagem de Hailey que acabou de chegar.

É melhor você não estar onde estou pensando, você precisa fazer a prova do smoking ainda hoje.

São oito da noite e passei o dia todo nas ruas de Washington, com medo de voltar para a mansão, Ellie para de dançar e sorri para mim no fim, eu me levanto, a deixando para trás e vou para a saída, sendo bombardeado por uma porção de fotógrafos e jornalistas, meus olhos ficam cegos com os flashs na minha direção, coloco a mão no rosto para me cobrir. Ouvindo as perguntas soando uma por cima da outra.

Quando seu casamento vai acontecer?

O que houve com Astrid Davis?

A pergunta soca meu coração, até eu sentir duas mãos me puxando para dentro do bar novamente, eu olho para Ellie e sua maquiagem pesada cobrindo os olhos, talvez eu esteja aliviado, mas nem tanto.

"O que diabos é tudo isso?" Ela pergunta, com a mão ainda em meu braço e me puxando até um dos bancos do bar. "Você e Astrid não estão juntos?"

"Não. Ela me dispensou." Ellie torce os lábios e solta meu braço recuando."

"Por que?"

"Você faz muitos perguntas." Debocho, Ellie puxa os lábios em um sorriso e se aproxima de mim, me prendendo contra a parede atrás das minhas costas. Merda. "Ellie." Seus olhos não deixam os meus, eu quero recusar completamente o convite dos seus lábios, mas estou tão fora de si agora que não posso negar, minha boca se aproxima da dela em um beijo desesperado, estou completamente eufórico com a descarga elétrica subindo no meu corpo, com suas mãos atrás das minhas costas, me puxando para o seu corpo. Tudo que mais quero é desaparecer nesse momento, me camuflar com as dores que estou sentindo e como meu coração está partido, mesmo que isso seja completamente errado, eu me entrego.

*

Abro meus olhos, confuso ao enxergar o teto azul, eu me levanto, percebendo que estou deitado em um colchão extremamente duro, e que ao meu lado tem um volume sugestivo, puxo o lençol e vejo os cabelos castanhos caindo pelos ombros magros nu, minha respiração fica ofegante assim que viro o rosto de Ellie, porra!

Até que momento eu acabei chegando a esse ponto? Eu não havia bebido tanto assim, pelo menos é o que acho, não posso ter dormido com Ellie, saio da cama, vestindo a bermuda jogada no tapete ao lado do colchão e vou até o meu celular do outro lado do quarto. Tem uma porrada de mensagens de Hailey, droga! Eu perdi a prova do smoking.

Seu pai está furioso.

Eu leio apenas a última mensagem, meu pai me mataria se soubesse o que aconteceu, meu Twitter está explodindo de mensagens e DMs e eu nem consigo raciocinar direito, jogo o celular na bancada de novo e ao olhar para trás, flagro Ellie se levantando completamente nua.

"Como foi sua noite?" Ela pergunta vindo até mim e colocando as mãos em meus ombros, eu seguro-as para afastá-la de mim, eu estremeço só na ideia de eu ter chegado perto dela chapado.

"Nós..." Eu gesticulo, ela solta um risinho distorcido e acena, solto o maior suspiro do mundo, mas não de alívio, porque simplesmente não me lembrava de nada da noite passada e estava ferrado com meu pai, visto minha camiseta por cima da cabeça. "Me desculpa." Lamento muito e saio pela porta, olho ao redor, não sabendo exatamente como cheguei aqui, mando uma mensagem para o meu motorista assim que sei o nome do hotel e vou embora.

Meu pai está a minha espera, cancelou suas reuniões e provavelmente está puto comigo, eu não queria imaginar todas as coisas que estraguei em um dia só.

"Soubemos da sua viagem requisitada com a Gentlyn." Meu pai aperta os lábios fazendo as rugas ao redor da sua boca ficarem maiores. "Eu juro que você está passando dos limites!" Ele aumenta a voz, e lança o celular dele sobre a mesa de centro, eu me inclino e vejo uma notícia sobre mim.

Filho do presidente dos Estados Unidos é visto em noitada com garotas de programa.

Minha mãe olha para mim, com as mãos presas no colo e seus lábios soltam um ruído de desprezo, eu balanço a cabeça devagar e desligo o celular.

"Você vai se casar daqui um dia, não está se comprometendo com nada que está acontecendo!" Ele volta a gritar dessa vez mais alto. "Eu estou decepcionado..."

"Eu não quero me casar e nunca quis, vocês sabem melhor do que ninguém que essa não é minha vida..."

"Sua vida então é ficar rodeado de prostitutas baratas e encher a cara a noite toda." Eu esfrego o olho e resmungo, meu pai se aproxima de mim. "Eu estou cansado de você estragar absolutamente tudo nessa casa."

"Eu não pedi por essa vida." Digo entredentes, meu pai recua, esfregando as têmporas e enche as bochechas de ar. "Não pedi por nada disso, está bem? Vocês poderiam me ouvir pelo menos uma vez nessa vida?"

"Yuri está esperando por você no saguão." Minha mãe diz, gesticulando em outra direção. É claro que eles não iriam prestar atenção em mim, estou cansado demais para lidar com isso agora e não posso ver Yuri e dizer a ela o que está acontecendo, meu casamento é amanhã e nem consigo pensar em nada para convencer meus pais que isso é a pior ideia que eles já tiveram.

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora