Em sua defesa, qualquer um em seu lugar acharia divertido.
Na primeira vez que isso aconteceu, Naruto ficou em torno de trinta segundos tentando assimilar a situação antes de compreendê-la e imediatamente amá-la. Não é como se nunca tivesse sido a mochilinha da relação, tendo em vista que era um baita namoradeiro e já ficara com inúmeras pessoas diferentes até encontrar o amor de sua vida, mas ele nunca pensou que logo Sasuke fosse gostar de ser a conchinha menor.
Não era sua culpa. Quem pensaria que um homem alto, forte, tatuado e ex-militar apreciaria algo tão fofo?
Quando Naruto encontrou Sasuke pela primeira vez, a atração foi inevitável. O loirinho tinha um fraco por homens marrentos com carinha de que acabariam com ele em uma cama e Sasuke era tudo isso e muito, muito mais. Naruto pensou que seria um caso de uma noite, como muitos que teve ao longo da vida, mas não era possível ser apenas um caso tratando-se de Sasuke. Naruto soube que ele era sua pessoa especial no momento em que o arrastou para o quarto de um motel barato e teve a noite mais intensa, apaixonada e inesquecível de sua vida. Se nos dias que se seguiram Naruto continuou ligando para Sasuke com a desculpa de estar com saudade do jeitinho que ele fazia, até tomar coragem para pedir o homem em namoro, nenhum dos dois comentou.
O relacionamento quebrou muitos padrões que Naruto associou a Sasuke inicialmente. Sasuke era marrento, mas doce na mesma medida. Sasuke acabava com ele na cama — os deuses sabem que Naruto já desmaiou, chorou e gritou inúmeras vezes por conta da superestimulação —, mas cuidava dele com todo o carinho e gentileza do mundo depois. Sasuke era um pouco frio com palavras, mas compensava nas ações. Sasuke não demonstrava muito, mas quando o fazia, era de todo o coração. Sasuke era seguro de si, confiante, até um pouco arrogante, mas tinha suas nuances de timidez e de insegurança. Sasuke gostava de cuidar e apreciava muito mais proteger do que ser protegido, mas havia momentos em que ficava vulnerável; nesses momentos, era ele quem precisava ser protegido e cuidado.
Naruto associava a preferência de seu namorado de ser a conchinha menor a esses momentos, por isso era tão precioso. Sasuke tendia a esconder as fraquezas e demonstrar apenas força. Levou um tempo até o moreno tomar coragem para conversar sobre isso consigo, sobre esse desejo fofo e particular. Era algo tão simples, tão bobinho, e mesmo assim seu namorado se sentiu inseguro para dizer. Sasuke só disse porque confiava plenamente nele, porque sabia que Naruto não negaria o pedido ou acharia patético.
Como Naruto poderia? Não importava para ele se Sasuke era 30cm maior que ele próprio — o que tornou a missão de embalar o homem em seus braços um pouquinho difícil até ele pegar o jeito —, se Sasuke era ameaçador e forte e poderia vencer uma luta facilmente contra qualquer pessoa, se Sasuke montava uma arma tão rápido quanto atirava com ela ou quaisquer outras coisas. Sasuke era adorável. Ser a conchinha menor fazia dele mais adorável ainda.
— Por que você está sorrindo?
Naruto se virou na cama para olhar o namorado, que acabara de sair do chuveiro. Era uma noite de chuva particularmente forte, com perigo de tempestade e trovoada. Sasuke, sabendo que seu loirinho tinha medo do barulho estrondoso, não hesitou um só segundo em correr para a casa dele debaixo de chuva apenas para não deixá-lo sozinho — o que resultou nele chegando encharcado, então Naruto rapidamente enviou o homem para tomar um banho quente e trocar as roupas molhadas. Sabia que a resistência de Sasuke era alta e a imunidade maior ainda, mas não queria arriscar.
O loirinho correu os olhos pelo corpo do namorado, apreciando o fato dele estar apenas com uma toalha enrolada na cintura. O torso de Sasuke era coberto por tatuagens, tantas e com tantos significados diferentes, uma mais especial que a outra. O dia em que Naruto perguntou sobre cada uma delas e Sasuke lhe respondeu cada pergunta com a mesma dedicação era uma memória preciosa. Foi o dia em que conheceu mais do homem que tanto amava, o dia em que o amou mais do que imaginou ser possível. Naruto as amava, bem como amava as dezenas de cicatrizes que Sasuke tinha espalhadas no corpo, bem como amava Sasuke. Amava tudo sobre ele. Amava ele.
— Porque eu te amo — Naruto respondeu facilmente, sorrindo com doçura.
Sasuke o olhou como se já tivesse previsto essa resposta. Ele não respondeu sua declaração casual, mas lhe lançou um sorriso terno, o que para Naruto era mais que o suficiente. "Não sou bom com palavras", Sasuke disse uma vez, "Então vou me esforçar para que você sinta meu amor em cada ação". Naruto sentia o amor dele em cada ação. Era fácil sentir. Cada gesto, cada olhar, cada sorriso, cada pequena coisa que Sasuke fazia por ele ou para ele continha uma imensidão de sentimentos e uma imensidão de profundidade infinita de amor.
Naruto deitou a cabeça no travesseiro e assobiou de brincadeira ao que Sasuke afastou a toalha, ficando nu, e começou a procurar roupas no guarda-roupa simples para vestir (o loirinho felizmente o convenceu a deixar algumas roupas dele ali, para casos de emergência). Sasuke bufou baixinho, o mais próximo de uma risada que ele lhe concederia, e Naruto riu pelos dois.
— Vem cá, vem — Naruto o chamou quando o moreno terminou de se vestir. — Hora de dormir.
Sasuke se aproximou dele a passos calmos e se inclinou na cama para afastar alguns fios de cabelo loiro de sua testa e beijá-la com carinho.
— Quer que eu ligue a música? — Era algo que Naruto costumava fazer: colocar músicas no último volume para tentar abafar o som dos trovões em tempos como este. Ajudava bem pouco, mas ainda era melhor que nada.
— Nu-uh, eu tô bem. — Naruto ergueu a mão para ele. — Só preciso de você. Deita aqui, amor.
Sasuke foi de bom grado aos braços convidativos do loirinho e se encaixou neles perfeitamente, como a conchinha menor que amava ser. Em dias assim, onde o foco era Naruto e os medos dele, Sasuke é quem o envolveria em seus braços e o protegeria de tudo, mas o moreno aprendeu após algum tempo que em algumas situações seu amor se sentia mais calmo quando podia proteger algo ao invés de ser protegido. Naruto não pôde proteger os pais do acidente de carro na noite chuvosa daquele dia, mas podia proteger Sasuke, seu namorado. Isso o acalmava. Isso o fazia bem. Então Sasuke se acomodou nos bracinhos protetores do homem que amava mais do que a si mesmo e permitiu que ele fizesse o que precisava fazer: proteger.
— Te amo muito, minha conchinha — Naruto sussurrou em seu ombro, dando um beijinho nele e esfregando a bochecha como o gatinho manhoso que era. O coração de Sasuke pulsou, se contorceu e vibrou com todo o amor que sentia pelo loirinho. Era com essa pessoa que ele queria e iria se casar.
— Te amo mais, minha mochilinha.
Foi com a risadinha doce de Naruto, pinguinhos de chuva na janela e o aroma caloroso de lar que Sasuke adormeceu; uma conchinha menor feliz com uma mochilinha mais feliz ainda.
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conchinha menor | sasunaru
FanfictionNaruto acha fofo seu namorado gostar de ser a conchinha menor e está mais do que contente em ser a mochilinha da relação. [sasunaru | fluffy]