Les soupirs que tu m'as pris - Steddie.

𝗢𝗻𝗲.

— Acho que estou ficando louco de vez… — 

  Steve suspirou, contando até dez mentalmente e em voz alta, e virou-se bruscamente na direção de onde vinha o barulho.

  Nada.

  Estou realmente ficando louco?

  — Foda-se essa merda também. Eu não tenho tempo pra isso. — E ele continuou a tarefa que estava fazendo antes, tentando organizar todos os CDs em seus devidos lugares, o que estava acontecendo ao seu redor não era tão importante. Mesmo que aqueles pequenos ruídos e arrepios em seu pescoço estejam o perseguindo constantemente. Nada de ruim iria acontecer com ele, certo? Não aconteceu até agora...

  — Olá. —

  De repente, uma voz ligeiramente rouca com a qual Steve não estava muito familiarizado foi ouvida tão perto que ele podia sentir o choque de ar causado por ela em seu pescoço, fazendo com que o pobre garoto se assustasse, seu corpo inteiro se sacudindo de medo e quase derrubando todos os CDs que ainda tinha nas mãos.

  — Merda… — Sussurrou para si mesmo, — O-oi! — Ele olhou para cima e encontrou os olhos do estranho que já o observavam. 

 A primeira coisa que notou foram olhos castanhos amendoados. Redondos e expressivos. E… Uh. Talvez seja o primeiro cara atraente que ele viu na vida.

Ele tinha cabelo comprido, encaracolado e bagunçado, não tão bem penteado quanto o dele, mas combinava com ele. Uma jaqueta preta de couro cobria o que parecia ser uma camisa de uma banda que Steve não conhecia, tão curta que deixava seu abdômen à mostra… É. Ele não era tão comum por aqui Mesmo. E se ele for realmente honesto, o cara parecia absolutamente incrível.

— Eu vejo que não há muitos funcionários por aí hoje. E me desculpe se eu te assustei um pouco vindo do nada... Steve...? — O estranho leu em seu crachá. Sua voz soou bem dizendo seu nome. Steve gostaria de ouvi-lo o chamando com mais frequência. De preferência bem perto de seu ouvido. 

Ele percebeu que estava olhando demais e não falando nada, enquanto o outro só esperava por uma resposta e rapidamente tratou de respondê-lo, nervosamente.

  — Ah, eu estou bem... Não se preocupe. — Ele foi bem sucedido em dizer mais de duas frases sem gaguejar. Caramba. Ele percebeu. O cara deve pensar que ele é um completo esquisito. — Infelizmente meu chefe é muito rigoroso, ele sai por aí demitindo qualquer um que ele pega quebrando as "Regras que sempre devem ser seguidas, nunca quebradas'. É por isso que somos só eu e mais três… — Ele parou de falar por um momento, olhou pros lados e percebeu que sua amiga não estava por perto, e então continuou — E eu preencho este horário com Robin, que não está aqui agora, por algum motivo… nós nos separamos às vezes. —

  — Mmmh… — O estranho cantarolou e inclinou o pescoço para o lado com uma expressão engraçada no rosto. — Ele parece ser um daqueles meio coringa das ideias. Já lidei com alguns assim. Fico estressado só de pensar nisso. Você pode me dizer se eles vendem CDs antigos aqui, como Holy Diver, Paranoid...? Eu dificilmente os encontro nas lojas locais. — 

   Steve tinha certeza de ter ouvido os nomes saindo da boca de alguns clientes, ele sabia do que se tratava, mas nunca tirou um tempo para ouvir.

— Bom, você está com sorte hoje. Nossos clientes sempre estão procurando por eles e... —

  Ele olhou em volta pensativamente, tentando se recordar de onde tinha os organizado, e logo um clique veio em sua cabeça. — Acho que estão por aqui! Me siga, por favor. — 

O sol estava tinindo lá fora, ele agradeceu aos deuses por estar dentro da loja, se não, estaria lidando com o calor dos infernos que fazia naquela tarde, era realmente um terror, ao menos o ar que vinha do ar-condicionado o livrava disso. 

Quando os dois finalmente chegaram onde ele achava que iria encontrar os cds, ele percebeu que realmente não os tinha. Não hoje, pelo menos. 

O outro provavelmente viu o seu bico emburrado, porque logo estava batendo no seu ombro e o confortando. Ele só não estava preparado mentalmente pra o que vinha a seguir. 

— Ei. — Dois dedos frios roçaram seu queixo, suavemente. E tão lento quanto pareceu, tão rápido saíram. — Que tal se eu anotar o meu número e você apenas me avisar quando os tiver, assim eu posso vir aqui em outro dia os buscar…? —

Steve ainda estava completamente boquiaberto com o que tinha acabado de acontecer, foi tudo muito rápido, ele sabia que aquilo aparentemente era normal. Contato físico, hein. é NORMAL. Porém suas bochechas entendiam o contrário, elas brilhavam num vermelho carmesim, e ele se conhecia o suficiente pra saber que se tentasse dizer qualquer coisa em resposta iria apenas ser uma bagunça gaguejante pra lá de estranha. Ele apenas balançou a cabeça e se afastou um pouco do outro — Os dois estavam muito próximos um do outro.

Ele observou os dedos cheios de anéis dele anotando algo em uma folha de papel rasgada, e se perguntou de onde ele tinha conseguido isso, provavelmente ele não notou porque estava muito ocupado tendo um colapso interno. 

— Aqui está. — Ele entregou o papel em suas mãos. 

Eddie Munson. 

Meu número: XXXXXXX

— Eddie Munson… Uh. Me desculpe por tomar seu tempo, Eddie. Eu com certeza vou me certificar de… — Steve olhou pra cima e percebeu que Eddie não estava mais lá. — Puta merda, hein. Ele deve me achar um otário.