the medicine is loved

Capítulo 2

O celular de Roberta tocou pela terceira vez naquela manhã, ela ainda dormia, seu sono sempre foi extremamente profundo, Théo se parecia com ela nessa questão, os dois se preocupavam quando pensavam em ter filhos no futuro e pensarem na possibilidade de não acordarem nem com o choro do bebê.

-Beta... –Théo a balançou delicadamente- a sua mãe...está ligando... –Ele disse antes de fechar os olhos e voltar a dormir sem muita dificuldade.
Roberta olhou no pequeno relógio que tinha do lado de sua cama em uma pequena mesa branca, ele marcava 6:15 da manhã.

Ela se apressou em atender o celular, afinal, o que teria acontecido para sua mãe ligar tão cedo sabendo que ela ainda estava dormindo?

-Mãe? O que houve? –Ela atendeu.

-Filha? Que bom que me atendeu, eu estou com saudade, faz duas semanas que não aparece!

-Sim. Aconteceu alguma coisa?

-Aconteceu, eu estou com saudades!

-Mãe... –Roberta respirou fundo- você não poderia ter deixado para me ligar depois das 7:00?
Roberta se levantou e foi até a sala, ela sabia que Théo estava cansado e não quis acorda-lo novamente. Ela se sentou no sofá cinza da sala que tanto amava, aquele apartamento era o lar que Roberta sempre havia sonhado, um lar calmo, em paz, tudo o que ela sempre havia pedido para Deus.

-Roberta, como pode me pedir isso? Você não aparece e eu sou errada por ligar? Você é quem devia estar vindo atrás de mim e não eu de você!

-Mãe, não estou falando para não me ligar, estou falando para simplesmente respeitar meu horário de descanso pelo menos...

-Roberta! –Dona Fabiana a interrompeu- Desde que casou você esqueceu de nós, esqueceu de mim que tem sua mãe, você nunca vem me ver, e quando ligo parece que estou sempre atrapalhando.

- Pois sempre que liga eu estou dormindo mãe, ou não estou em casa. Eu trabalho, você sabia? Tenho uma vida, tranquila e calma, diferente do que eu tinha ai!

-Você é uma ingrata, eu e seu pai sempre te demos do bom e do melhor. Mas eu não deveria estar surpresa, você sempre foi assim, diferente de suas irmãs, sempre foi contra o que eu e seu pai achávamos, sempre questionou, eu daria tudo para você ser como a Jaqueline ou a Larissa! Elas sim, são filhas exemplares! Você só pensa em si mesma Roberta!

-Tenha um bom dia, mãe! Não ficarei ouvindo tanto desaforo!

Roberta desligou o celular antes de cair em lagrimas, aquela mistura de sentimentos que sempre a assombra a estava acompanhando naquela manhã. Esse episódio foi o menos grave que já existiu. Ela viu a silhueta de Théo se aproximar, ele sentou e a puxou para um abraço.

-Está tudo bem! –Ele disse enquanto a abraçava fortemente. –Vai passar.

-Eu só queria que eles me deixassem em paz... –Roberta falou em meio a soluços. – Minha mãe se sente abandonada, ela desconta em mim tudo isso...

-Sabe o motivo disso, meu anjo! No fundo ela não faz por mau, só busca em você a atenção e amor que não tem lá...

-Estou cansada, Théo! –Roberta se levantou. –Vou tomar um banho. Volte a dormir, ainda está cedo.

-Beta...tem certeza?

-Sim, vai! Tem que descansar! –Théo se levantou e beijou a bochecha de sua esposa.

-Eu te amo!

-Eu te amo mais. –Ele sorriu, um pouco preocupado, mas voltou para o quarto.

Roberta foi até o banheiro e ligou o chuveiro, ela sabia que isso seria a única coisa que a acalmaria, tirou seu pijama e entrou na agua quente que tanto a acalmava. Aos poucos sentia seu longo cabelo ficar completamente molhado.

Ela respirou fundo. Tentou não se lembrar dos dias que viveu em sua antiga casa.

Alguns minutos depois ela saiu do banho, Théo não havia conseguido dormir, estava na cozinha fazendo café. Roberta foi para o quarto e se trocou, olhou a sua bíblia aberta em cima da mesma mesa que ficava seu relógio.

-Às vezes fica difícil... –Ela sussurrou pegando sua bíblia- Sinto um pouco de medo de saber o propósito de tudo o que vivi até aqui...Perdão pela confusão que eu sou... –Disse ela e fechou sua bíblia.

Quando saiu do quarto, tomou uma xicara de café, Roberta era um tanto viciada em cafeína.

-Obrigada pelo café, amor. Realmente sou sortuda por te ter aqui!

-O sortudo sou eu por ter uma ferinha tão linda e inteligente como você! Mas estou atrasado. Você vai ficar bem?

-Sim! Pode ir tranquilo.

Théo se aproximou e beijou Roberta delicadamente.

-Te amo, Beta.

-Te amo, Théo! Bom trabalho! –Théo pegou suas chaves, mochila e saiu.

Roberta olhou seu apartamento, era grata pelo que tinha. Sua vida era boa, e ela era feliz, estava grata.
A mesma foi tirada de seus pensamentos quando seu celular vibrou.

"Amigaaaa, topa um café antes do trabalho?!"

Ela sorriu, pelo jeito seria uma manhã emocionante.