Ei, por que está chorando?

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Sempre fui chamado de esquisito, porém isso nunca me incomodou. Eu era aquela criança que brincava na terra, segurava insetos e amava fazer amigos.

Até hoje tenho fotos minhas, eu tinha cabelos bagunçados, joelhos machucados e meu sorriso tinha um dente faltando.

Sempre me disseram que meu charme era a quantidade de curativos coloridos espalhados por todo meu corpo. Digamos que eu nunca fui a criança que tomava cuidado, já que estava sempre machucado ou sujo de terra.

Recordando agora, acho que estava no jardim de infância quando o conheci, provavelmente tínhamos cerca de cinco anos.

Eu estava correndo atrás de uma borboleta azul no quintal da escola, sozinho. Havia perdido a noção do espaço enquanto corria atrás dela, tentando alcançá-la. Parei de correr quando vi a borboleta pousar.

Ela pousou na cabeça de um menino. Ele estava sentando segurando seus joelhos, tinha o cabelo armado e olhos azuis cintilantes. Vi uma lágrima escorrer por sua bochecha.

- Ei, por que está chorando? - Perguntei, me abaixando e inclinando a cabeça para o lado.

- E-eu machuquei meu joelho... - Ele respondeu enquanto enxugava suas lágrimas e apontando para seu joelho direito, que estava ralado.

- Hum... Ah! Espere um segundo! - Eu disse colocando uma mão no bolso de minha jardineira e tirando um curativo azul. - Aqui, me da seu joelho.

Ele inclinou o joelho em minha direção, assim eu abri o curativo e coloquei em seu joelho. Ele estava claramente tímido, mas como eu amava fazer amigos nem notei seu nervosismo.

- Pronto, agora somos parceiros de dodói! - Falei sorrindo e apontando para meus curativos, na intenção de acalma-lo.

- O-obrigado.

- De nada! Ah, mais uma coisa... - Eu abaixei e dei um beijinho no joelho dele. - Minha mãe fala que com beijinho sara mais rápido! - Falei sorrindo.

- E-eh!? - O garoto ficou vermelho como um pimentão, muito fofo.

Me questionava o porquê dele estar ali sozinho, e do porquê de ninguém tê-lo notado. Porém, fiquei alegre quando vi um sorriso tímido abrir em seu rosto de bochechas coradas.

- Qual o seu nome? - Perguntei.

- S-souya...

- Prazer, Souya! - Falei encarando seus olhos brilhantes, mas logo desviei o olhar para a borboleta em sua cabeça. - A borboleta gostou de você! Ela combina com os seus olhos, Souya!

- E-eh, combina? - Ele olhou um pouco para cima na tentativa de ver a borboleta.

- Calma, não se mexa! - Cheguei perto de Souya e, com calma, peguei a borboleta com as mãos. - Aqui, olhe!

- Ela é bonita mesmo! - Souya parecia maravilhado com a beleza do pequeno inseto. - Ah, qual o se-

- Souya, achei você! - Falou um menino muito parecido com meu mais novo amigo, porém seus olhos eram de outra cor e ele possuía um largo sorriso no rosto.

O garoto sorridente veio correndo e gritando, isso acabou fazendo com que a borboleta azul levantasse voo de minhas mãos e voasse para longe.

- Nahoya, você espantou a borboleta! - Souya disse irritado.

- Está tudo bem, Souya! - Eu disse tranquilizando-o, logo levantei e estendi minha mão para ele. - Venha! - Ele segurou minha mão e nós fomos em direção ao outro garoto.

E agora, nesse momento, eu estou em cima do altar ao lado de Souya, que está chorando. Ele está novamente vermelho e tem um sorriso fraco e bobo no rosto. Nahoya está aqui também, um pouco afastado, dando o mesmo sorriso largo de sempre.

Isso mesmo, eu estou casando com o garoto que conheci no jardim de infância e seu irmão é nosso padrinho. Hoje, agora, eu sou o homem mais feliz do mundo.

- Ei, por que está chorando?

- Porque eu te amo...

Ei, por que está chorando? ᵒⁿᵉ ˢʰᵒᵗ(souya kawata)Onde histórias criam vida. Descubra agora