Capítulo 2

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   Antes da hora do intervalo toda a escola já estava sabendo de meu encontro com Bruno. Alguns olhares e comentários me seguiam vindos de alguns poucos inúteis que ainda se incomodavam com sexualidade alheia.

   Meu celular vibrou em meu bolso e o peguei por puro hábito de sempre retirar as notificações da minha tela na hora em que chegavam.

   Meu celular vibrou em meu bolso e o peguei por puro hábito de sempre retirar as notificações da minha tela na hora em que chegavam

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   Não me admira que o Eduardo tenha ficado sabendo de algo mesmo sem estar na escola. Ele sempre era o primeiro a saber de tudo que acontecia naquele inferno, mesmo que nunca se metesse em nada.

   A língua solta daquele puto do Bruno me obrigaria a tomar cuidado redobrado quando fosse capturá-lo. Saber que aquele merda estava me usando para se gabar na escola me deixava com ainda mais nojo.

   As horas se arrastavam durante as aulas. Por diversas vezes abri minha mochila conferindo tudo o que havia lá dentro e o que poderia ser utilizado para torturar aquele merda. A ansiedade e a empolgação de saber que finalmente eu realizaria o que passara os últimos anos sonhando tornava impossível controlar o crescente sorriso que aparecia em meus lábios e o constante balançar de minhas pernas.

   Bruno e seus amigos me encaravam com seus olhares arrogantes, provavelmente acreditavam que meu comportamento era o nervosismo de ter sido escolhido para ser mais um na longa lista daquele garoto. Eles me olhavam como se fossem criaturas famintas e eu fosse um banquete em uma mesa. Seria delicioso arrancar aquela expressão nojenta do rosto daquele verme. Melhor do que isso seria somente se eu pudesse arrancar o rosto de todos eles e criar uma bela coleção.

   Passei cada torturante segundo daquela manhã visualizando as inúmeras formas que eu poderia utilizar para tornar as últimas horas de Bruno piores do que o inferno jamais será. Eu me lembrava com detalhes de cada podcast ouvido e cada livro lido sobre o ToyBox Killer e sobre o Night Stalker, eu não tinha a pretensão de ser tão grandioso quanto eles já que cometeram inúmeros assassinatos até atingirem as técnicas perfeitas e eu faria tudo apenas uma vez. Talvez eu conseguisse a fama de Issei Sagawa, mas não me atreveria a comer nenhuma parte daquele lixo.

   O sinal da saída finalmente tocou, arrumei minha mochila o mais rápido que pude e fui para perto de Bruno. Os alunos que ainda estavam na sala me encararam com olhares que não prestei atenção o bastante para saber do o que queriam dizer.

    - Uau, alguém está com pressa.- Júlia disse rindo para Bruno, o mesmo fingiu surpresa em me ver parado tão perto. - Seu "filhote" novo está te esperando, Bruno. Pare de fazê-lo esperar.

   Bruno olhou com malicia para Júlia e sorriu satisfeito antes de segurar minha mão e começar a me arrastar pelos corredores da escola. O resto do grupo vinha logo atrás sussurrando comentários sobre como eu parecia um cachorrinho esperando ele e como era fofo toda a ansiedade que fiquei durante a manhã.

   - Parte meu coração saber que o Bruno é quem vai tirar a virgindade desse filhote. - Ouvi Júlia sussurrando. - Eu daria qualquer coisa para ver a carinha de perdido dele quando chegar a hora de fazer alguma coisa... Será que o Bruno filma se eu pedir?

   O celular de Bruno vibrou e ele imediatamente tirou o aparelho do bolso. Ele sorriu de canto e, com uma mão, digitou a palavra "sim''. Eu não precisava saber o que estava escrito na mensagem para saber que ele havia concordado em gravar a transa que acreditava que teríamos. Senti vontade de gravar enquanto torturasse aquele verme e mandar para Júlia, mas isso faria minha diversão acabar antes da hora.

   A pressa em que Bruno me arrastava quase me fez tropeçar em meus próprios pés. Eu não estava acostumado a ser puxado por corredores enormes. Assim que chegamos à frente da escola fui obrigado a parar em frente ao portão, Júlia e as outras garotas se reuniram ao nosso redor e nos encararam com enormes sorrisos estampados nos rostos. Eu já previa o que iria acontecer então optei por não resistir e não acabar com meu plano.

   Bruno me segurou pela cintura e puxou meu corpo junto ao seu fazendo com que permanecemos colados durante aquele beijo visualmente exagerado e cheio de mãos apressadas percorrendo meu corpo enquanto me apertavam e puxavam meu cabelo com uma força desnecessária na nítida intenção de tentar me fazer gemer. Júlia e suas amigas gritavam e aplaudiam atraindo a atenção de todos ao redor para que nos olhassem durante aquela cena desprezível.

   - Ta bom, ta bom. Já chega dessa palhaçada. - A voz da supervisora do pátio da escola soou estridente em meio à algazarra dos alunos. - Ainda estão na propriedade da escola, parem como essa pouca vergonha imediatamente.

   Bruno me soltou e fez um movimento teatral limpando a lateral da boca com o polegar e sorriu para Júlia antes de segurar minha mão e voltar a me puxar enquanto nos afastamos da escola.

GabrielOnde histórias criam vida. Descubra agora