- Gabbeeeee. - Bruno chamava meu nome com uma voz exageradamente manhosa. - Você disse que sabia de um bom lugar para me levar, mas até agora só está me fazendo andar.
- Quero ficar em um lugar privado com você. - Respondi com o tom mais animado que consegui. Eu precisava fazê-lo confiar em mim. - Estou te levando para o meu lugar secreto.
- Lugar secreto? - Ele me olhou com malícia. - O que você faz de tão secreto em um lugar isolado assim?
- Ah... você sabe. Coisas que demandam tranquilidade.
- Talvez você não seja o filhote que todos nós pensamos, Gabbe.
O fiz andar pelas ruas por pelo menos quinze minutos enquanto o distraia e me certificava de ele não percebesse que estávamos passando perto do antigo cemitério da cidade antes de adentrarmos na mata. Para minha "sorte" Bruno adorava falar sobre si mesmo e sobre as coisas estúpidas que as pessoas já tinham feito para ter sua atenção, eu só precisava demonstrar um mínimo de interesse às vezes para mantê-lo tagarelando.
- Estou ficando cansado de andar, Gabbe. - Seu tom de voz era o mesmo que o de uma criança mimada que estava impaciente. - Principalmente no meio de todo esse mato.
- Estamos quase chegando. Prometo que vai ser incrível. - Acariciei-o e me forcei a beijar aquela boca asquerosa mais uma vez.
Durante meia hora, que pareceu se arrastar tanto quanto toda aquela manhã infernal, consegui distrair Bruno enquanto adentravamos cada vez mais fundo na mata até que finalmente avistei a casa abandonada que eu frequentava quando queria ficar sozinho.
- Você é gostosinho, mas eu não vou entrar nesse lugar imundo, cheio de aranhas e sei lá quais outros animais.
Seu rosto estava com um olhar de desprezo por mim e pelo local onde eu nos levara. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, o garoto virou as costas para mim e começou a fazer o caminho de volta.
- Espero que você esteja logo atrás de mim. - Seu tom de voz voltou a ter toda a arrogância de costume. - Se eu me perder aqui ou algo acontecer você está ferrado, aberração.
Aproveitando-me de seu descuido enquanto olhava para o celular procurando sinal, segurei sua boca com uma de minhas mãos garantindo que meu cotovelo estaria imobilizando um de seus braços enquanto o outro braço segurava seu corpo com força suficiente para que ele não fosse capaz de se soltar. Bruno se debatia e soltava gritos que eu conseguia abafar perfeitamente, senti algumas lágrimas quentes escorrerem de seus olhos e pararem em minha mão.
- Não quer conhecer meu lugar secreto? - Bruno resistia enquanto eu o puxava em direção à casa. Era provável que toda aquela força que eu exercia vinha da grande onda de adrenalina em meu corpo. Eu não tinha força suficiente para arrastar alguém quase com o mesmo peso que eu. - Eu prometi que seria incrível, lembra?
Assim que meus pés tocaram o piso quebrado da casa abandonada apertei o nariz da minha vítima com força garantindo que não houvesse chance de ele respirar. Em menos de dois minutos o garoto preso em meus braços parou com seus espasmos e soltou seu corpo mole e pesado em meu abraço enquanto era arrastado para o banheiro da casa, o único cômodo que ainda possuía porta. Utilizando os cadarços do tênis de minha própria vítima, amarrei suas mãos em suas costas com diversos nós e voltas que tornaram aquele emaranhado de fios impossíveis de retirar sem algo para cortá-los. Utilizando meus dentes e minhas mãos arranquei tiras da camiseta de Bruno e amarrei-lhe as pernas de forma apertada o bastante para que ele não pudesse movê-las individualmente ao acordar, com uma tira que sobrou fiz-lhe uma mordaça apertada que o impedia de mover a língua e os lábios de forma eficiente para formar alguma palavra.
- Se comporte, filhote. - Falei enquanto contemplava satisfeito o garoto preso à minha frente. - Vou buscar algumas coisas para nos divertirmos juntos. Não acorde até eu voltar.
No caminho para minha casa joguei o celular de Bruno dentro de um bueiro o mais próximo possível da escola. Ninguém iria rastreá-lo até mim.
Cheguei em casa e chamei meus pais já sabendo que eles estariam no trabalho àquela hora. Enviei uma mensagem para minha mãe falando que iria andar de skate e não teria hora para voltar, desliguei meu celular e o joguei embaixo da cama. Separei uma muda de roupa limpa, meus canivetes, isqueiros, cigarro, um cantil de bolso que eu sempre enchia com alguma bebida barata e uma pequena bolsa com coisas que uso para fazer curativos nos meus machucados de quedas. Fui até o quarto de minha mãe procurando por dinheiro guardado nas gavetas e me deparei com um par de algemas e algumas camisinhas.
- Deus, isso é nojento. - Tentei afastar os pensamentos de meus pais transando, mas as lembranças da vez em que ouvi minha mãe gemendo quando fui ao banheiro voltaram fazendo meu estômago revirar.
Coloquei a algema e as camisinhas dentro da mochila com as outras coisas e desci para a cozinha. Enchi o espaço restante com bolachas, salgadinhos, garrafas de água e latinhas de refrigerante. Antes de sair de casa passei na garagem e peguei algumas correntes grossas que usávamos para prender nosso antigo cachorro e algumas ferramentas de meu pai que poderiam ser úteis. Com a mochila já pesada subi no skate e fui por um caminho diferente do que eu havia vindo, mesmo sabendo que meu caminho atual teria menos descidas e isso me atrasaria alguns minutos.
Ao me aproximar da casa abandonada comecei a ouvir os gemidos de Bruno e barulho de batidas nas paredes. Pelo lado de fora da casa comecei a dar chutes e a arrastar a lixa do skate nas paredes, o barulho do lado de dentro diminuiu para um leve choramingar quase inaudível.
Entrei na casa andando da forma mais silenciosa que consegui. Parei em frente ao banheiro e ouvi o choramingar de Bruno no outro lado. Aquela onda de excitação voltou a tomar conta do meu corpo como se agulhas microscópicas entrassem em cada um dos meus poros.
Abri a porta e me deparei com Bruno amarrado da mesma forma que eu o havia deixado. Seu rosto estava repleto de catarro e lágrimas que continuavam a sair descontroladamente enquanto espasmos de soluço faziam seu corpo dar pequenos pulos.
Senti o sorriso que se formara em meu rosto ficar cada vez maior à medida em que entrava no pequeno cômodo e me aproximava da criatura patética deitada no chão à minha frente.
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Gabriel
HorrorGabriel era um garoto com a vida mais normal e padrão possível de se ter. Seus pais sempre o mimaram e foram amáveis com o garoto educando-o para que crescesse uma boa pessoa. E isso era o que todos pensavam que ele era. No interior de Gabriel havia...