ONE

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Caro leitor. Não.

Clichê.

Então... dedico à vocês, meus leitores, essa carta que fiz enquanto chorava no meu quarto. Mais uma vez. E outra também.

Dedico essas palavras amarguradas, carregadas de mágoas enraizadas em mim, a pessoa que me fez de bobo mais uma vez e era por essa pessoa que eu seria o palhaço mais engraçado do circo novamente.

Essas palavras foram difíceis de serem escolhidas. Foram difíceis se serem colocadas em ordem para que um completo idiota pudesse lê-las e compreende-las, para assim, colocar um fim neste show de palhaçadas.

Em meus 25 anos de vida, seis longos e tortuosos anos, me dediquei a esse amor que -o agora famoso- Kim Taehyung dizia sentir por mim. Me amava inteiramente, dos pés a cabeça: palavras dele.

Um show completo.

E eu era a atração principal.

Depois que ele pediu minha mão em namoro, minha vida mudou. Tudo ficou estranho. Ninguém me olhava mais como antes. Como puderam? Eles adoravam fazer com que eu me sentisse a pior das pessoas ou apenas não gostavam do show.

Kim Taehyung. Seis anos mais velho que eu. Seis anos mais vivido que eu. Seis anos à mais. No primeiro ano de namoro, tudo era como algodão doce, derretia na boca e era doce.

Aliás, ele me chamava assim também. Sweet.

E eu odiava doces.

No segundo ano de namoro, comecei a sentir que deveria me entregar de corpo e alma para aquele que jurou a mim um conjunto de palavras bonitas e singelas carícias que mais tarde evoluíram para toques nojentos. Mas estava tudo bem, né?

Era meu namorado.

Eu o amava.

E ele também.

Era tudo parte do show dele e só agora podia perceber. O terceiro e o quarto ano com ele foram bem estranhos. Os toques antes sutis, agora eram fúteis, voláteis de acordo com o seu humor ou vontade e eu? Era apenas o recipiente. Me enchia com esperanças de um dia ser amado novamente como no primeiro ano, como um dia ele prometeu, sussurrando no meu ouvido que eu era aquele: "um em 7 bilhões".

Mera miragem.

Bobagem a minha ter acreditado em tudo.

No nosso último ano, você quis me privar de tudo e todos. Eu era o seu maior troféu e ao mesmo tempo, era aquele que ficava no fundo do seu armário, aquele que dizia: "Babaca maior". O que eu sentia era o vazio. O nada. Passei a me amar menos, comecei a te idolatrar mais e me colocar a mercê de suas vontades e desejos nojentos.

Entendia ou fingia que entendia, aquelas palavras chulas ditas a minha pessoa quando algo que fazia não lhe agradava, entendia aqueles tapas que me dava quando levantava a voz para você e entendia que eu tinha que ficar quieto para você descontar seu prazer em mim.

Como fui idiota.

O maior palhaço de todos.

Quando finalmente tive uma luz no final daquele túnel de seis anos, você quis tira-lo de mim a todo custo e maneiras diferentes. Aquela luz brilhava tanto. Me deixava feliz, me deixava animado, me deixava eufórico como nunca tinha ficado antes. Park Jimin o nome daquele que também me fez juras de amor e disse que alguém como eu, ele nunca tinha encontrado.

Nem entre as 7 bilhões de pessoas no mundo.

E olha que ele já viajou para mais de 74 países.

Quando tive coragem de dar um fim para aquele longo relacionamento falso, formado por mentiras e interesses, você não aceitou bem. Fez juras de amor. Fez promessas que não iria cumprir. Fez ameaças que não condiz com a sua pessoa. Me fez ter medo. Me fez quase perder a luz que tanto procurava na minha vasta escuridão.

Teve de ser ele.

Ele tinha que tentar algo.

Ele queria apagar minha luz e mais uma vez, aquela atitude não condizia com ele e longos dias, semanas e meses se passaram e ele finalmente conseguiu entender que eu era realmente um em 7 bilhões, mas eu não era o número um para ele. Não para ele. Nem para mim.

E quanto entendi que tudo realmente tinha acabado, doeu. Doeu pra caralho. Mas o processo de recuperação tem que existir a dor, o choro, o arrependimento e finalmente a cura. Me curei de você. Me curei daquilo que um dia me fazia bem. Me curei.

Achei na minha luz, a paz que um dia eu procurei incansavelmente. Hoje eu posso dizer que Park Jimin me curou. Hoje me sinto a pessoa mais sortuda do mundo.

Park Jimin se tornou meu um em um bilhão.

Dedico essa carta a minha luz. Ela nunca se apagou, iluminou meu ser e transformou a pequena largata que estava no meu estômago em borboleta. PJM.

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⏰ Última atualização: Jun 27, 2022 ⏰

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