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minha casa estava cheia de pessoas que eu mal conhecia, mas vinham a cada instante me parabenizar por eu ter passado em primeiro lugar na faculdade de medicina de uma das universidades mais famosas de São Paulo.

- Fiquei muito feliz quando seu pai me ligou hoje pela manhã, senhorita Marina. - Um homem que vestia terno de grife dizia ao lado de sua mulher que esbanjava elegância. - Essa é uma nova fase da sua vida, parabéns.

- Obrigada. - Sorri como agradecimento. Eu já havia agradecido milhares daquelas pessoas que rodeavam a mansão e nem se quer sabiam direito meu nome.

- Senhorita Marina, aceita alguma bebida? - Um dos garçons apareceu na minha frente segurando uma bandeja enorme onde continham várias taças com bebidas de todos os tipos.

- O que tiver de mais forte, por favor. - Ele me olhou estranhamente e eu tinha quase certeza que era por conta do meu pedido, mas logo assentiu me entregando um pequeno copo, com o que julgo ser whisky e eu o desejei tomar em um só gole, mas provavelmente dona Luiza me mataria por estar sendo tão mal educada em publico.

- Querida, se aproxime de nós, por favor. - A voz do meu pai ecoou pelo ambiente e lá era a hora de eu esbanjar sorrisos falsos. Ótimo. - Meus colegas de trabalho querem te parabenizar.

- Oh, obrigada. - Sorri abertamente para todos.

- Não são todos os dias que passamos em uma faculdade tão desejada como a sua senhorita. - Um deles falou.

- Puxou ao pai. - Meu pai dizia com tanto orgulho.

Não achem que o meu pai é médico, de forma alguma, fora de cogitação. Ele trabalhava com eventos importantes, ajudou a produzir diversos discos famosos do mundo sertanejo. Havia uma equipe enorme por trás disso tudo e ele era o produtor. Lá rolava muito dinheiro em diversos aspectos, meu pai ainda achava que eu era inocente nesses assuntos, porém não me esqueço nunca os assuntos dele referente à mídia, o campo da música é como um campo minado: em cada passo uma bomba, ainda mais para aqueles que estão na boca do povo e era exatamente com esses que meu pai trabalhava.

Minha mãe permanecia no seu grupo de mulheres fúteis, assim como ela. Não ache que eu a odeie, isso seria ridículo da minha parte já que ela foi uma mulher boa por ter me gerado e cuidado de mim sempre tão bem, mas agora comigo e com a minha irmã Livia já grandes o suficiente, a única coisa que saia da sua boca era as diversas roupas novas que ela comprou ao passar o dia inteiro no shopping ou a nova marca de esmalte que saiu e ela foi uma das primeiras a estrelar. Minha irmã tinha apenas 12 anos e estava se tornando uma
pequena Luiza, mas não a culpo por isso, minha mãe a leva em todos os lugares aonde vai e qual menina não iria gostar de passear ao shopping e ir ao cabeleireiro
quase todos os dias?

Já fui da época onde minha mãe passeava comigo em todos os cantos, mas desde meus 18 anos decidi querer ser médica e sempre tive o apoio dos meus pais, graças a Deus isso nunca me faltou. Então, eu estudava em período integral e o tempo livre que eu tinha era pra
dormir ou estudar ainda mais. Assim foram pelos últimos 5 anos, me privei de quase todas as minhas amizades, mantendo contato diariamente apenas com Liz e Manuela, minhas duas
melhores amigas atualmente. Liz também havia passado na Universidade junto comigo, já Manu ainda aguardava resposta.

- Querida, temos uma surpresa pra você. - Meu pai disse em voz alta enquanto vinha na minha direção. Todos os olhares da festa estavam sobre mim e eu
odiava isso, odiava ser o centro das atenções. - Você sempre me cobrou tanto por eu trazer essas duas mulheres em casa ou que te levasse a um show. Acho que finalmente os anjos ouviram suas preces. - Ele riu, levantando o seu copo do whisky mais caro. - Pode deixá-las entrar. - Ele pediu aos seguranças que permaneciam na frente da porta de entrada da mansão e que imediatamente abriu as grandes portas.

Oh céus, eu conhecia tão bem aqueles sorrisos, mas especificamente o da morena diversas vezes foi considerado o mais lindo dentro da minha cabeça. O seu cabelo estava alinhado de forma tão perfeita que eu podia jurar que era mentira, ela inteira era esculpida por anjos. Sua roupa estava impecável, jaqueta de couro seguida por uma calça justa que deixava suas pernas extremamente marcadas. Ela usava um óculo de sol mesmo sendo de noite e aquilo me deixou um pouco revoltada porque eu queria tanto ver os seus olhos. Sua língua passou preguiçosamente sobre seus lábios carnudos e avermelhados, molhando-os no mesmo instante. Ela não sabia, mas aquilo me deixava um tanto quanto louca.

- Maiara e Maraisa? - Perguntei tentando raciocinar toda aquela ideia.

Daylight (ADAP)Onde histórias criam vida. Descubra agora