A Praga na Escuridão

Sinopse

O dia maravilhoso em San Valoran está apenas começando, o sol abre caminho sob a escuridão, as pessoas saem de suas casas para os afazeres cotidianos, uma garota de cabelos lisos marrons como a cabeceira da janela em que escora enquanto toma o chá frio enrolada na coberta, esta sim é a rotina perfeita para a bióloga. O cheiro reconfortante aquece o coração ainda mais do que o cobertor jamais poderá esquentar, já que foi preparado por Amélia, sua querida e amável Amélia.

O último gole soou azedo, como se algo ruim estivesse para acontecer. Os olhos castanhos procuraram alguma resposta, mas nada parecia que iria mudar, o silêncio que ora interrompido por conversas na rua, ora por passos de Amélia pela casa, foi barrado pelo dispositivo de urgência do laboratório, emitindo um grande holograma na mesa da sala repetidamente - Atenção todos Biólogos do Laboratório Stacey, desloquem-se para a unidade mais próxima para uma reunião urgente de grau vermelho.

Lacey conhece esses alarmes muito bem, sendo um desses que a anunciara a epidemia de uma bactéria em 2770, cujo demandou um isolamento completo por parte de todos e um esforço sufocante para contenção. Mesmo que comum de acontecer contaminações na região, Amélia não deixou de correr e abraçar seu amor, a xícara trêmula em suas mãos e os olhos focados na projeção de uma mulher pelo holograma, tentam processar o que está prestes a descobrir. Então, os sempre olhos desconfiados observam amedrontados - Não quero ir, temo ser algo tão ruim que não poderei conter.

Amélia a apertou ainda mais - Por favor, só vamos embora.

Essa pergunta, disfarçada de uma afirmação, é feita por muito tempo. Mas Lacey é mais fiel ao seu trabalho, há um grande motivo para ser - Não posso deixar minha cidade na mão, meu amor. Espero que entenda - Ela coloca a xícara no balcão da janela, próximo das flores e se soltou do abraço. - Não fique chateada comigo, vou te ligar, só... Só estou com medo.

Imediatamente, pegou seu jaleco pendurado na cadeira próxima da porta, as chaves do carro e olhou uma última vez para a desolada Mel, maneira carinhosa a qual se refere à namorada. - Eu amo muito você, querida, e esse trabalho garante que fiquemos saudáveis por aqui, sabe o porquê faço isso.

- Sim, eu sei. Eu também te amo - Mas sem o sorriso de volta que costuma alegrar o dia antes do serviço no laboratório.

- Não deve ser algo tão ruim não é? Teriam me ligado. - Lacey diz a si mesma ao parar no semáforo. - Faradel, acesse as ligações perdidas. Não deve ter nenhuma, eu teria visto.

O assistente online do veículo anuncia o contrário - Seja bem vinda Lacey, há neste momento dez chamadas perdidas de: Luísa às 21:00 de ontem e Jacob às 06 horas da manhã de hoje. Pretende ligar de volta?

O espanto foi tanto que o sinal se abriu mas Lacey não saiu do lugar, ao contrário, pegou seu celular e percebeu estar descarregado. Sua busca pela bateria reserva era pressionada por buzinas atrás - Dane-se! - Exclamou e acelerou o carro o mais rápido que pôde para sair logo deste estado de desespero, mas o sinal fechou assim que saiu mantendo a fila enorme na rua de mão única antes do cruzamento.

Seguindo o trajeto até seu laboratório e buscando vez ou outra pela bateria, ouvindo as notícias do clima e de bom dia do assistente, chegou ao destino. Se deparando com o estacionamento lotado, é final de semana e a maioria devia estar de folga - Para todos receberem o aviso, não é coisa boa. Faradeus*.

Antes de fechar a porta, bem embaixo de seu banco, está a bateria reserva. Lacey conecta em seu celular às pressas aguardando a tela que exibiria as mensagens e ligações perdidas: 00% de Bateria, pretende carregar? - Argh! Fala sério! O que fiz que as duas estão descarregadas? Dane-se, melhor ver o que aconteceu.

Cumprimentando o vigia e porteiro, seguiu pelos corredores brancos e isolados até a sala de reuniões, onde todos os pesquisadores do Laboratório estão.