Capítulo 13

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***

Malcolm acorda com o reflexo da luz, entrando pelas fendas na rocha. Ele ainda esta nos braços de Sophi, que dorme calmamente. Se apoiando em seus cotovelos, ele se levanta um pouco. A água subiu um pouco mais o nível, quase chegando em seus pés.

— Ellen? Acorde, precisamos subir mais um pouco.

Sophi abre os olhos assustada, com respiração rápida.

— Meu Deus o que foi, o que aconteceu?

— Ei, se acalme. Desculpe, te assustei.

Malcolm segura em sua mão, e seus olhos se encontram. Ela acena com a cabeça, confirmando que está tudo bem. Se ajudando, eles sobem mais um pouco, agora próximos ao teto.

— Ainda temos esse bolsão de ar.

Sophi afirma.

— Se não fosse as fendas, não demorariamos a ficar sem oxigênio.

O Professor completa. Os dois compartilham algumas barras de cereais e bebem água, ainda das garrafinhas que Sophi tinha em sua mochila. Não sabem se aquela água trazida pela chuva é portável. Malcolm sentem as mãos de Sophi em sua testa.

— Não está mais com febre.

— E nem com frio.

Ele afirma a completando.

— Obrigado por ter cuidado de mim. E me desculpe por te ditos coisas ontem, a febre faz isso com a gente.

— Você não disse nada demais, apenas o que estava guardado aí dentro.

Sophi boceja, enquanto arrara seu cabelo em um coque alto.

— Parece cansada, não deve ter dormindo bem não é?

— Uhmn.

Malcolm se arruma.

— Deite aqui, e não se preocupe, eu fico de olho. Descanse.

Sophi deita, apoiando sua cabeça em uma das coxas do professor e fecha seus olhos. Mas não dorme de imediato, antes seus pensamentos viajam novamente sobre o que ouviu de Malcolm a noite anterior. Ele a deve amar muito, como uma garota como eu poderia ter alguma chance com ele. Sou uma. Idiota sonhadora. Sophi adormece.

O professor pega sua mochila, pega sua carteira, e tira a foto que sempre leva junto consigo. A saudade ainda dói, mas ao olhar para está foto, percebeu que doeu um pouco menos do que a última vez que olhou a foto. Ele olha Sophi, que dorme em seu colo. E lembra das sobre o que Dom disse sobre recomeço.

Malcolm guarda a foto em seu lugar a anos, e volta com a carteira na mochila. Seus dedos deslizam, tirando alguns fio de cabelos do rosto Sophi.

— A gente precisa sair daqui.

Ele diz baixinho, como um sussurro. Malcolm pensando que Sophi ainda dorme, continua falando consigo mesmo.

— Eu ainda espero a sua verdadeira reposta. Porque me beijou?

Perguntou sem achar que haveria resposta.

— Só consegui não resisti.

— Desculpe, achei que estava dormindo.

— Estava. Mas... Na verdade o tempo todo luto comigo mesma, pra não pular em sua boca.

As palavras que saem da boca de Sophi atinge o peito de Malcolm de modo estranho pra ele, porque simplesmente não consegue explicar o que é.

— Continue não resistindo.

Ela levanta, cruzando seus pernas e sentando ao seu lado.

— Ellen, sobre o que comecei a dizer aquela noite, antes de me expulsar...

— Malcolm, não! Não sou um tipo de mulher pra você. Olha você, e olha para quem sou.

Ele sabe onde Sophi quer chegar, o que ela quer dizer.

— Eu professor. E você minha aluna do primeiro ano. E confesso, é com isso que estou preocupado. Há, e quanto anos você tem?

Ela o encara.

— Você não pode estar falando sério?

— O quê? Não, você não é menor de idade, é?

— Ra ra ra.. Muito engraçado.

— Então? Sua idade...

O professor pergunta novamente.

— Vinte e um.

— Cristo. Uma criança.

Ele diz irônicamente passando suas mãos por seu cabelo.

— Sem essa. Já mostrei do que sou capaz de fazer com a boca, precisa ver o resto.

— Helvede! (inferno)

Sophi sorri com Malcolm xingando em dinamarquês.

— Fica sexy falando em dinamarquês, mesmo xingando.

Ele a olha de canto de olho.

— Não sei porque se importa com a idade, ou porque é meu professor. Se o que realmente o complicado aqui é o que faço nas noites.

— Porque sempre trás isso a tona Ellen?

— Por quê? Eu deveria perguntar pro que foge desse assunto? É o que sou Malcolm.

— Eu fugir? Quando? Olha, eu sei bem o que faz quando é Sophi. Mas isso não me impede de...

Malcolm não continua. Ele sabe o que está sentindo por Sophi, ela sabe o que ela o causa. Mas não quer admitir, ou tem medo disso. Enquanto Sophi, não quer se iludir e criar expectativa.

Ela desvia seu olhar do professor, piscando algumas vezes. O que ela poderia querer? Um princípe em um cavalo branco, que a aceitasse como é, aceitasse seu passado, e a tirasse da vida que leva?. Não posso ser tão ingênua assim.

Arrumando sua mochila, Malcolm se deita, virando para o lado oposto de Sophi, que faz o mesmo. Talvez não seja o momento certo para falar sobre certas coisas.

***

Mais tarde. Estômago de Sophi ronca de fome. Sobrou apenas mais uma barra de cereal e meia garrafa de água. Ela parte ao meio...

— Coma, deve também estar com fome.

Malcolm olha na mão de Sophi.

— Tudo bem, coma você.

— Teimoso, abre a boca.

Ela força um pedaço da barra de cereal em sua boca. O último.

— Já estamos aqui há mais de vinte e quatro horas. Parece que parou as chuvas, mas a água não está abaixando e...

A voz de Sophi foi ficando cada vez mais trêmula, até sumir.

— Ellen, não se desespere. Eles darão um jeito, só precisamos ficar firmes.

— Normalmente sou otimista, mas isso aqui foi longe demais Malcolm. Você não está bem, olha como sua perna está inchada, sei que está com dor. Não temos mais o que comer, e a água portável acabou.

Malcolm a puxa para ele, apertando Sophia contra seu peito. Finalmente a garota durona desaba.

— Não quero morrer Malcolm, não quero que as coisas acabem assim.

Ela chora compulsivamente.

— Se acalme Ellen. Pode não ser grande coisa mas, estou aqui com você, não está sozinha. Então se acalme tá bem?!

Sophi enfia ainda mais seu rosto no peito de Malcolm, enquanto seus braços a envolve mais e mais. Ao dizer que ela não está sozinha, Malcolm não fazia ideia do que uma simples frase, significava pra Sophia. Ela esteve a vida inteira, sozinha.

— Vamos passar por isso, você vai ficar bem, eu prometo.

Ele a beija na testa. E como uma criança de tanto chorar ela adormece. O professor se deita o mais devagar possível, a deixando ainda sobre seu peito.

Continua..

O Professor e Sophi. Onde histórias criam vida. Descubra agora