A Praga na Escuridão

O Shopping

Horas Antes do Acidente no Hospital.

Jennifer resmunga em seu mini laboratório enquanto aplica uma seringa com o que, segundo ela, funciona como a cura para o príon.

- Se funcionou no rato, funciona em mim. Agora sim poderei revelar meu sobrenome e mostrar a papai que posso sim manter a reputação da família mesmo sendo bióloga. Quero só ver a cara de Jacob quando perceber ter me passado para a tarefa errada.

Permanecendo na cadeira para ver como seu corpo reage, não percebe o tempo passar. Logo, sua visão escureceu e o corpo pendeu para frente, acertando uma mesa e derrubando os frascos que iria exibir quando comprovasse sua teoria, sua visão ficou turva e não demorou até escurecer, o refluxo atacou forçando a garota a pender o corpo para frente para vomitar. A forte dor de cabeça desperta a garota duas horas depois, ao tentar levantar suas pernas falham. Pensando ter feito a maior besteira em sua vida, a bióloga desaba em pranto. Aos poucos recuperou os sentidos e conseguiu levantar, enxugando as lágrimas e procurando as amostras, chutando a cadeira, frustrada ao perceber que todas foram quebradas deixando o líquido arroxeado espalhado pelo piso branco - Deveria ter guardado nos cilindros de aço, sua burra - Apoiando-se sobre a mesa percebe alguma chamada perdida do laboratório por meio do holograma que expandiu.

- Retomar chamada - Jennifer diz lentamente - O que foi, Jacob?

- Preciso de...Caramba que cara é essa?

Jenni não notou, mas sua expressão é de completa derrota.

- Não importa, preciso de você aqui agora. Vamos examinar um lugar que parece estar contaminado até mesmo antes da nossa descoberta. Talvez seja a fonte de tudo, quando chegar vamos dar mais detalhes.

Embora consiga andar, seu corpo parece travado. Imóvel, melhor dizendo. Ao chegar no laboratório apresentava uma febre alta, o suor escorre pelas têmporas molhando seu traje preto. Mesmo assim, por não apresentar sintomas da doença, foi mandada para a missão.

O Shopping do Sol Poente era uma grande atração turística durante a construção de Valoran, mas com o tempo deixou de lucrar e foi abandonado tanto pela distância quanto por falta de lojas interessantes - Já que o Shopping Estadual de Valoran, no centro da cidade, tomou os holofotes. Deixado de lado completamente fechado, tudo que lá dentro estava embolorou. Deixando o tempo moldar o bolor que foi tomando conta do lugar, bastava um único microrganismo aparecer e sofrer a mutação necessária para os moradores de rua que ali ficaram virarem os andantes, ou infectados. Trancados num único lugar quando o sobrevivente da "gripe dos pedintes" fugiu enquanto dormiam cerca de trinta mendigos no shopping. Esse sobrevivente fechou com tábuas e móveis a única entrada que tinha - A porta dos fundos dos funcionários. Selando o lugar e mantendo ali, aprisionados por quatro anos os mendigos, rastejando em busca de alimento num ambiente escuro, sombrio e dominado por esporos, aguardando pacientemente até alguém explorar as profundezas e libertar os esporos e as aberrações moldadas por ele.

- Uuurgh!.... - Jennifer resmunga pelo chacoalhar do helicóptero.

- Justo hoje? - Arthur zomba da amiga como se tivesse comido algo errado no dia anterior - Se bem que falam do X-Podrão daquela lanchonete mesmo.

- Não enche, o balançar desse maldito helicóptero tá piorando.

- Nem chegamos, o bagulho deve tá feio lá dentro - O piloto quebra a expectativa de um dia melhor.

- Me dá essa sacola! Rápido!

- Que nojo, Jennifer! Puta merda.

Ao chegarem no local, Jennifer se sentia um pouco melhor. Quieta, questiona se o que está sentindo é sinal que está fazendo efeito positivo ou negativo.