Aliados

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Todos estavam abrindo caminho para Lagertha. Seu exército batia palmas para a escudeira e a olhavam com orgulho, gritavam seu nome e balançavam seus machados ao ar, vibrando na presença dela. Maeve os olhava com atenção, compreendia tal fama do rei Ragnar e agora da Lord Insgstad, o quanto seus parceiros eram leais e lutavam por ela. Era a mesma lealdade que seu pai, Galhard, tinha com o rei Bryan. A jovem ruiva estava no meio da multidão, observando tudo atentamente. Seu rosto ainda estava sujo de sangue daquela pequena batalha, assim como suas roupas.

Todos pararam com o barulho quando a rainha Aslaug se aproximava deles segurando uma espada e se aproximando mais ainda de Lagertha. Maeve sentia a tensão das duas de longe e de como elas se encaravam. Se perguntava se a rainha já sabia que aquela invasão ocorreria e na calmaria que Aslaug passava, sem se preocupar com o que acabara de acontecer.

— É estranho, Lagertha, que você seja a usurpadora. Uma mulher contra a outra não conduz nenhum pouco com sua reputação — Aslaug disse com um tom sarcástico na voz.

— Eu nunca fui a usurpadora, sempre a usurpada. Você roubou meu marido, meu mundo e minha alegria. O fato de ser mulher é irrelevante. — Lagertha afirmou colocando sua espada em seu cinto.

— Eu não roubei seu marido, ele escolheu ficar comigo.

— Ele não escolheu. Você é uma bruxa e o enfeitiçou. — Lagertha disse encarando Aslaug.

Maeve passava seus olhos para as duas e com aquela afirmação de Lagertha, ficou ainda mais confusa. Não era preciso pensar mais para saber que as duas não se suportavam e era notório que aquilo acabaria em morte de uma delas.

Maeve olhou em volta e viu a imagem de um homem velho, cujo seu manto era preto que cobria até a sua cabeça, usava um cajado como bengala, feito de madeira. Não possuía olhos, pois eles estavam deformados, só tinha nariz e sua boca, onde seus lábios eram escuros. Mesmo não possuindo olhos, Maeve sentia que ele a olhava, sua cabeça estava virada para ela. A ruiva analisava cada detalhe deste homem e da sensação que sentia ao vê-lo. Estava ficando desconfortável com aquele velho lhe observando, mas ainda presenciando a discussão que a rainha e a escudeira debatia.

Aslaug fez uma afirmação de que sonhou com a morte de Ragnar e seu filho caçula. Os moradores se surpreenderam com aquela fala da mesma, mas Lagertha, cujo seu olhar se demonstrou preocupado, se recusava acreditar de que o grande viking e rei de Kattegat havia partido, onde seu semblante ficou sério novamente.

— Não, eu não tenho certeza disso, foi só um sonho. — Aslaug disse passando seus olhos em todos os presentes naquele momento.

— E recuperar o meu lar é o meu sonho. Eu venho sonhado com isso a muito tempo. E se tiver que lutar por isso, assim será. — Lagertha concluiu e Maeve pôs seus olhos nela.

Maeve não pôde julgar a atitude de Lagertha, onde era o mesmo sonho que tem com seu antigo lar, Arwen. Recuperar o que foi tomado dela e concluir o pedido de sua irmã Evie para com o seu antigo povo. A ruiva respirou fundo após a fala da escudeira e sabia que quando tiver a chance, faria o mesmo sem pensar duas vezes com o rei Oleg.

Aslaug desistiu de lutar, jogando a espada que segurava ao chão, renunciando a tudo. Maeve olhava as duas atentamente e sabia que algo de ruim aconteceria naquele momento. Mesmo que as duas não lutassem, havia sim um duelo de egos e poder entre ambas e a ruiva sentiu aquilo, assim como todos os moradores sentiram.

— Tudo que eu peço é uma passagem livre. Tudo que eu peço que me deixem sair daqui em paz, e seguir para onde os deuses decidirem. Terá sua casa e lar de volta, com minha benção. — Aslaug fez um pedido para Lagertha e Maeve desconfiava de que ela faria esse desejo da rainha.

I See Fire - Ubbe RagnarsonOnde histórias criam vida. Descubra agora