Me chamo Lizzie Fonseca, tenho 32 anos, moro em um pequeno sobrado em New York, no Queens, herança deixada pelo meu amado vovô. O que não deixou meus pais muito satisfeitos, pois eles queriam que o sobrado fosse reformado para virar a casa da minha irmã Bella e seu futuro marido o Álvaro, o qual foi a minha paixão platônica durante boa parte da minha adolescência, agora pensa na confusão que isso rendeu? Eu sempre fui a neta mais próxima do meu avô, sempre fiz tudo por ele e até hoje sinto a sua falta, gostaria muito que ele estivesse aqui para ver o que eu fiz com o lugar.
Na parte superior fica meu pequeno apartamento, não fiz grandes mudanças, pois queria que o lugar me lembrasse onde eu passei a minha infância. As únicas coisas que mudei foram a cama e a cozinha. Já na parte de baixo eu abri a minha confeitaria.
Raramente falo com a Bella, ela ainda não superou a perda do imóvel.
Minha irmã não gosta de perder em absolutamente nada na vida, acho que por isso ela virou uma das melhores advogadas de New York,mas a amo com esse jeitinho dela de ser.
Hoje minha confeitaria está movimentada, foi um entra e saí de pessoas. Quando dei por mim já estava quase na hora de fechar. Foi quando Bella passou pela porta, apressada como sempre.
- Preciso falar com você e urgente?
- Oi, para você também Bella - respondi lembrando a ela que deveria ser mais educada com as pessoas.
- Oi Lizzie -ela respondeu meio a contra gosto.
- Bella deixa eu fechar a comanda do último cliente e depois posso te dar toda atenção.
- Vai demora muito Liz, pois estou com pressa.
Deus me dá paciência, eu amo a minha irmã, mas ela se acha o centro do universo.
- Não sei Bella – respondi já sem muita paciência.
- Ok, espero então.
Bella teve que esperar mais meia hora e pela cara que fazia não gostou. Me dirigir até a porta e virei a placa de aberto para fechado.
- Até que em fim ele foi embora – disse elamexendo no celular.
- Fala Bella, o que você quer?
- Ah Liz, estou desesperada, a moça que iria fazer os meus docinhos personalizados não vai poder mais, ela também iria fazer as trufas que eu colocaria nas caixas das minhas madrinhas. Pensei que você poderia me ajudar?
- Bella…. Eu tenho a confeitaria.
- Você é uma egoísta, nem liga para o desespero da sua irmã.
Já falei que a minha irmã tem uma tendência muito grande em exagerar as coisas? Pois bem ela tem.
- Bella, me escute, por favor e aprenda uma coisa: O mundo não gira ao seu redor.
- Eu sei, Liz. Mas estou nervosa com o casamento, quero tudo perfeito.
- Juro que vou me arrepender da pergunta, mas vou fazer mesmo assim.
- Quantos doces você vai querer Bella?
- 3.000 doces simples, mais 2.000 personalizados e 300 trufas sortidas, só. É simples o meu pedido.
- Simples? São 5.300 doces, Bella. Eu tenho a confeitaria para tomar conta, como posso aceitar um pedido desse tão grande?
- Fecha a confeitaria, maninha.
- Juro Bella, você me irrita, acha que as coisa são fáceis?
- Não, fui eu que não quis fazer faculdade de direito, querida irmã - disse num tom soberbo e arrogante.
- Verdade, eu não quis ser o fantoche do papai Bella, preferi viver os meus sonhos, não o dele.
O que sempre me deixou puta nisso tudo era a comparação que os meus pais faziam comigo e com a Bella. A Bella era perfeita em tudo, a melhor aluna da classe, a líder de torcida da escola, a que fez a faculdade que o nosso pai queria para assumir o lugar dele na empresa. Já eu, era a filha problemática, a que com 12 anos descobriu que tinha uma doença chamada dislexia e por isso escrevia algumas palavras erradas e tinha dificuldade nas provas, mas com tratamento adequado com a fonoaudióloga consegui vencer as dificuldades, me formar e passar para um dos melhores curso de culinária do mundo, mas isso nunca foi o suficiente para o Senhor Alberto Fonseca e Dona Lídia, a Bella sempre era melhor.
- Sabe Bella se você fosse mais humilde, eu poderia te ajudar, mas você não sabe o que é isso né?
- Então a sua resposta é não!?
- Eu não disse nem que sim e nem que não, mas eu posso pensar. Mais uma coisa querida irmã, se eu aceitar não será de graça, pois vou perder dias para fazer os docinhos.
- Quantos dias você quer para pensar em Lizzie? Porque se você recusar terei que ver outra pessoa. Pense em uma coisa querida irmã, essa seria uma bela oportunidade para divulgar o seu trabalho.
É realmente seria, mas a que preço? Bella não dá ponto sem nó, ela sabe manipular as coisas ao seu favor. E quando ela sair por aquela porta não dou nem 5 minutos para minha mãe estar me ligando para saber porque não aceitei a oferta da filhinha dela, sabe acho que nasci na família errada só pode.
- Você já sabe o caminho da saída Bella e como já disse vou pensar.
- Ok, Lizzie. Espero que uma vez na vida você seja esperta. Agora estou atrasada para meu jantar com o Álvaro e nossos pais.
E mais uma vez eu fui excluída da família "Perfeita"
- Bom jantar para vocês. Adeus Bella.
Tudo que eu queria era sumir da face da terra. Pelo visto nem madrinha e nem convidada eu seria para esse casamento.
Quando eu e a Bella mudamos tanto? Éramos próximas na infância, não digo melhores amigas, mas eu sabia que poderia contar com ela e ela comigo, mas hoje eu vi uma Bella diferente. Arrogante e bem esnobe. Será que ela sempre foi assim e eu nunca reparei? Quando dei por mim Bella já tinha saído pela mesma porta que havia entrado.
Passaram-se tantas coisas na minha cabeça e no meu coração e nesse momento eu sentia falta dos conselhos do meu vovô. Ele era a pessoa mais sábia do mundo, a mais amorosa e mais teimosa também. Ele tinha a palavra certa para tudo. Depois da sua partida inesperada tudo mudou. Minha avó foi viajar, meu pai e minha mãe se afogaram no trabalho e Bella continuou sendo ela mesma. Como você faz falta vovô!
Resolvi subir para meu apartamento e fazer o meu jantar. Cozinhar me acalma, estava começando a prepara o macarrão a bolonhesa, quando meu telefone toca.
- Oi Lizzie.
Ótimo era minha mãe do outro lado da linha e com certeza já deveria saber da minha conversa com a Bella.
- Oi mãe.
- Como pode recusar o pedido de ajuda da sua irmã? Quando você parou de se importar com a família?
- Em primeiro lugar dona Lídia eu não recusei nada, eu disse que iria pensar, eu também tenho um negócio para tomar conta, como vocês têm a empresa de advocacia eu tenho a minha confeitaria.
- Você está sendo uma egoísta Lizzie Fonseca, isso sim.
- Egoísta? Isso eu nunca fui mãe, sempre aceitei os caprichos da Bella -falei indo desligar o fogo - Sabe quantos doces ela me pediu? 5.300 docinhos, é muito para tão pouco tempo.
- Você realmente é uma ingrata, ela está te dando a oportunidade de divulgar seu negócio e você está recusando.
- Você não deveria estar jantando com o pai, a Bella e o Álvaro? - Eu já estava ficando irritada com aquela conversa.
- Sim, estamos a caminho. Quero saber por que essa recusa em ajudar a sua irmã? Foi porque o Álvaro a escolheu e não a você? Isso tudo é inveja?
- Não, eu não me importo mais com isso. - Foi uma resposta convincente né!?
- Vem jantar com a gente Lizzie - falou a minha mãe. Por essa eu não esperava, então fiquei 5 minutos muda na linha.
- Lizzie?
- A onde vai ser? - Perguntei só por curiosidade.
- Na casa do Álvaro, querida, Em West Village.
- Não vai dar mãe, estou há 1 hora e 13 minutos de vocês.
- Verdade querida, esqueci que você não tem carro, teria que vir de metrô ou de ônibus.
- Ela sabia, ela só fez isso para eu me sentir mal, por não ter dado a resposta que Bella queria naquele momento.
- Já terminou dona Lídia? Você está indo jantar e eu ainda tenho que fazer o meu.
- Quero que você pense bem quanto você pode ganhar com essa encomenda, vai ser uma boa grana e vai pagar as suas despesas por 2 meses.
- Quando é o casamento? - Perguntei, afinal realmente estou precisando de dinheiro, posso não pagar aluguel, mas como todas as pessoas, tenho contas a pagar.
- O casamento da Bella será daqui há 4 meses. Pense com carinho
- Vou pensar, mas não vai ser barato já aviso. Não utilizo produto de baixa qualidade, como a pessoa que vai fazer o bolo.
- Diga o seu preço?
- Mande a Bella passar aqui, amanhã é sábado e eu só abro as loja as 14:00, porque tenho que repor os produtos.
- Ok, e adeus querida.
- Adeus, dona Lídia.
Como vocês já perceberam, eu não me dou muito bem com a minha mãe. Somos pessoas opostas demais. Ela só pensa em dinheiro, status e eu penso mais com o coração. Acho que por isso sou feita de trouxa tantas vezes.
Eu voltei o que eu estava fazendo anteriormente que era o meu jantar, mas depois da pequena discussão com a minha mãe, eu não estava com a mínima vontade de continuar a cozinhar. Resolvi guardar os ingredientes do macarrão na geladeira, afinal eu só tinha cortado os temperos então poderia congelar tudo.
Será que eu deveria aceitar a encomenda do casamento da minha irmã?
Resolvi tomar um banho e sair para comer um lanche. Desci as escadas do sobrado e fechei tudo e fui procurar um lugar para comer.
Andar pelo Queens em um sexta a noite é bem tranquilo, parei em frente a um bar chamado Dark Angel, o lugar parecia ser legal, então porque não entrar né?
Quando eu entrei no restaurante já achei a decoração super legal, as paredes eram em tons de um cinza chumbo e preto que deixava o ambiente bem gótico e diferente do que eu estava acostumada, achei uma mesa vazia e já me apossei dela.
O cardápio do restaurante ficava em um tablet chumbado a mesa. Estava tocando um rock clássico dos anos 80, o que deixava o ambiente bem reconfortante.
No meu lado direito tinha uma mesa de sinuca, onde tinha uns homens jogando e pelo uniforme eram da marinha americana.
Voltei a minha atenção ao cardápio e comecei a pensar no que comer, eu nunca tinha visto um cardápio tão variado.
- Não acredito, Samuel Scott por aqui? - Escutei um dos homens que estava jogando sinuca falar.
E nesse momento eu entrei em conflito comigo mesma olho ou não olho para o tal Samuel Scott? A curiosidade foi tanta que resolvi dar uma olhadinha, sabe de relance, só por curiosidade. Não é que o cara era gostoso! Olhos escuros como a noite, deveria ter 1,89 ou mais.
Voltei minha atenção para o meu cardápio e fiz o meu pedido de uma salada grega e um suco de maracujá natural. Meu jantar chegou em pouco tempo.
Jantar sozinha sempre foi a minha rotina, mas hoje estava mais difícil do que da última vez.
Terminei meu jantar e paguei a conta. Voltei para minha simples e confortável moradia e fui dormir. Mas quem disse que o sono vinha, minha mente estava cheia de pensamentos era mamãe, papai, Bella, o seu casamento, minha loja, será que daria conta de tanta responsabilidade? E agora tinha o cara gostoso do restaurante que não saia da minha mente.
Eu fui a menina que teve poucos namorados, para falar a verdade foram apenas 2, o Fernando no ensino médio e o Bento no curso de gastronomia. Os dois terminaram de forma bem traumática para mim.
Resolvi ir na cozinha e peguei metade de um remédio para dormir. Quando voltei para o quarto, vi meu celular tocando. Apareceu o papai na tela, resolvi recusar a ligação. Não estava afim, já me bastava a Bella e a dona Lídia por hoje.
No dia seguinte acordei eram umas 9:30 da manhã. Troquei de roupa e resolvi dar uma corrida pelo quarteirão. Já estava saindo da loja, quando meu celular tocou novamente, não atendi pois era a Bella. Coloquei meus fones de ouvido e o telefone no bolso do moletom para começar a corrida.
Comecei a pensar se Deus realmente tinha alguém pra mim, sabe!? Eu queria um casamento como o dos meus avós, 61 anos juntos e felizes. Apesar de ter passado por um monte de problemas, eles sempre estavam juntos em dias bons e ruins.
A minha irmã Bella iria se casar por capricho ou por status não sei, ela não queria ser única do seu grupo de amigos sem casar.
Estava tão perdida em pensamentos que não reparei e bati em uma parede de músculos e perdi o equilíbrio, só não atingi o chão porque suas mãos me agarraram pela cintura. Quando olhei para agradecer a alma gentil e caridosa. Era o cara do bar.
- Toma cuidado moça bonita - ele falou.
Que merda, que voz, me arrepiou todinha. Eu simplesmente resolvi perder a voz nesse momento e deveria estar mais vermelha do que um tomate
- Tudo bem moça? - Ele perguntou novamente.
- S-Sim - eu respondi - Eu peço desculpas, estava tão distraída que não reparei que tinha saído da rota. Desculpa mesmo moço. Me chamo Lizzie - falei como quem não queria nada, afinal quem não arrisca não petisca.
- Samuel Scott, prazer moça bonita.
- Desculpa mesmo Samuel, eu sou um pouco desastrada.
- Que isso Liz, acontece, só não se distraia atravessando a rua.
Ele estava rindo da minha cara. Ótimo, maravilha.
- Pode deixar - na verdade queria mesmo mandar o bonitão a merda mas, porém e todavia não estava afim. Ele está certo, mas ele não precisa saber disso né!?
Foi só agora que reparei que ele ainda está me segurando a minha cintura e resolvi me afastar. Ele pareceu não gostar muito, mas não falou nada.
- Samuel quer tomar um café? Por minha conta. - afinal eu era dona de uma confeitaria.
- Sim.
- Então vamos.
Fomos conversando e chegamos em frente a minha confeitaria. Eu digitei o código e a porta abriu.
- Pode entrar.
- Uau, você é a dona da confeitaria, por isso o café é de graça?
- Só para quem salva a minha vida - disse indo para cafeteira.
- Me lembrei de salvar mais vezes - ele falou um pouco mais baixo, mas eu escutei. O que eu deveria responder nesse momento? Que ele poderia salvar a minha vida quantas vezes quisesse, que não teria problemas?
- Liz seu telefone está tocando - ele disse sentado nas cadeiras que ficam em frente ao balcão.
- Pode deixar tocar, depois eu retorno.
- Ok, então.
O nosso café ficou pronto e eu levei até o balcão onde ele estava. Verifique quem tinha me ligado e era o Álvaro, fiquei surpresa e chocada com aquela ligação, achei estranho também, afinal ele não tinha o meu número ou pelo menos eu achava que não.
- Algum problema Liz?
- Vários, Sam.
- Quer falar sobre eles? Sou um ótimo ouvinte e tenho tempo.
- Ok, estou realmente precisando falar sobre isso com alguém. Sabe Sam, esse sobrado pertenceu aos meus avós e foi me deixando em testamento pelo meu avô, que faleceu a pouco tempo.
Sam colocou sua mão sobre a minha.
- Eu sinto muito Liz.
- Obrigada - respondi com um sorriso um pouco tímido.
- Pode continuar não vou te interromper de novo, prometo.
- Sabe o testamento do meu avô pegou todos de surpresa, até a mim, sempre amei esse local e as minhas férias sempre foram tão divertidas aqui, todos entraram em choque quando o testamento foi lido pelo Juiz, meu pai tentou me convencer a passar para o nome da Bella, eles queriam fazer uma casa de 2 andares aqui,claro que eu não aceitei a ideia, estava terminando meu curso de confeitaria e aqui seria o melhor ligar para começar um nova vida.
- Seus pais não aprovaram a ideia não é?
- Exatamente.
- Mas não é só isso que te incomoda tanto, não é Liz?
- Não, é que daqui a 2 horas vou ter que decidir se aceito uma encomenda de 5.300 doces para o casamento da minha irmã, o casamento que eu não fui convidada.
- Quer que eu seja sincero Liz? Eles só querem usar o seu talento e nada mais. E isso, olha o que você fez com essa loja! Talento é que não falta né!?
- Nossa Sam, acho que ninguém foi tão sincero comigo - falei tomando um gole do meu café.
- Na minha profissão Liz, tem que ter sinceridade e confiança se não todos perdem - ele disse dando um gole na sua xícara de café também.
- Sam, não é querendo ser curiosa, mas onde você trabalha?
- Sou Almirante da marinha americana Liz, sou piloto de caça.
- Estilo Top Gun? - Falei rindo
- Mais ou menos isso Liz - ele disse rindo - Quer ir comigo andar de Caça Liz?
- Aceito.
- Já que vc aceitou o desafio, vai ter levar uma torta para o meu pelotão,lembrado que são 15 sob o meu comando.
- Ok, senhor espertinho.
- Liz, tenho que ir, no próximo sábado esteja pronta às 5:30 da manhã.
- Ok, Sam e tome cuidado.
- Eu sempre tomo, moça bonita e pensa no que eu te disse sua família só quer a sua ajuda por interesse e não porque querem você por perto.
- Vou pensar, juro.
Ele se levantou e se dirigiu a porta e olhou para trás.
- Até sábado Liz.
Ele se foi, isso me deixou triste, conversar com Sam me esclareceu muita coisa e me fez tomar uma decisão. Voltei ao andar de cima e fui tomar um banho. Minha decisão foi tomada e eu não iria voltar atrás, isso ia dar merda e uma das grandes, voltei para cafeteria e comecei a arrumar a loja para abrir às 14h, esperava que Bella aparecesse antes desse horário.
Resolvi colocar uns salgados no forno para assar e repus os doces que estavam faltando, conferi se tinha água,suco e refrigerante,verifique as frutas naturais e reparei que algumas estavam passando do ponto e tive que jogar fora, não gosto de fazer isso, com tanta gente passando fome e eu jogando comida fora.
Os legumes que eu tinha cortado no dia anterior para o macarrão, foram utilizados hoje para o molho de carne louca que era o prato do dia.
Estava limpando o balcão, quando chega uma mensagem no meu Celular.
- Estamos chegando em 5 minutos, espero que já tenha uma resposta para me dar, não tenho mais paciência para joguinhos, querida irmã.
Essa mensagem só veio para reforçar a minha decisão e é hoje que o circo vai pegar fogo. Passaram 5 minutos e eles bateram na minha porta. Que maravilha veio a família toda e hoje chuto o pau da barraca. Fui ate a porta e abri.
-Entrem, falei virando as costa.
- Posso saber porque você não atendeu a minha ligação, a do papai e a do Álvaro – Bella fala indignada.
- Porque eu não quis. – Respondi no mesmo tom.
- Liz para com isso, falou meu pai entrando na conversa.
- Para com o que papai? Com o que? De me rebaixar para vocês? Então vamos lá e sem rodeio já tenho uma resposta. A minha resposta é Não.
- Não!? - Bella estava em choque - Você disse não? - Ela começou ficar histeria. - Você não pode me dizer não.
- Posso sim, você não manda em mim e nem na minha loja, você não paga as minhas contas e nem a minha internet. Sou a dona desse lugar, vocês gostando ou não.
Meu pai, minha mãe e Álvaro me olhavam em choque e Bella parecia que iria pular em mim a qualquer momento.
- Irmãzinha, por favor, você não pode deixar meu casamento ser um fracasso - Bella tentando me deixar com a consciência pesada, mas nada ia me fazer mudar de idéia. Se eu não fizesse isso agora, eles sempre iriam me tratar daquela forma.
- Não vou mudar de idéia Bella, já disse a minha resposta e se quiser posso te passar o contanto de outras confeitarias.
- Você é uma tremenda egoísta Lizzie, isso é inveja porque o Álvaro preferiu a mim e não a você né!?
- Calma Bella, vamos resolver isso. - Falou Álvaro entrando na conversa. - Liz, pelos anos de amizade que temos, nós conhecemos na pré escola, somos melhores amigos Liz. – complementou ele.
- Álvaro, fomos melhores amigos, no passado. Agora você é somente o noivo da minha irmã tentando evitar que ela dê um piti.
- Lizzie Fonseca você vai reconsiderar sua idéia agora – pronto agora falou a minha mãe apontando o dedo para mim - Ou…
- Ou o que mamãe? Ou o que ? Fala, já não faço parte da família ha anos e mesmo quando eu morava sob o mesmo teto eu era a última a saber das coisas. E que saber de uma coisa? Isso já não me importa mais.
- Calma Liz - falou o meu pai novamente - não é para tanto. Respeito a sua decisão. Vamos ver outros lugares.
- O que ? - Gritou Bella.
- Chega de escândalos Bella. Vamos embora, agora. Adeus filha e se cuida. – Meu pai disse me olhando e já direcionando a todos para fora.
- Adeus.
Bella passou por mim querendo comer o meu fígado, Álvaro não falou e nem olhou na minha cara e Minha mãe me olhou de cima a baixou e seguiu atrás da Bella para fora do estabelecimento. Só ficou meu pai e eu, e ele me encarava de forma estranha.
- O que foi pai?
- Achei que você fosse ceder aos caprichos da sua irmã, afinal você sempre fez as vontades dela.
- Não dessa vez pai, não dessa vez. Posso ter fazer uma pergunta?
- Pode.
- Porque você me ligou ontem a noite?
- Para tentar te convencer a não aceitar, sua irmã tem que aprender que nem sempre temos o que queremos Liz, eu errei muito minando a Bella, mas você querida, sempre foi forte e corajosa por isso eu achei que você conseguiria se virar sozinha em tudo, por mais que você fosse disléxica, você sempre dava um jeito de superar os obstáculos da vida. Me perdoe querida por não ter te apoiado nos seus projetos, mas vejo que você se virou muito bem sem mim.
Nossa por essa eu não espera, meu pai sem segundas intenções e sendo sincero me deixou em choque.
- Te amo querida, da minha forma torta, mas te amo Liz – disse ele indo para a porta.
- Pai!
Ele se virou e falei que também o amava e a situação saiu melhor do que eu esperava, entre mortos e feridos todos sobreviveram.
Deu a hora de abrir a minha amada confeitaria, hoje o dia foi cheio e movimentado, não parei um minuto se quer.
Depois de fechar a confeitaria e fazer a contabilidade do caixa, vi que deu um lucro significativo, faço a listas dos materiais que vou precisar comprar amanhã.
Subi para o meu apartamento pensando em um certo bonitão chamado Samuel, no nosso esbarrão, no seu jeito que prestou atenção em tudo que falei. Ele era diferente dos caras que conheci, nem acreditei que ele me chamou para um encontro. Posso chamar de encontro né?
Resolvi fazer brigadeiro e pipoca para assistir um filme. Adoro filme de romance, principalmente Um Amor Para recordar baseado no livro do autor Nicholas Sparks, pra falar a verdade é o único filme que eu gosto desse autor.
O filme termina e eu vou lavar a louça que deixei suja na pia, odeio acordar com louça para lavar no dia seguinte. Tomei um banho e fui dormir.
Já se passaram alguns dias e hoje já é sexta feira e meu coração está acelerado e ansioso demais, afinal amanhã vou ver o Sam.
Meu telefone toca e aparece na tela um número desconhecido. Penso se devo atender ou não. Resolvo atender.
- Liz, é o Samuel, tudo certo para amanhã?
- Oi, Sam, Boa noite. Sim tudo certo e mais uma pergunta como conseguiu meu número.
- Segredo, Liz, eu tenho os meus contatos. Até amanhã moça bonita, vista algo confortável, por que vou te levar às alturas.
- Ok, senhor piloto de caça, já entendi o seu recado.
- Beijos Liz, tenho que desligar.
- Beijos Sam.
O telefone ficou mudo do outro lado, gostei de receber essa ligação do Sam, me mostrou que ele se preocupou em me relembrar do compromisso. Como se eu fosse esquecer né?!
Resolvi fazer duas tortas de frango para levar, afinal esse tinha sido o nosso acordo.
No dia seguinte acordei bem cedo e fui me arrumar coloquei uma roupa confortável, mas que me deixasse bonita. Quando o relógio bateu às 05:30 da manhã minha campainha da loja tocou. Desci as escadas e já sabia quem era, era o Sam, destravei a porta para ele entrar na loja.
- Sam, espera só um pouquinho para eu colocar as tortas nas caixas de transporte.
- Liz, que tortas? - Perguntou sem entender.
- As que você pediu para eu fazer para o seu pelotão, Sam?
- Não acredito que você fez mesmo Liz!?
- Claro
- Eles vão adorar,quanto te devo?
- Nada - respondi sorrindo.
- Fala sério Liz, esse é seu trabalho não é justo você não cobra!?
- Você vai me cobrar para andar no caça que você pilota na marinha?
- Não, claro que não. Te convidei.
- Então estamos quites Sam.
- Vamos então – disse ele se sentindo vencido.
- Vamos.
Saímos da loja e verifiquei se a porta estava devidamente fechada. Aí meu deus esse cara dirige uma picape maverick.
- Uau!!!
- Gostou??? - Ele perguntou me dando um sorriso torto e bem convencido.
- Sim.
- Então pode subir moça bonita.
Que carro, estou apaixonada e estou fazendo as contas de quantas tortas eu tenho que vender para ter um carro desse.
- Gosta de música Liz - Sam pergunta colocando o sinto de segurança.
- Sim.
Ele ligou o rádio e estava tocando My Only One (No Hay Nadie Más) (feat. Isabela Merced).Sam tinha um bom gosto musical
Comecei a cantar a música baixinho, mas ele reparou.
"Voy a cuidarte por las noches
Voy a amarte sin reproches
Te voy a extrañar en la tempestad
Y aunque existan mil razones para renunciar/Promise I'll stay here till the morning
And pick you up when you're falling
When the rain gets rough, when you've had enough
I'll just sweep you off your feet
And fix you with my love"
- Conhece? - Ele perguntou um pouco surpreso.
- Sim, Agora não sei se você está surpreso ou chocado Sam?
- Acho que os dois Liz.
Ele voltou sua atenção para a estrada.
- Prepara para viajar?
- Viajar? Sam que loucura é essa?
- Não é loucura Liz, vou te levar para andar de caça,mas não em um lugar qualquer.
- Sam você está me assustando?
- Estou te seqüestrando por uns dias.
- E como fica a minha confeitaria?
- Ela sobrevive uns dias sem você.
- Como você fala isso com a cara mais deslavada do mundo Sam. - disse rindo. Quem tá na chuva é para se molhar né!? - Posso saber para onde vamos?
- Não.
- Sam eu só estou com essa roupa, nem mala eu trouxe.
- Minha irmã vai dar um jeito quando chegar, vocês devem usar o mesmo tamanho de roupa.
- Ok,mas o que vou fazer com essas tortas? Se formos de avião não vou poder entrar com comida?
- No avião que você vai com certeza vai poder entra com comida.
Ele voltou sua atenção para estrada e acho que chegamos ao nosso primeiro destino, uma base aérea. Sam estacionou o seu carro em uma vaga específica com o seu nome.
Estou chocada, o cara tem um carrão,uma vaga com o seu próprio nome. Será que ele é um mafioso e não um marinheiro? Como eu não pensei nisso? Ai meu Deus!!!
- O que foi Liz?-Ele perguntou vendo a minha cara de assustada e tirando o cinto de segurança.
- Nada, não. - Falei também tirando o meu sinto.
- Já te falaram que você é uma péssima mentirosa?
- Não - respondi fazendo biquinho.
- O que passa na sua cabeça Liz ?
- Sam, não fica chateado comigo não, é que você tem um carrão, uma vaga da com seu nome. Você não é um Mafioso é?
Ele começou a rir.
- Não Liz, eu já te disse o que eu sou lembra? Eu sou Almirante da marinha por isso os privilégios, Liz você anda lendo muito livro de romance. Vem, estão esperando por nós.
Sabe aquele momento que você quer desaparecer da faça da terra? Esse era o que eu queria agora. Ele saltou do carro e foi até a minha porta e abriu me estendendo a mão para descer. Depois me ajudou com as caixas. Travou o carro e pegou a minha mão. Fomos andando até um grupo de 8 homens devidamente uniformizados.
- Almirante -um deles falou fazendo sinal de continência.
- Dispensar soldado. Tudo pronto?
- Sim, Senhor - respondeu o soldado.
- Vamos. Liz, cuidado ao subir os degraus,pelo jeito você não é boa com coordenação motora, falou rindo da minha cara.
- Rarara, foi para eu achar engraçado Sam ou você prefere Almirante?
- Se me chamar de Almirante de novo não respondo por mim. - Ele falou próximo ao meu ouvido.
Nesse momento eu fiquei arrepiada da cabeça aos pés.
- Vem Liz - falou me puxando pela mão.
Eu ainda estava tentando absorver o que tinha acontecido há alguns segundos atrás. Subimos para a aeronave e pegamos os nossos lugares. A aeronave não era muito grande, tava mais para um avião particular, era confortável e cabia umas 15 pessoas lá tranquilo. Os outros soldados que estavam esperando o Sam, também subiram a bordo.
- Sam?
- Fala Liz.
- Onde eu posso guardar as tortas? - Perguntei baixinho.
- Já vou resolver isso. Soldado Montana, vem aqui rapidinho.
- O que foi Almirante Scott?
- Tem como você guarda essas tortas na cozinha?
- Você não está falando sério né!? - Ele perguntou incrédulo.
- Estou.
- Vai te a merda Sam - ele falou rindo.
- Você ficou muito chato depois que foi promovido a Almirante, você tem duas mãos e pode fazer, só não quer por que está com a bonitinha aí.
- Lorenzo Montana não me irrite, vai agora - falou o Sam tentando manter a postura - Eu que mando, porque sou seu superior.
- Ok, você venceu. - Ele falou rindo de novo - mas uma coisa é certa, você está chato pra caramba. Vou contar tudo para Vivian.
Quem é Vivian? O Sam tem uma namorada? Estou chocada e eu aqui criando esperanças, aff eu sabia que um cara desse não poderia estar disponível.
- Já falei que você é um bocudo Lorenzo? - Falou Sam rindo.
- Você sempre fala isso. - Respondeu o tal Lorenzo Montana.
- Liz? Liz terra chamando? O que ouve? Pode entregar as tortas para o soldado Montana.
- Ah sim.
- Toma - falei entregando as tortas para ele.
- Liz,Vivian é minha irmã, agora desfaz a cara feia.
- Acho que você esqueceu de mais uma coisa - gritou o Lorenzo da cozinha. - Que a Vivian é minha noiva.
- É, ele é noivo da minha irmã, ela tem muito mal gosto isso sim ,com tantos homens no mundo porque ela escolheu você mesmo? - Falou Sam tentando parecer um pouco sério.
- Porque ela me ama e você também me ama e fui a melhor escolha para Viviam e você sabe disso - falou o soldado Montana voltando para o seu lugar.
Passaram-se algumas horas e eu ainda não sabia para onde estávamos indo. Quando o piloto falou que estávamos nos aproximando do nosso lugar de aterrissagem, meu coração bateu mais forte e mais acelerado. Não gosto de ficar no escuro, sem saber para onde estou indo.
- Liz, olha pela janela e veja onde você está moça bonita.
Quando reparei as persianas do nosso acento estavam abertas foi aí que eu vi, eu estava na base da marinha americana.
- É incrível né moça bonita?
- Sim - foi a única coisa que eu consegui responder. O lugar era perfeito.
- Vem, já aterrissamos Liz - falou o Sam me estendendo as mãos, seu olhar era tão profundo e intenso que eu fiquei toda arrepiada. E foi impossível negar o seu pedido, então aceitei e dei a minha mão a ele. Nunca tinha sentido algo tão forte, só com o encontro das nossas mãos. Parece que minha alma recolheu a dele.
Descemos do avião com as nossas mãos entrelaçadas, não foi estranho. Foi confortável, poderia ficar assim para sempre.
- Cuidado moça bonita, ele sussurrou no meu ouvido e eu fiquei toda arrepiada novamente. Ele tinha que parar com isso, droga.
- Pombinhos, têm mais gente querendo descer as escadas? - Escutei o soldado Montana falando.
Saímos do nosso mundinho e voltamos a descer as escadas.
- Sam, esquecemos as tortas!
- Esqueceram nada estão comigo pombinhos - falou o soldado Montana.
Olhei para trás agradeci, ele me deu um sorriso doce. Eu estava realizando meu sonho de infância, estava conhecendo a Marinha Americana,o lugar que tem tantas histórias guardadas. Quando dei por mim tinha uma moça correndo até o soldado Montana, que a recebeu de braços abertos e lhe deu um selinho. Sam olhou a cena sorrindo e disse:
- Aquela e Vivian, minha irmã pequena ,não precisa ter ciúmes.
Onde eu enfio a minha cara, agora. Será que a terra pode abrir.
- Sam, você voltou também, que saudades irmão.
- Vivi, também senti sua falta. Vivi, essa é Lizzie - falou me apresentando.
- Muito prazer – disse envergonhada.
- Vem vocês vão comigo, estou de carro.
Aí meu deus, vou morrer - falou o Sam me puxando em direção ao carro da irmã.
- Para de palhaçada Sam, eu dirijo muito bem, não é amor? - disse olhando para o soldado Montana.
- Sim, claro - responderam os dois ao mesmo tempo.
Em pouco tempo chegamos em uma casa bem bonita. As casa da base eram todas padrão, todas parecidas.
- Vem, vamos entrar - falou o Sam descendo do carro.
- Sam, adorei a sua casa, ela e incrível.
- Só é incrível por minha causa, porque sou eu que deixo tudo arrumado, se fosse pelo Sam isso seria um lixão a céu aberto - falou a Vivian.
- Então você tem um defeito Senhor Almirante?
- Sim, não sou muito organizado - disse coçando a cabeça.
Entramos na casa e eu já estou apaixonada, tem fotos por todos os lados, desde o Sam e da Vivian crianças até a fase adulta. Um me chamou atenção por ser preta e branca era de um casal de idosos e na outra tinha dois senhores com o uniforme da marinha americana.
- Quem são?
- Nas primeiras são os meus bisos e na segunda é meu biso e seu melhor amigo, eles lutaram juntos na segunda guerra depois do ataque a Pearl Harbor. O Senhor Manuel e o Senhor Roberto tinham um lema que até hoje eu levo para vida: Ninguém fica para trás, soldados unidos são mais fortes.
- Saímos uma família todos voltam, não aceitamos perder ninguém - completou o Soldado Montana olhando a mesma foto que estávamos olhando. - Sam, eles viveram grandes aventuras.
- Sim - respondeu o Sam.
Segunda guerra, nossa então está realmente no sangue Sam e Lorenzo seguram os passos dos seus bisavôs.
- Nossa gostaria de ter conhecido eles? – Disse.
- Eles irão te chamar de "Broto" - disse os dois rindo.
- Vem vou te levar até o seu quarto, acho que você deve estar cansada - falou me rebocando para o andar de cima. Era um quarto de hóspedes, ele era todo em tons pastéis, ele era lindo.
- Obrigada, Sam.
- De nada moça bonita.
Sam estava tão próximo de mim que eu achei que ele iria me beijar, era o que eu queria desde o começo não era? Mas o celular dele tocou na hora. E perdemos a conexão que desenvolvemos.
- Tenho que atender Liz.
- Eu sei Sam.
Ele se virou e foi descendo a escada e eu fiquei ali parada que nem uma boba. Entrei no quarto e fechei a porta e me sentei na ponta da cama. Até que uma batida na porta me trouxe para o mundo real.
- Liz, é Vivian. Posso entrar?
- Sim, claro.
- O Sam mandou te entregar.
Era uma pequena mala, mas o que me chamou mais atenção foi a Capa com um vestido na mão da Vivian. Era um vestido de baile de gala.
- Não entra em pânico Liz, o meu irmão é cheio de surpresas.
- É mesmo, primeiro ele me sequestra,não me avisa aonde vamos e me trás para esse paraíso na terra e agora tem um baile.
- O Sam vai ser promovido hoje a Almirante oficialmente apesar dele já está na função ha um mês e o meu Lorenzo Montana vai ser promovido a Capitão, acho que meu irmão queria…
- Vivian, não me deixa no escuro por favor? O que ele queria?
- Dividir esse momento com alguém que realmente fosse especial para ele, Liz.
- O que!? - Estou em choque foi tudo tão rápido e tão intenso. Eu não estou só apaixonada por Sam, eu estou amando ele como nunca eu amei alguém na vida.
- Não chore querida - falou Vivian me abraçando. - Sam sente o mesmo, da para ver em seu olhar. Meu irmão encontrou sua metade finalmente.
- Não sei o que dizer Vivian, seu irmão é cheio de surpresas.
- Ele sempre foi assim, desde menino, ele adora fazer surpresas não se espante dele dar uma de louco e resolver te levar para Paris amanhã, por que esse é meu irmão, perdemos os nossos pais muito cedo Liz, o Sam tinha acabado de entrar na marinha e teve que assumir o papel de Irmão/ pai para me deixar protegida, claro que ainda temos os nossos avós maternos, eles nos ajudaram nos momentos de dificuldade. Nossa família serve a Marinha há gerações, mas o meu irmão é meu herói. Foi ele que me apresentou ao Lorenzo Montana e olha onde chegamos, noivos de casamento marcado e felizes. Eles vivem implicando um com o outro.
- Vivian nem sei o que falar para você nesse momento depois dessa revelação. Posso te fazer uma pergunta?
- Claro que sim cunhadinha.
- Seus avós ainda moram na base?
- Sim, Liz, meu avô é mais cabeça dura que o Sam, quando ele se aposentou, Sam quis comprar uma casa para eles em qualquer lugar e sabe que ele respondeu para o Sam? "Olha moleque posso estar me aposentando mas ainda posso te dar uma surra" - ela começou a rir - então o Sam comprou uma casinha para eles na rua atrás da nossa. Você vai conhecer eles hoje. Agora descanse porque mais tarde vou te deixar mais linda do que é.
- Ok.
Ela beijou a minha bochecha e se foi, abri o saco do vestido e me deparo com o vestido mais lindo do mundo e o sapato nem falo porque estou imaginando quanto tudo isso custou, afasto esses pensamentos da minha cabeça e vou olhar a mala e acho tudo que vou precisar. Resolvi dormir um pouquinho antes de tomar banho.
- Não sei se passaram horas ou minutos desde que eu peguei no sono. Desperto com uma pequena batida na porta.
- Liz - escuto o Sam chamando baixinho.
- Oi Sam - respondo entre abrindo a porta do quarto.
- Vem comer alguma coisa, antes que o Lorenzo acabe com tudo.
- Já vou só deixa eu jogar uma água no rosto tá.
- Sim.
Encosto novamente a porta do quarto e vou até o banheiro e jogo água na cara e dou um jeito no cabelo. Quando estou saindo do quarto, levo um susto, ele estava me esperando. Dou um sorriso, pois estou adorando esse cuidado todo dele, ele me devolve o sorriso mais lindo do mundo.
É estou apaixonada!!! Isso não posso negar.
Quando descemos a escada escutamos vozes vindas da cozinha e me deparo com um casal de idade avançada, de mãos dadas e me lembro do meu avô e da minha avó, eles eram assim também, estavam sempre juntos. Sinto as minhas lágrimas descerem, até que sinto o Sam me puxar para os seus braços me permito chorar, sem me importar com quem estava vendo, choro até molhar a sua camiseta social.
Quando estou mais calma e conseguindo falar, explico por que eu caí no choro a todos presentes.
- Ah querida você não nos deve nenhuma explicação - falou a senhora elegante que deveria ser a avó do Sam - sabemos como dói perder quem amamos. São feridas que ficam para sempre em nossos corações, mas o tempo faz as feridas cicatrizarem e virarem saudades, não digo que você vai esquecer, mas o tempo tráz a paz e ficam as lembranças boas. Então se tiver que chorar, chore, mas também se lembre dos momentos bons, felizes e alegres.
Dessa vez não me afastei dos braços do Sam, ali parecia o lugar certo, onde eu deveria estar, onde eu queria estar. Sam me colocou sentada em uma cadeira e foi pegar garrafa de água pra mim.
- Toma.
- Sim, Almirante - falei acariciando o seu rosto – Obrigada.
- De nada.
- Minha avó é uma pessoa muito sábia Liz - ele disse olhando para senhora que tinha acabado de falar belas palavras.
- O tempo trás a sabedoria querido - ela respondeu.
- Liz, esse casal maravilhoso são Eleonor - falou apoiando para senhora - e Robert .
- Prazer - eu respondi
O lanche foi servido e uma das minhas tortas estavam na mesa. O tempo passou e Vivian me tirou dos braços do seu irmão e disse que tinham que nos arrumar para o evento. Dona Eleonor nos acompanhou também. Algumas horas se passaram desde a última vez que vi o Sam. Quando Vivian me deixou olhar o espelho fiquei em choque, eu estava linda. Vestido preto ficou perfeito e o sapato preto com o solado vermelho que deve valer mais que o sobrado que vovô me deixou de herança ficou perfeito em meus pés. Viviam fez uma maquiagem que valorizasse os meus olhos e na minha boca ela colocou um batom vermelho.
Vivian estava belíssima também, com seu vestido rosa claro e seu sapato nude, sua make estava impecável em tons de marrom e ela optou por batom nude também.
A dona Eleonor também estava linda no seu vestido azul, Viviam fez uma maquiagem que combinasse tudo e ela optou por um batom nude também. Viviam puxou o celular e tirou uma foto nossa e postou no seu Instagram. Quando descemos as escadas os distintos cavalheiros nos aguardavam.
Entrei em choque quando vi Sam, ele estava com o traje oficial da marinha americana, seu uniforme estava impecável. Ele me estendeu as mãos e disse baixinho.
- Você está maravilhosa.
- Obrigada.
- Vamos?
- Sim.
Fomos até o carro que nos aguardava para nos levar ao evento. Chegamos lá, fomos direcionados a nossa mesa.
O salão estava impecável, tinha uma orquestra tocando. Confesso que estou super nervosa, nunca estive em um evento desses.
- Calma Liz - falou a Vivian baixinho - não precisa ficar nervosa. Vai dar tudo certo.
- Vivi eu nunca estive em um evento assim antes, chique demais, sabe.
- Então cunhadinha se prepare por que tenho certeza absoluta que e o primeiro de muitos.
- A cerimônia começou e eu fique toda orgulhosa do meu Almirante. Tenho certeza que ele lutou muito por essa promoção. Vivian também estava toda orgulhosa do seu noivo. Dona Eleonor e o Senhor Robert não paravam de sorrir e estavam tão orgulhosos do neto. Quando a cerimônia de trocas de parentes terminou o jantar foi servido. Sam e Lorenzo já estavam em nossa mesa.
- Parabéns Almirante - falei baixinho só para ele ouvi.
- Obrigado - ele também respondeu baixinho beijando a minha mão. - Amanhã às 4:30, não esqueci da minha promessa.
- Eu sei que não Almirante.
Começou a tocar uma valsa clássica e ele estendeu a mão para mim e eu aceitei mesmo sabendo que não sei dançar muito bem. Quando nos posicionamos na pista de dança eu falei baixinho.
- Sam, não sei dançar.
- Quem conduz é o cavalheiro e vai ser incrível Liz tenho certeza.
- Ok, mas se eu pisar no seu pé não reclame.
A valsa começou e o Sam me puxou mais para perto, uma das suas mãos foram para minha cintura e a outra foi entrelaça na minha mão. Quando percebi meu corpo fluía perfeitamente pela pista de dança, Sam me olhava profundamente e eu retribuía o mesmo olhar.
Quando reparamos já não era mais uma valsa tocando e sim música balada romântica.