Capítulo 01

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O despertador tocou às quatro e trinta da manhã. Dei um enorme bocejo e tentei esticar o meu corpo, desligando-o de seguida. Não havia tempo a perder, apesar do cansaço iminente no meu corpo. Era segunda-feira e o fim-de-semana passou tão rápido deveria levar multa por excesso de velocidade. Parecia que ainda ontem foi sexta-feira, quando tirei aquelas fotografias perto da árvore de cerejeira.

Levantei-me e fui para o banho. Quando sai, verifiquei se as minhas raízes estavam esbranquiçadas apesar de ter retocado-as à cinco dias. Não, ainda estão boas. Devem durar sempre uma semana.

Olhar para o meu rosto pálido é pecado. Demoníaco. Lembro-me quando tive o meu primeiro amor. Apaixonei-me por um príncipe de outro país, Lourenço. Somos praticamente da mesma idade e claro, era algo platônico até, um dia, visitar a minha escola. Não é que eu já não estivesse quebrada, mas o que ele pronunciou, palavras cruéis, foram a gota d'água.

Lavei as mãos, de novo. Sempre faço isso quando estou nervosa.

Vinte e cinco minutos depois, com creme passado pelo corpo a fragrância de pêssego e cabelo seco e liso pela prancha, estou a ajustar as meias altas do meu uniforme nas minhas pernas. Agora, era a parte que mais custava: maquilhar-me.

Silenciosamente, esgueirei-me para o meu quarto. Não queria acordar o Ren, embora ele seja ciente da minha rotina. Tudo o que eu precisava estava em cima da minha penteadeira.

Sentei-me na cadeira e suspirei, olhando-me. Não é que eu não me ame maquilhar vez entre outra. Aprendi tudo sobre maquilhagem nestes últimos anos para sobreviver à sociedade tóxica e, honestamente, é como se fosse arte. Amo fazer makes mais elaboradas e já fiz a maquilhagem para bastantes meninas da minha escola. Elas agradeciam-me e, honestamente, o sorriso delas bastava para animar-me.

Todavia, todos os dias, por obrigação, cansa.

Não vale a pena. Este é o meu destino se quero sobreviver numa sociedade sob padrões.

Lentes de contacto, sérum e hidratante. Primer, base e corretivo. Bronzear aqui e acolá. Blush. Pó matificador. Sobrancelhas. Pinta, pinta, pinta. Pestanas. Rímel e mais rímel preto. Sombra? Marrom, seguido por delineador de gatinho. Lábios, nude. Spray de fixação.

Está.

Sim, eu sinto-me bonita mas nada de especial.

Aproveitei para retocar o cabelo e ouvi alguém bater à porta, mas não esperou a minha resposta para abri-la.

— Bom dia, Hime. — Encostou-se à parede. — Estás pronta?

— Achas que o nude fica bem aqui? Ou deveria fazer gradient lips como na semana passada? — Questionei, avaliando. O nude ficava bem, mas não estava habituada ao lábio pintado numa só cor. Por parecer mais natural, sempre preferi os gradient lips.

Contudo, agora é primavera. Símbolo da minha mudança; símbolo do meu novo florescer e, futuramente, se tudo correr como esperado, o início da minha carreira musical.

— Deixa ver. — Aproximou-se, já vestido e com o cabelo perfeitamente penteado. Ren é dono de uma beleza estonteante e muitas mulheres gatinham atrás de si, apesar de ele querer homens. Os que ele prefere, ou eles não são homossexuais ou não são abertos.

Tal como ele ainda não é assumido ao público.

— Estás um show, Liz. — Riu. — Tu és um show. Deverias mesmo ir para modelo, ouve o que eu te digo.

Revirei os olhos e levantei-me da cadeira.

— Vou só buscar o meu casaco para podermos ir. — Andei até ao meu armário, pegando e vestindo o mesmo. O casaco era azul-escuro com linhas douradas nas mangas. Dois botões no punho e seis no tronco, todos da mesma cor. O símbolo da escola estava no centro dos mesmos, tal como estava bordado na parte esquerda do casaco em tons azuis, dourados, brancos e cinzas.

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⏰ Última atualização: Jun 29, 2022 ⏰

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