O Regresso

One Shot

Antoinette Point of view.

07/07/22.

Nunca vi me em um altar ao lado de um homem, se bem que sempre pensei que casamento era algo muito sagrado pra se fazer com alguém que não se tivesse certeza, ainda mais em um momento como esse. De início me senti pressionada a entrar em um matrimônio por amor, mas o amor nesse caso, não é por quem direi sim lá na frente, mas sim por meu filho. Fangs Fogarty sempre foi como um irmão pra mim, meu apoio, meu conselheiro, meu baú de confissões, meu porto seguro.

Quem diria que um dia subiria ao altar com ele? É eu sei, um tanto quanto inusitado, não acha? Mas agora penso de forma diferente, 8 anos atrás se me perguntassem, diria que me casaria com o então amor da minha vida, Cheryl Blossom, mas o destino nos separou, deixando uma grande lacuna em minha vida adulta, vida essa que tive que aprender a seguir sozinha, mas que agora tem sido um caminho em conjunto, de uma família que não planejei.

Fangs não estava em casa e o baby Anthony (que estava completando 6 meses), dormia serenamente em seu berço, enquanto eu, sentada em frente ao closet remexia uma velha caixa de lembranças, repleta de fotos, cartas e outras regalias que tive ao lado de Cheryl, mas que estava decidida a me livrar dela após me casar, não haviam motivos para que eu continuasse de posse daquele material, que continham as mais sinceras cartas de amor.

Tive certeza que não ficaríamos juntas, mesmo sentindo o amor de sua parte, quando a encontrei com Heather, sua antiga namorada, na casa de Betty em sua despedida de solteira com Ronnie, que se casaram antes que eu pudesse dizer sim a Fangs, na mesma noite em que tive minha maior decepção amorosa. Cheryl parecia feliz e eu não seria a autora da infelicidade dela com seu primeiro amor, aquele que jurei nunca retornaria.

Deixei com que todas as lágrimas que pudessem conter em meus olhos rolassem por Cheryl e aquela seria a última vez, ouvi os resmungos de Anthony ao longe, então recolhi todas as coisas espalhadas que haviam no chão, as guardei na caixa e a coloquei de volta no espaço reservado a ela, que Fangs prometeu nunca mexer, me dirigi até o quarto de meu filho em busca de espia-lo, não o pegaria caso estivesse dormindo.

A janela da varanda estava aberta, o sol adentrava o ambiente iluminando o pequeno cômodo que continha o berço do pequeno Topaz.
Suas pequenas mãos deslizavam por seus olhinhos ainda fechados, lentamente ele os foi abrindo, analisou o espaço a sua volta e voltou a resmungar, esperei para que adormecesse de novo, mas o pequeno poderia estar faminto, pelo espaço de tempo em que teve sua última refeição.
Caminhei até seu berço, de modo que não conseguisse me ver, analisei suas expressões faciais e acariciei seu rostinho.

—Oi meu amor.- Sorri, em resposta ao largo sorriso que meu filho me deu.

—Você está com fome? Aposto que sim. -

Retirei o pequeno do berço, em busca de aninha-lo em meus braços, caminhei até a pequena mesa de troca, já com as fraldas e utensílios para o limpar, ele havia utilizado bem a que coloquei antes de adormecer, tirei sua roupinha de baixo, higienizei sua pele e coloquei uma nova fralda e descartei tudo que havia utilizado.

Peguei meu filho e sentei na poltrona de amamentação de frente pra janela, a vista era linda de seu quarto, um jardim espaçoso junto a flores que decoravam o ambiente. Enquanto meu filho fazia sua refeição, minha cabeça voltou ao casamento, uma vez que aceitei o pedido, fiquei incumbida de encontrar profissionais que fizessem os serviços de decoração e confecção dos comes e bebes.

Em meio ao caos que se fazia na minha cabeça, a campainha soou baixo, meu filho já havia adormecido novamente, o coloquei no berço e me dirigi a cozinha, antes de abrir a porta, olhei na câmera da frente quem pudesse estar na varanda, por um momento congelei na porta, continuei olhando sua imagem na tela e ela parecia ansiosa, tomei fôlego e coragem para conseguir abrir a porta.