Pete estava andando.
A xícara de café na bandeja em suas mãos ainda estava quente e talvez fosse melhor chegar logo naquele quarto e o dar ao homem ainda se recuperando. Porém, algo em seus pés pareciam estar o prendendo, quase o impedindo que desse sequer mais um passo. Por Buda, como aquilo era difícil.
Era só uma xícara de café. Uma xícara de café com um pouco de leite fresco.
Porém, ainda estava um pouco aflito. Amava Vegas, mesmo que tivesse pensamentos de que era uma loucura se apaixonar por um cara com tantos demônios dentro de si, com tantos traumas e problemas. Mas havia se apaixonado, não tinha o que fazer para mudar aquilo. Não poderia enganar a si mesmo e nem enganar seus sentimentos.
Mas estaria mentindo se dissesse que estava completamente á vontade na mansão de Vegas. Quer dizer, não era muito confortável ir até a cozinha para preparar um simples café e ter vários pares de olhos em sua direção, observando cada mínimo movimento que fazia e estavam parecendo querer te matar com o olhar. Não era muito agradável e era exatamente isso que estava sentindo.
Agora, estando tão perto do quarto de Vegas, ainda conseguia se sentir observado.
Um dos seguranças que andava pelo corredor com uma arma em mãos encontrou os olhos de Pete. Ele tentara sorrir minimamente para ser pelo menos um pouco simpático, mas aquele homem pareceu não estar muito aberto para gentilezas. Ao contrário, o olhou de cima a baixo e continuou seu caminho. A partir daquele momento, cada passo que Pete dava era como estar pisando em pregos.
Aquilo era um inferno.
━━ Caralho, por quê esse maldito quarto parece estar tão longe? ━━ perguntou Pete, mesmo não tendo ninguém ali perto para que pudesse responder seu questionamento.
Apertou ainda mais o passo, ainda com cuidado para não derramar o conteúdo na xícara, e subiu mais um lance de escada até chegar ao destino. Sem sequer bater, tratou de abrir a porta de forma violenta e a fechou, assustando o homem que estava lendo seu livro deitado na cama.
Sabia que estava sendo dramático, mas não se importou nem um pouco ao encostar as costas na porta fechada e respirar de forma audível e exagerada. A tensão em seus ombros parecia estar aos poucos saindo, como se aquele quarto fosse seu ponto de segurança. Pelo menos sabia que estava protegido.
━━ Pete?
A voz de Vegas se fez presente, fazendo Pete olhar em sua direção. Ele havia marcado a página em que estava e tinha fechado o livro, agora o olhando de uma forma preocupada. Em um movimento tentou se levantar, mas vendo a careta de dor pôde perceber que estava ainda meio debilitado para fazer isso sozinho.
Pete logo tratou de deixar a bandeja que trazia o café em cima do cômodo ao lado da cama e foi até o homem, o impedindo de fazer qualquer outro movimento.
━━ Não faça esforço. ━━ disse Pete enquanto ajeitava seus travesseiros. ━━ Se quiser se levantar, peça minha ajuda. Como é tão teimoso?
━━ O quê aconteceu?
Pete negou com a cabeça, terminando de ajeitar e indo pegar a xícara antes que começasse a esfriar. Porém, Vegas tratou de puxar seu pulso e o fez ficar próximo ao seu rosto. Seus lábios acabaram se tocando levemente, isso sendo o suficiente para o rosto de Pete ficar vermelho. Vegas sorriu ao perceber, tendo que desviar do tapa que iria vir direto para o topo de sua cabeça.
━━ Ainda fica vermelho com um simples selinho.
━━ Quer me deixar pegar logo seu café? Vai acabar esfriando.
━━ Vou deixar quando me disser o que aconteceu pra entrar no quarto daquele jeito. ━━ Vegas acariciava o cabelo de Pete enquanto falava. ━━ Não me deixa preocupado, querido.
Tentou ignorar seu coração agitado ao ouvir o apelido e finalmente conseguiu pegar a maldita xícara. Vegas parecia estar pronto para negar, mas bastou somente um olhar de Pete para ele enrolar a língua e aceitar, bebericando um pouco do conteúdo. Pete tirou os sapatos e se deitou ao seu lado, depositando a cabeça em seu ombro. Mesmo não vendo, sabia que Vegas estava sorrindo naquele momento.
Era fofo o fato de Vegas parecer gostar tanto dos mínimos carinhos que Pete o proporcionava.
━━ Só que... sua casa me assusta um pouco. Não exatamente a casa, na verdade, mas seus homens parecem querer me matar assim que eu baixar a guarda. É estranho e uma sensação não muito agradável.
━━ Eles não vão fazer isso.
━━ Eu sei, mas isso não deixa de ser estranho. Pra ter uma noção, essa xícara de café que está tomando agora foi um sacrifício feito por mim, então me agradeça por isso.
Maldita a hora que as palavras terminaram de sair de sua boca. Em questão de segundos, Vegas terminou de beber rapidamente e deixou a xícara de lado, passando a mão por toda a perna de Pete. Tomando um susto pelo toque repentino, a afastou rapidamente, tendo que se deparar com um aquele maldito sorriso malicioso em seu rosto.
━━ O quê está fazendo, imbecil? ━━ perguntou Pete aos resmungos.
━━ Te agradecendo apropriadamente.
━━ Você é tão tarado. É incrível como, magicamente, parece ficar melhor quando o assunto é transar.
━━ Estou só te fazendo carinho, Pete. ━━ Vegas passou a beijar seu pescoço, fazendo arrepios se formarem. ━━ Você quem está pensando besteira.
━━ Não fale como se eu não te conhecesse. Essa manipulaçãozinha não vai funcionar comigo.
Vegas se afastou e deu um revirar de olhos, não se contendo muito em começar a beijar e morder levemente sua bochecha, fazendo Pete sorrir minimamente com o gesto. Ele sabia que não conseguia ficar bravo por muito tempo quando fazia aquelas coisas. Maldito!
━━ Falando sério, Pete. ━━ começou Vegas, dando um último beijo antes de falar. ━━ Eles não vão fazer nada contigo, não iriam ousar fazer isso. Além do mais, você é meu namorado e a pessoa que eu mais amo, além de Macau. Eu te disse antes e vou repetir. Você é a pessoa mais importante da minha vida.
Pete sorriu abertamente ao ouvir aquilo mais uma vez. Sempre iria sorrir ao vê-lo falando daquela forma. Por Buda, ele realmente estava apaixonado por aquele cara e não iria negar a ninguém que perguntasse.
━━ Eu sou seu namorado? ━━ perguntou Pete ainda sorrindo. ━━ Não lembro de ter me pedido isso, Vegas.
━━ Desculpe, meu anjo, eu estava muito ocupado hospitalizado e sentindo dor demais para sequer fazer esse pedido. Como eu pude fazer uma coisa dessas?
━━ Engraçadinho.
━━ Então, quer ser meu namorado, Pete?
━━ Assim não tem nenhuma graça. Sem um jantar a luz de velas, um anel caríssimo e uma música romântica tocando no fundo. Sem falar que precisaria me levar para um restaurante com uma vista maravilhosa e fazer o pedido na frente de todo mundo. É claro, com alguém gravando para postar nas redes sociais com um texto gigante, digno de um sermão.
━━ Está brincando, não está?
━━ É claro que estou. Iria te matar se fizesse uma cena dessas na frente das pessoas.
O sorriso maldoso que Vegas o lançou fez Pete congelar. ━━ É sério?
━━ Nem pense em fazer isso, Veg...
Pete foi interrompido com os lábios de Vegas junto aos seus, o fazendo se render completamente. Para ser bem sincero, não precisava de um pedido romântico. Seu coração já era dele e tinha certeza que era correspondido, era mais do que o suficiente.
Pete o amava.
E iria pegar todos os cafés do mundo e enfrentaria vários seguranças do tamanho de um poste. Iria enfrentar tudo isso por Vegas.
Somente por ele.
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❝ 𝖳𝗈𝖽𝗈𝗌 𝗈𝗌 𝖼𝖺𝖿𝖾́𝗌 𝖽𝗈 𝗆𝗎𝗇𝖽𝗈. ─── 𝐕𝐄𝐆𝐀𝐒𝐏𝐄𝐓𝐄
FanfictionPete só tinha uma missão: preparar o café e o levar para Vegas. Porém, parecia mais complicado naquela grande mansão, quando todos os guardas pareciam querer cortar seu pescoço. Mesmo assim, iria preparar todos os cafés do mundo para seu namorado.