Que tipo de guenjutsu é esse?

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Suspirei desanimada encarando a janela do meu quarto, se passava das 2 da manhã e aos poucos as luzes em Konoha iam se apagando, nesse horário os estabelecimentos estavam fechando e as famílias dormiam tranquilamente. Tudo era silencioso. Aquilo me irritava.

-Droga.- resmunguei sentindo a brisa fria da madrugada fazer meu corpo tremer, acabei fechando a janela e indo em direção a minha cama.

Mesmo que no fundo eu soubesse que não adiantava nem tentar dormir, eu passaria a noite em claro me remoendo pelo passado, triste pelo presente e com medo do futuro. Tentar dormir, apenas conseguir cochilar, me encher de trabalho, chegar em casa e me deprimir, aquela era a minha rotina atualmente.

Faziam 4 anos desde que Sasuke abandonou a vila, 3 anos que Naruto havia me prometido que o traria de volta e saído em uma jornada para ficar mais forte acompanhado do mestre Jiraya. 4 anos que eu fui inútil e não consegui fazer Sasuke ficar e desistir daquela ideia maluca de ficar mais forte e vingar seu clã. 3 anos que eu implorei para Naruto me trazer Sasuke de volta custe o que custasse, sem nem ao menos pensar nas consequências disso.

Era ridículo, eu era ridícula. Não fui capaz de impedir Sasuke de parti e acabei envolvendo Naruto em toda essa confusão, eu joguei todo o peso e responsabilidade nas costas do Naruto. Afinal, que tipo de amiga eu era? Aquilo foi cruel, era pressão demais para alguém aguentar. Eu era a porra de uma covarde que sempre dependia dos outros, que desistia antes mesmo de tentar, que chorava implorando por ajuda, sempre um peso morto. Eu prometi a mim mesma que nunca mais seria um peso morto, que eu treinaria e ficaria mais forte, que eu seria capaz de trazer Sasuke de volta mas a quem eu quero enganar? Não importava se eu tinha me tornado discípula da grande Tsunade Senju, se era capaz de abrir uma cratera com um simples soco ou se conseguia realizar os ninjutsus médicos mais complicados, no fim do dia eu ainda me sentia uma inútil incapaz de ajudar os meus amigos.

Eu sentia falta do time 7. Kakashi-sensei e eu nunca fomos exatamente próximos, mesmo ele continuando na vila nos encontrávamos raras vezes e algumas vezes até participavamos de missões juntos. Naruto era o grande elo do time 7, ele trazia luz para a vida de todos. Desde que ele saiu da vila parece que uma parte de mim foi junto com ele, e somado a parte que Sasuke levou junto ao ir embora, não me restou nada. Tudo era tão silencioso, tão cinza e frio. Eu sentia tanto a falta de gritar com Naruto, de suspirar igual uma boba todas as vezes que Sasuke olhava para mim, eu sentia falta até das brigas ridículas entre os dois que sempre eram apaziguadas por Kakashi-sensei. Eu me sentia sozinha, não importava o quanto rodeada de gente eu estava, no final eu sempre sentia que estava sozinha, apenas eu e meus fantasmas do passado.


Assim que o dia amanheceu eu já estava de pé, tinha conseguido cochilar por algumas horas e aquilo era um milagre, já que nos últimos dias não havia conseguido pregar meus olhos com os contantes pesadelos que tinha. Tomei um banho frio e peguei meu jaleco antes de sair de casa em direção ao hospital. Não havia tomado café, já que não havia nada na geladeira ou armários da minha casa. Desde que me mudei para um pequeno apartamento no centro de Konoha, eu não havia feito muitas compras já que não parava em casa mesmo, minha mãe comeria meu fígado com farofa se soubesse disso. Ela dizia que eu trabalhava demais e ia acabar me matando de tanto trabalho, acho que esse foi um dos fatores que me fizeram querer sair da casa dos meus pais, eu não queria que eles me vissem como uma deprimida que se mata de tanto trabalhar pra não ter tempo de pensar na vida inútil que leva. É, eu estava deprimida e já havia aceitado aquilo. Aos poucos fui me isolando dos meus amigos, depois senti uma necessidade absurda de ficar sozinha e me mudei, pegava cada vez mais missões e me acabava de trabalhar no hospital. Isolada e viciada em trabalho, aquele era meu novo eu.

-Bom dia, Dr. Haruno.- Yumi, a recepcionista do hospital, me cumprimentou assim que atravessei as portas de vidro do lugar.

-Bom dia, Yumi-san.- sorri parando para pegar a lista com pacientes e franzi o cenho.- Achei que teria mais pacientes hoje.

Nosso Futuro - Shisusaku (Shisaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora