6° Frame | Decisão

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A sala encheu-se de aplausos. Bernardo subiu ao palco para fazer um discurso, agradecer à sua equipa por todo o esforço e dedicação e felicitar o bom resultado que tinham obtido. Depois, a multidão começou a sair do auditório para se dirigir ao beberete. Contudo, Caetano, sentado na penúltima fila, permaneceu em pé, a aplaudir. Mesmo quando Andreia passou de braço dado com um homem, que Caetano assumiu ser o marido, o gigante manteve-se imóvel.

A resposta que tinha de dar a Andreia não fora a única decisão que tomara.

Bernardo desceu do palco sob o ecrã negro quando a sala estava praticamente vazia. Subindo o corredor, o produtor levantou os olhos escuros, encontrando o seu irmão mais novo à sua espera junto da porta.

— Cae... Obrigado pela ajuda. Não tinha conseguido terminar o filme sem ti — disse, visivelmente tenso. As coisas entre eles estavam melhores, mas ainda não tinham conversado seriamente sobre o assunto para colocar tudo para trás das costas.

Caetano assentiu e esticou a mão aberta.

— Desculpa ter sido uma cria idiota e inconsequente — disse o mais alto, usando um dos insultos que o irmão lhe atirara à cara da última vez que discutiram, 7 anos antes.

Bernardo congelou antes de perder a compostura e apertar a mão do mais novo com lágrimas nos olhos.

— Espero que possas desculpar este fanfarrão orgulhoso. Eu deveria ter dado o exemplo, mas cá estou eu outra vez, a seguir as tuas pegadas e a pisar a tua sombra.

Bernardo riu e Caetano estreitou os olhos.

— Eu chamei-te muita coisa, mas fanfarrão orgulhoso não foi uma delas. É demasiado simpático para ter sido eu a dizer.

Bernardo riu de novo e Caetano esboçou um sorriso antes de abraçar o irmão. Ainda havia coisas para discutir e resolver, mas isso poderia esperar. Depois de tanto tempo, mais alguns dias não fariam diferença.

Os dois saíram do auditório e subiram ao andar de cima, onde se realizava o beberete. Bernardo foi ter com a namorada e o resto da família e Caetano afastou-se na direção oposta, dizendo que não tardaria a juntar-se.

Como sempre, encontrar Andreia não foi difícil. Encontrava-se a conversar com colegas da equipa de animação, que se desculparam e afastaram quando o viram chegar.

— Caetano — saudou Andreia com um sorriso ao girar na sua direção. — Este é o meu marido, Leandro Dias. Leandro, este é o Caetano Cruz.

Os homem trocaram um aperto de mão e o casal trocou um olhar ansioso antes de o fixar, expectante.

— Já sabes a resposta à nossa pergunta?

Caetano tinha usado as últimas semanas de trabalho para pensar duramente sobre o assunto. Tal como Ibn-Almundim, ele não teria pestanejado se fosse necessário plantar amendoeiras pelo país inteiro para fazer o amor da sua vida feliz. Porém, uma relação a três era um pensamento estranho e novo, ao qual ele teve de se habituar antes de o considerar com seriedade.

Caetano olhou a aliança de Leandro antes de pegar na mão esquerda de Andreia, que jazia esquecida ao lado do seu corpo, e fixar o objeto que tantas emoções lhe suscitava, acariciando-o distraidamente.

Ele tinha pensado muito sobre o assunto.

E estava finalmente pronto para partilhar a sua resposta.

F I M

530 palavras

Total palavras: 4994

Amendoeiras em flor ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora