5 Luto e Guerra, a divisão.

18 2 21
                                    

Frustrado, humilhado e, entregue ao choque e à tristeza, Jack ajoelhou-se ante aos corpos de seus familiares de sangue e adoção.

Ele não conseguia expressar emoções, o choro se recusava a sair e, os gritos prendiam-se em sua garganta.
O semblante assustado de Jack, o choque repentino que a morte causou ao agir em sua frente o fizeram travar.

Em sua mente, bilhões, trilhões... Uma infinidade de pensamentos e sensações ocorriam ao mesmo tempo.
A adrenalina causava calafrios e seu corpo inteiro tremeu por vários dias. Jack faltou suas investigações por muitos dias, mesmo sabendo que o tempo era curto.

Deixou de falar com seus amigos e de orar, mas em seu coração, não havia nem uma seta apontando o culpado, apenas uma parede que impediu alguma manifestação de sua parte. Nem mesmo o velório e enterro de seus parentes o tocaram ao ponto de o libertar do silêncio.

Ele apenas ficou em sua cama por vários e vários dias, não comia e nem bebia.
Apenas fazia suas necessidades, quando tentava comer devido a fome extrema, ele comia pouco e voltava ao seu estado.

Rasiel tentou de tudo para alegrar o seu amigo, mas nada do que tentasse dava certo. Tentativas frustradas e desenganos.
Tudo parecia um grande abismo entre ele e Jack.

Porém um dia Jack adormeceu em sua cama e, por algum motivo, teve um bom sono, ao acordar, sua cabeça estava sob as pernas de alguém, seu cabelo estava sendo suavemente acariciado, seu rosto era tocado por leves mãos que causavam arrepios prazerosos. Era o toque que ele sentiu falta por um bom tempo.

- Lilian?

- Shhhhh, tá tudo bem

- Você voltou...

- Sim, eu soube.

- ...

- Ei, prender o que está aí dentro vai te fazer pior do que você já está. Você não come faz dias. Solta tudo, conta pra mim vai, eu tô aqui pra você.

Após suas palavras, Jack não conseguiu conter as lágrimas. Seu coração quebrou e tudo que estava dentro da barreira escapou. Gritos e lamentações, Jack segurou a mão de Lilian e não largou.

Um choro incontrolável que apenas Jack e Ela compartilharam entre quatro paredes.
A moça por sua vez também desmoronou com o rapaz. Em soluços ele perguntava o motivo de uma rincha milenar. Sem respostas, Lilian apenas o abraçava mais forte.

- Eu não fui forte o suficiente, eu não... Eu não consegui fazer nada! Por que eu não consegui proteger eles? Justo no dia em que eu conheci a mulher que me gerou, tive que... Eu vi ela morrer na minha frente com a irmã de sangue que eu nunca conheci! Como se eu já não estivesse sofrendo o bastante, aquele Filho da puta ainda torturou e matou o homem e a mulher que me deram abrigo, amor, carinho e educação quando ninguém mais queria ou podia fazer isso! Eu fiquei parado olhando tudo! Eu não fiz nada pra impedir, eu me odeio! EU ME ODEIO!

Jack não conseguia conter a vergonha e o desprazer daqueles dias. Ele começou a imaginar uma realidade onde ninguém o deu o que seus pais aditivos deram, cresceu e morreu antes de chegar em sua idade.
Piorando sua situação e aumentando sua tristeza.

Mas finalmente a voz firme e sedosa de Lilian interrompeu seus pensamentos, tirou o foco dele de tudo aquilo e o fez olhar para a luz que emanava de seu semblante. O trazendo de volta para o horizonte.

- Vai ficar tudo bem... Não, já está tudo bem. Você não está sozinho, tá me ouvindo? Eu tô aqui com você, estamos juntos nessa e vamos superar, tá? Se acalma, respira! Você não pode ficar aí parado, o mundo precisa de você! Eu preciso de você... Te ver nesse estado machuca, sabia? O Rasiel tá preocupado, Johnny tá preocupado, até aqueles dois estranhos estão! Você precisa reagir, Jack.

Apocalipse: A revolta dos servos das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora