único.

532 43 37
                                    

ciúme (s.m)

é uma mensagem não respondida,
é paranóia que me condena e desatina.
é quando sua mão foge da minha sem
razão aparente. é te ver preferir dar
mais atenção até pra parede.
é aquilo que se não se cuidar,
mata uma relação, é delação desnecessária.
é tempestade em copo d'água.

é meu coração com medo de perder a única
coisa pela qual ele quer bater.

(JOÃO DOERDELEIN)

•••

Heloísa se segurava para não revirar os olhos pela terceira vez seguida em um curto período de tempo, Anastácia estava de passagem na cidade e estavam indo para a festa da vila. Pelo o irmão de Leônidas, decidiram manter uma relação estável, afinal o garotinho havia se aperfeiçoado demais tanto em Heloísa quanto em Leonidas. Estavam indo comemorar a festa dançante, era algo que faziam todo ano na vila e naquele ano não seria diferente. Tocavam todas as músicas possíveis, samba, músicas nacionais e internacionais. Obviamente Heloísa fez questão de ir, mas não fez questão alguma que Anastácia fosse, Leônidas a levou por gentileza, o que imediatamente fez Heloísa revirar os olhos e ouvir gargalhadas de Eugênio e Olívia atrás de si. Olívia ia na frente com a irmãzinha, Pedrinho e Tenório, Eugênio e Violeta estavam terminando de se arrumar quando saíram de casa, o que obrigou Heloísa a ir na companhia insuportavelmente irritante de Anastácia.

Andava cinco passos à frente, apertando os passos na medida em que a voz fina e irritante se fazia presente, ato que não passou despercebido por Leônidas já que ele a chamava a cada cinco minutos.

— Heloísa, espere. – o tom usado era como se repreendesse uma criança, o que arrancou uma risada de Anastácia e um revirar de olhos de Heloísa. — A festa não irá fugir de você.

— Estou preocupada com Cecília, só isso. – ela respondeu seca, sem se virar para o casal mas sentindo uma mão beliscar sua cintura.

— Acho melhor melhorar essa cara, minha irmã. – Violeta zombou, fazendo Heloísa bater na sua mão já que ela beliscou novamente e naquela vez havia doído.

— E acho melhor você não me provocar. – ela rebateu, encarando os olhos castanhos a sua frente. — Essa rua é esburacada e você está de salto.

— Está cogitando me jogar no chão? – a voz surpresa da irmã fez ela querer ir.

— Me irrite mais uma vez, e passará a maior vergonha da sua vida. – ela estalou a língua, apertando o passo novamente.

Chegaram a festa e dessa vez Violeta e Eugênio se juntaram a voz irritante e a Leônidas numa conversa estupidamente chata, céus aquilo não acabaria nunca? Avistou Olívia conversando com Fátima e deu graças a Deus por achá-la, correu até elas sem sequer disfarçar e apertou o ombro da filha que sorriu.

— Graças a Deus te achei. – ela respirou aliviada. — Se ficasse mais um minuto na presença daquela coisa, não responderia pelos meus atos.

— Coisa? – Fátima virou a cabeça, prestando atenção em Leônidas conversando com uma moça.

— É ciúme, mãe. Ignora. – Olívia riu da cara de tacho da mãe, que ao reparar que ela não tinha nem a irmã, nem o irmãozinho de Leonidas nos braços, arregalou os olhos.

andante, andante Onde histórias criam vida. Descubra agora