Único.

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O zumbido do vento era alucinante, como milhares de almas tentando passar entre as frestes da porta, como se tivesse sido perseguido, observado. Félix estava com medo. Se arrepiava cada vez que sentia o vento frio percorrer seu corpo inutilmente  coberto.

Não era o vento, não podia ser, tudo estava devidamente fechado, era inverno. Era alguém que lhe acariciava o corpo. O coração batia tão rápido que pensou escuta-lo quando o som parou por instantes. Não escutava mais o quer que fosse na sua porta, mas o relógio começou a apitar. Seu relógio de pulso que apitava em certos horários marcados.

Sabia que não tinha nada marcado para a madrugada desse mesmo dia. Se atreveu a olhar o horário. Estava marcado às três da madrugada. Desligou o relógio.

Estava sonhando?

O suor frio escorria pela testa, trilhando até escorrer, pingando sua camisa. Um pesadelo quase real, realçado pelo filme de terror que assistira mais cedo? Sabia que não gostava de filmes de terror, mas sempre se subestimava assistindo.

Se sentou, enxugou o suor e olhou para o lado escuro do quarto. O coração mais uma vez fazendo seu trabalho dobrado, como se tivesse fazendo hora extra e trabalhasse a todo vapor para terminar logo seu turno. Estava acelerado como se tivesse colocado sapatos e fosse para maratona, mas estava sentado na sua cama olhando para o canto escuro que se assemelhava bastante com uma pessoa.

- Não é nada... - Desviou o olhar, piscando várias vezes. Se mexeu. Algo se mexeu dentre as várias sombras ali. Caminhava sutilmente parecia querer ir ao seu encontro. O corpo paralisado e suado. O coração cansado, pensando se pararia de bater ou não. Félix por um momento desejou ter sua alma levada para quê não visse o quê aquele monstro era. Sim, monstro. Analisava como um.

Mas... O quê...?

A coisa se mostrou na luz da lua. As vestimentas brancas, a aparência jovial, o cabelo penteado para frente, altamente reluzente, como se tivesse indo para missa de domingo. Mas tinha algo que chamava ainda mais atenção. Os olhos vermelhos. Um vermelho vivo, cor sangue, brilhavam mais que a lua nessa madrugada.

- Você é... - Ia falar um demônio se não tivesse sido interrompido.

- Um anjo. - As voz era suave, como se falasse cantando. - Vim levar sua alma.

- L-levar minha a-alma? - Outro arrepio percorreu seu corpo como se tivesse sido alertado que aquilo era furada. Era um golpista disfarçado.

- Você morreu. - Sorriu gentilmente, como se tivesse enganando uma presa fácil. - Você aceita ir para o céu? - Estendeu a mão.

- Por que seus olhos são vermelhos? - O sorriso nos olhos do suposto anjo se desmanchou, como se a polícia tivesse invadido a porta para o levar preso por falsificação de identidade.

- Então você vê? - O olhar, seguido de toda feição meiga de antes esvaiu de seu ser. Agora a visão era amedrontadora. As vestes brancas deram lugar a roupas vermelhas, o sorriso meigo à um sorriso malicioso. - Eu sempre quis corromper uma alma iluminada, Félix. - Parecendo como se tivesse em parque de diversões e o Yongbok fosse o brinquedo mais disputado, se sentou na cama.

O corpo em cima dos joelhos. Analisando tudo e um pouco mais do corpo que tremia. Félix se levantou em disparada, a cama derrepente ficou quente quando o ser maléfico sentou perto.

- V-vá embora, demônio! - Andava para trás, não ousando dar as costas, esbarrando em várias prateleiras. - MÃE! PAI!

- Ora, não fuja de mim. - Félix o olhava com um medo surreal, lágrimas já molhavam suas bochechas sardentas. - Me dê sua alma, basta pegar minha mão. - Estendeu novamente a mão, o sorriso sem simpatia, impaciente. O corpo curvado para frente, o olhar cintilante.

Red eyes •HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora