Capítulo 38 Nadin e Allya ... Descobertas de sentimentos

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A viagem até seu apartamento  foi feita no mais completo silêncio. Apenas quebrado pelo som de uma música latina que começava a tocar no interior do carro .

__Que música é essa Nadin  ? É Jazz? __ela perguntou quebrando o silêncio  ,  a respeito do saxofone que os envolvia em uma atmosfera sensual.

— John Coltrane, conhece? Mamãe que insistiu pra eu pôr na minha play list, quando viajo com ela .  Mamãe adora . Você também é fã de jazz?



Allya balançou a cabeça .



— Não. Quero dizer, eu não conheço quase nada de jazz, não consigo prestar muita atenção.



— Que tipo de música você prefere?



— Alternativa, principalmente.



— Exatamente...?



— Ah, você sabe :Moğollar, Kurtalan Ekspres, Mavi Işıklar, Apaşlar e Kardaşlar.  Allya citou as bandas turcas . Mas ultimamente estou ouvindo muito as músicas brasileiras. 
Como tudo parecesse estranho a Nadin , ela procurou explicar:



— Acho que eles eram enquadrados como  se diz em inglês ? “New Wave” quando você era jovem Nadin .



Ele franziu o cenho.



— Perdão moça . Eu ainda me considero jovem. Certamente ainda não estou preparado para uma casa de repouso.



Ela riu.



— Oh, só estou brincando, Nadin .  Nossa, espero que nosso filho tenha pelo menos o meu senso de humor.



A repentina menção daquilo que os levara àquela situação deixou-os imediatamente sérios e nervosos .



— Nosso filho? — repetiu Nadin  com um tom de voz estranho analisando o que acabara de ouvir .



— Quis dizer meu filho  — ela corrigiu-se imediatamente. — Espero que o meu filho tenha o meu senso de humor.

Ele acenou com a cabeça , e ela ficou imaginando em que ele estaria pensando. Estaria ele pensando se realmente queria manter contato com ela e com a criança ?
__ Nadin , se você ....
__ Está tudo bem Allya . Ele a tranquilizou . __ Só é estranho ... Irei me acostumar com a ideia. A palavra”  pai “ é nova para mim .
Ela concordou e Nadin mudou de assunto:

__Então você gosta de cães? 

— Adoro! Meu sonho é ter um setter irlandês. Fiquei feliz em saber que você tem uma dessa raça .

__ Se quiser pode conhece- la amanhã . Pan é um doce ! Fujona mas doce.

Allya esboçou um sorriso de pura felicidade. — Adoraria .

— Quando eu for para minha nova casa pretendo ter um . Mas não acho filhotes nessa região .

__ Casa nova ?

— Sim ...comprei uma pequena propriedade em Bodrum . Está em reforma . Mas ainda não acabei de pagá-la — acrescentou com rapidez.

— Allya, não sou nenhum troglodita que não aceita que uma mulher tenha sucesso. Acho ótimo que possua uma casa  e tudo o mais que seu trabalho honesto puder lhe proporcionar. Ainda está fazendo confusão com aquela conta do restaurante.



Minutos depois, Nadin  tentava localizar a  entrada certa que ambos passaram  algumas horas atrás . A  neve estava piorando   não estava facilitando  a visão aquela hora do noite . E ele tentava chegar o mais rápido possível ao apartamento de Allya antes a tempestade de neve piorasse .



Allya observava atenta  os flocos de neve batendo no retrovisor .



— Foi o destino que nos fez perder a primeira entrada do meu bairro e depois  você me convidado para dançar  — comentou. __ Senão jamais saberia que você tinha uma cachorra e que adora o filme Bússola de Ouro .

Nadin  meneou a cabeça, em um gesto incompreensível e encabulado.

— Pelo jeito, não acredita em destino.

— Ao contrário de nossos avós, ketenci não sou supersticioso. Mas acredito em “daemon “ disse ele brincalhão  se referindo ao filme .



— O quê? Isso é uma heresia para um descendente turco! — recriminou-o, brincalhona. __ E sua   “daemon” é a sua cachorra Pantalaimon ?

__ Evet . Não vivo sem ela !   Mas as lendas turcas  não acredito nelas ....

— Jura que não acredita em nenhuma das velhas lendas turcas ? Nem mesmo aquela sobre o pote de ouro no fim do arco-íris?



Nadin riu. Tudo era tão divertido ao lado de dela! Se um dia se casasse, gostaria de sentir aquele mesmo clima de descontração e cumplicidade ao lado de sua mulher.



“O que estou pensando?!” A palavra casamento deveria ficar a quilômetros de distância da cabeça de Nadin .



— Também não acredito em duendes, bruxas ou poções.

— Nem mesmo em poções do amor? — Allya provocou, sabendo que estava entrando em terreno perigoso.

— Muito menos nisso! — Fez uma pausa para colocar as idéias em ordem. Então, inverteu o jogo, pressionando Allya: — Ei! Por que perguntou? Acaso acha que sou algum dom-juan?





Ela enrubesceu, odiando-se por ter feito aquela pergunta. Afinal,  Nadin  poderia concluir que conquistara seu coração também.
Seria verdade?



— Ora, Nadin ! Você me beijou logo em nosso primeiro encontro. Só falta dizer que isso nunca aconteceu antes.

— Bem, ao menos, não com tanta frequência... — mentiu, decidido a não revelar que jamais beijara uma mulher que acabara de conhecer. Não queria que Allya se sentisse tão confiante em relação ao domínio que exercia sobre ele.

Na verdade, naquela noite, ao vê-la na frente do restaurante brasileiro, tentando conseguir um táxi, enquanto a chuva caía sem piedade, seu coração quase parara de bater. Allya parecia um ser etéreo e mágico, uma fada das velhas lendas da terra materna que havia pousado na Terra por um momento, apenas para ofuscar os homens do mundo real. Tivera de beijá-la para provar a si mesmo que aquela garota era de carne e osso, não uma alucinação.

— Quanta modéstia, Nadin Ilgaz! Pois, aposto que isso acontece sempre. Foi um beijo experiente demais.

— O que quer dizer com beijo ‘experiente’?

— Vire à direita naquela encruzilhada e diminua a velocidade. É costume haver guardas de trânsito por toda a parte nesse horário .

A cada minuto, a situação de Allya ficava mais complicada. Logo Nadin iria achar que estava apaixonada. Que absurdo!

— Está certo, princesa , mas não esqueça de responder o que perguntei.

— Preocupado com sua técnica?

— Pode ser... — desconversou, cínico e misterioso. Naquele jogo de sedução, nenhum dos dois queria confessar que sentia-se atraído pelo outro. Mesmo Nadin deixando bem claro sobre seus sentimentos lá no mirante ....

De repente, luzes vermelhas brilharam no espelho retrovisor, seguidas pelo característico barulho de sirene.

— Eu avisei.. — Allya murmurou, sentindo um certo sabor de vingança.

— Que vergonha!

Nadin  estacionou no acostamento. Estava tão perturbado, pensando nos beijos voluptuosos de Allya que nem prestara atenção ao velocímetro.

Baixou o vidro, olhando de relance o policial que se aproximara. Em seguida, entregou-lhe os documentos do veículo e sua habilitação.

— Nadin Ilgaz — O guarda caiu na gargalhada. Ofendido, Nadin  rangeu os dentes, brindando o oficial com seu olhar mais feroz. Então, seus olhos se arregalaram ao reconhecer Firat , o irmão de Seher .

— Firat?

O rapaz ajeitou as luvas   e estendeu-lhe a mão.

— Como vai, Nadin ? Há quanto tempo! Como está?

— Um pouco melhor do que dois minutos atrás... — confessou, com imenso alívio. Em seguida, apertou a mão dele e  o apresentou a Allya .

— Já nos conhecemos. Esqueceu que moro aqui perto Nadin ? Como vai, Firat?

— Prazer em vê-la de novo, Allya.

Meio enciumado, embora relutasse em aceitar o fato, Nadin  saiu do veículo.

— Vamos discutir esse pequeno problema ali adiante, Firat. — Nadin  apanhou as luvas . Estava certo de que o Firat não iria multá-lo, mas não queria constrangê-lo na frente de Nadin .

Enquanto Nadin tentava resolver aquele problema, Allya concentrou-se na próxima música .



Nadin voltou e se acomodou ao volante. — Só espero que cheguemos ao seu apartamento sem mais nenhum contratempo!

— Amém!

Os dois riram.



De súbito, um calor estranho percorreu-lhe o corpo, ao sentir que se aproximavam do seu apartamento. Ficaria a sós com Nadin e ninguém para os interromper .  Será que teria coragem de levar o acordo adiante? Ou pior, e se acabasse vítima de seus próprios esquemas, apaixonando-se de verdade por ele?
O que fazer , eis a questão!

Eram duas e quinze da madrugada , quando Nadin  finalmente parou em frente  ao seu apartamento .  Ele desceu do carro e foi abrir a porta para ela . Entraram juntos na recepção de mãos dadas . Ambos  cumprimentaram Emre ,e entraram no  elevador ,onde ele  acompanhou- a até o seu andar .Ela hesitou durante alguns instantes perto da porta, sabendo que poderia mandá-lo embora, com a desculpa de que precisava levantar cedo na manhã seguinte. De um modo ou de outro, sabia que ele aceitaria seu argumento sem protestar. Mas ela não queria isso ...

Allya abriu a porta e convidou- o a entrar .
Nadin sentiu a mudança de comportamento dela . Diferente da mulher que quase se entregara no mirante e a engraçada mulher dentro do carro .
__ Quer acender a lareira enquanto preparo um café para nós ? Está tudo ali . Fique a vontade ._ Allya foi direto para a cozinha deixando Nadin na sala . Naquele momento, daria qualquer coisa para voltar no tempo e nunca ter mencionado sobre o desejo de ter um bebê com Nadin . Estava nervosa. Começou a preparar um café . Com as mãos trêmulas  acabou derrubando o pó de café na pia e quase deixou cair o bule no chão. Preparou duas xícaras de café e colocou um pouco de biscoitos num pratinho. Levou um susto quando o viu aparecer a seu lado.

— Não achei o acendedor . Ele murmurou olhando em volta .

— Está embaixo da pia. Deixe que eu o pego.

Os dois se abaixaram ao mesmo tempo, e seus olhares se encontraram. O coque de Allya estava quase se desmanchando  , Nadin  não resistiu e os tocou.

— Você é linda .

— O-Obrigada.
Nadin  a segurou pelos ombros e a beijou nos lábios.

Ela correspondeu com ardor, como se estivesse esperando por aquele beijo novamente . Sentiu a boca quente e úmida sobre sua. Talvez não fosse tão má ideia assim continuar com o plano.  Afinal, era o que ela mais desejava , não era?    Quando finalmente se afastaram, ela não conseguia ordenar suas emoções.

— Acho que não devemos parar por aqui, Allya.

— Por favor, Nadin. Vamos para a sala. Não consigo pensar direito quando estou muito perto de você. Aqui está o acendedor. Vá acender a lareira.

Instantes depois, quando ela surgiu na sala, segurando a bandeja com o café e os biscoitos, as chamas já crepitavam na lareira, e Nadin  a esperava, sentado no sofá florido com almofadas soltas.

— Só não entendo por que você quer ter contato comigo  ? — Allya indagou de repente, sentando-se na poltrona em frente a ele.

— Quero apenas saber se está tudo bem. Você é muito independente. Talvez não me procure mesmo se precisar.

Ele tinha razão, pensou Allya.

— E se eu conhecer alguém... e me envolver. Você me entende, não? Ainda assim me telefonaria?

— Acho que teremos de pensar nisso quando acontecer.

— Nadin , o que realmente quero é ficar grávida e... sozinha. _ Mentiu .

— Já entendi isso. Porém, minhas condições são essas. Quero ter contato com você e com a criança a cada semana se possível . Mamãe é doida por um neto. E não posso esconder essa criança  dela !
Ele era tão certo e arrogante !
__ Nadin , eu sei que você quer tentar algo comigo ... E talvez eu queira isso também .... Mas morro de medo de sofrer outra decepção . Acho que não aguentaria ! Portanto , não farei promessas. Vamos deixar as coisas como tem que ser ...
__ Eu sei . Mas minha intenção por enquanto não é essa.
Nadin,  era o homem ideal para ser o pai de seu filho.

Afinal, vê-lo a toda semana  não seria tão difícil assim.

—  Está bem, Nadin. Aceito as suas condições.

Ele se levantou, pegou as mãos de Allya e ajudou-a a, se levantar.

— Vai dar tudo certo. Não se preocupe. Acredite em mim. — ele murmurou, roçando seus lábios nos dela.

Allya fechou os olhos, esperando por outro beijo.





Em silêncio, Nadin pôs-se a fitá-la  durante segundos. Estendeu o braço e tocou-lhe o queixo.

Os dedos eram quentes contra a pele dela. O coração de Allya disparou, mais uma vez. Analisou Nadin . Quis afastar-se dele, mas não pôde.

Estava perdida.


A quietude era tão extrema e penetrante como Allya jamais sonhara ser possível. Algo estava prestes a acontecer, não tinha dúvida.


Algo maravilhoso.


Ou terrível. Não sabia ao certo.



O momento pareceu congelado no tempo. Ela sabia apenas que estava presa em uma armadilha, incapaz de falar ou mover-se, enquanto esperava por alguma coisa que não compreendia direito.

Nadin  fitou-a, surpreendendo-se mais uma vez com a beleza radiante de Allya. Ela estava perfeita e sensual com as mechas que escapavam do coque  a boca ampla e os olhos cor de mel  brilhantes. Ela o encarou e seu coração disparou. Sentia-se caminhando à beira de um precipício, correndo o risco de cair tão fundo que nunca mais poderia voltar à tona. Sabia que era insanidade, mas estava se apaixonando por Allya Ketenci.


Nadin suspirou e afastou uma mecha de cabelo de sua testa e pós atrás de sua orelha. Confuso com as novas emoções que ela lhe despertava .

— Allya , você esta no comando . _ ele comentou ._    Então o que deveremos fazer?

Boa pergunta, ela pensou.

—    Eu... é... eu não sei. Acho que podemos... ou melhor, você pode, se preferir. Para mim é indiferente.



— Eu posso o quê?



Ela inspirou nervosamente e simplesmente sugeriu:

— Pode voltar a me  beijar novamente por exemplo...


Nadin  se moveu. Não para longe dela, mas na direção de Allya . E tudo o que ela pôde fazer foi baixar as pálpebras e prender a respiração.


Sem hesitação, Nadin    então envolveu-a determinadamente em seus braços. Antes que Allya pudesse pensar no que estava acontecendo, ele tocou os lábios dela com os seus, acariciando-os suavemente. Ela cerrou olhos, deliciada com aquele contato, segurando-o pela casaco  e colando seu corpo ao dele. Por um segundo, ele afastou-se e fitou-a para então voltar a beijá-la exatamente da mesma forma. Allya  só conseguiu pensar que jamais fora tão... tão acarinhada. Nem mesmo quando estava com Daniel!
Ela não conseguiu avaliar quanto tempo ficaram assim, na  sala  trocando carícias quase inocentes. Quase. Então, o que principiara como um tipo de exploração sutil gradualmente cresceu em intensidade. Os dedos de Allya pareceram adquirir vida própria, passeando pela colarinho, dali para o pescoço de Nadin, para o rosto, o cabelo. Deixou que seu tato avaliasse a maciez da camisa de algodão, a aspereza do maxilar, a suavidade do cabelo negro. O perfume Bulgari dele a envolvia, uma fragrância amadeirada que só sentira nele.

Nadin , por sua vez, beijava-a com uma intensidade cada vez maior, deslizando suas mãos por aquele corpo que discretamente vinha cobiçando desde quando a conhecera na Confeitaria . No princípio, passara seus dedos pelo cabelo castanhos  e segurara-a pela nuca. Agora, permitia que suas mãos descessem para os ombros. Estreitou-a junto a si, espalmando as mãos em suas costas, deslizando-as suavemente pela coluna, parando na cintura, como que temendo uma aproximação mais íntima.

Calor. Era a única sensação que Allya  conseguiu identificar quando a boca de Nadin brincava com a dela   novamente  de modo tão possessivo. Droga ! Ele beijava bem ...



Então, pouco a pouco, outras percepções invadiram seu cérebro. O sabor daqueles lábios, da língua traçando o contorno dos dela...

Como se possuíssem vontade própria, os braços dela enlaçaram o pescoço de  Nadin . Seus dedos mergulharam nos cabelos escuros da nuca, puxando a cabeça para bem perto.

O beijo tornou-se mais ardente, exigente, e ela  permitiu a ele aprofundar-se ainda mais.

O desejo que a invadia era tão puro que parecia vir de sua própria alma. Agarrou-se a Nadin , os joelhos bambos. E a breve distância que percorreu apoiando-se no corpo forte mudou tudo, intensificando as sensações que ela experimentava, barrando todo seu raciocínio.



Podia apenas sentir as coxas fortes contra as suas, a massa sólida do tórax pressionando seus seios, as mãos em seu rosto e depois nas costas, o calor de  Nadin penetrando pelo tecido de sua roupa.



Allya gemeu, envolvida em tanta volúpia.



Nadin falou. Algo sussurrado, meio sem fôlego, que excitou-a, embora não o tivesse escutado com clareza.

O que disse? Teria murmurado seu nome?

Piscou algumas vezes, e percebeu que ele afastara-se um pouco. Encarava-a, a expressão impenetrável.


Ele tocou seu rosto de leve com a ponta dos dedos. E quando falou novamente  , o fez com voz rouca e suave.

— Allya, eu fui educado para ser um gentleman e procuro me comportar como tal durante a maior parte do tempo. O problema é que os sentimentos e as emoções que você me desperta são tão fortes, que estou tendo dificuldades em lidar com eles. Ontem à noite eu deixei este apartamento quando minha vontade era tomar você nos braços e levá-la para a cama. O que me segurou foi a  ruga de nossas mães ! Não sei se serei capaz de repetir hoje tal comportamento. — Ele lhe deu um beijo no rosto. — Eu te quero muito, Allya. E melhor eu ir, enquanto tenho condições de fazê-lo.



Ela engoliu em seco e sentiu um arrepio.

Allya  respirou fundo, tentando pensar com clareza. Só que a tarefa em questão era impossível. Nenhuma mulher podia raciocinar direito, tendo Nadin Ilgaz ao lado.


A verdade era uma só: queria Nadin . Jamais desejara outro homem com tanta intensidade, mesmo que fosse por uma noite só.



E então, para a sua grande surpresa, ouviu-se dizer:


— Não vá — ela murmurou numa voz que nem parecia a sua.

As palavras “eu o quero” ecoavam em sua mente. Ela só poderia estar enlouquecendo.


— Ultima chance para você mudar de idéia — ele murmurou.



Ela deu um sorriso.



— Não vou mudar de idéia.



Com dois passos, Nadin  cobriu a distância que os separava, colocando-se bem à frente de Allya. Estavam tão próximos que ela podia sentir  sua colônia após-barba.







— Allya !



Fora apenas uma palavra, mas que dizia tanto! Ela sorriu, tentando imprimir a sensação, o aroma de Nadin , em sua memória.



— Allya . — Ele a fez erguer o queixo e beijou-a na boca .

E eles se beijaram com furor. Com desejo. Mas era diferente. Era mais turbulento que qualquer outro beijo que dera em sua vida inteira.



Que beijo! Sua boca suavizou-se para permitir que a língua de Nadin  a invadisse. E ela aceitou todas as carícias. Sem decepções ou receios, sem nada entre ambos a não ser um amor não confessado, Allya  pôde saborear cada sensação, cada resvalar de língua, cada formigamento que a boca de  Nadin  transmitia por todo seu corpo. Ele ergueu a cabeça, e murmurou:



— Vê o que faz comigo...?



— E você vê o que faz comigo...? — Allya  sorriu. — Mas faça mais!
— Por que não vamos para o seu quarto agora?

— Agora? — perguntou. — Pensei que...

— Afinal, quer ficar grávida ou não? — questionou Nadin , acariciando os cabelos dela e beijando-lhe o pescoço.

— Claro que sim! Apenas pensei que seria... num hotel.

—  Aqui é o centro da sua vida, Allya. Não conheço lugar melhor do que este. Acho que você não gosta que eu esteja aqui, não é?

— Sim! Nunca dormi com ninguém neste apartamento .

— Está com medo?

— Claro que estou. Você é praticamente um... estranho para mim.— E você , não está  com medo? — ela perguntou, gentilmente.



Ele acenou com a cabeça.



— Sim, estou.


Ela sorriu.

— Eu também.


—  Não há melhor meio de nos conhecermos do que fazendo amor — ele afirmou com a voz trêmula , tomando-a pela cintura e beijando-a com paixão.


Allya afastou-se somente o espaço suficiente para estudar aquele rosto e ficou satisfeita com o que detectou. Ele parecia tão nervoso quanto ela. Tão nervoso quanto ela e obviamente igualmente ansioso por prosseguir a exploração.


Nadin tirou o casaco dela , e depois retirou o seu jogando- os no encosto do sofá .
Um dos braços de Nadin  a segurava com firmeza contra ele, o outro acariciava a extensão de sua coxa. O vestido tinha subido e, quanto mais a mão dele deslizava, mais ela tentava conter o desejo.



Os dedos dela exploravam o rosto dele. Ele murmurou algo quando segurou-os e colocou-os entre os dois, até que ela estivesse cobrindo a rigidez da ereção dele sob as calças. Um desejo ardente que borbulhava sob a superfície desde o primeiro beijo. Agora tudo estava fora de controle.



Ele soltou o coque frouxo que já estava quase se desfazendo e pegou o cabelo e puxou a cabeça dela para trás, abandonando a boca para beijar-lhe o pescoço com beijos quentes.



Ela contorcia-se de excitação, a pele reagindo a cada toque de seus lábios e de sua língua. Um simples puxão e a manga de seu vestido de lã escorregou dos ombros .  Quando o ar atingiu seu seio, a boca dele continuou a atormentá-la até chegar ao bico de seu seio e chupá-lo sensualmente. Uma explosão de prazer a fez estremecer.



Em seguida, abandonou o seio, que pulsava em protesto, e voltou para a boca. Ela gemeu. Ele respondeu levantando-a e trazendo-a para seu colo sem interromper o beijo. Pressionou seu corpo contra o dele. Nadin  encorajou-a, apertando as nádegas dela, que agora estavam completamente de fora porque o vestido estava na cintura. Um calor flamejante fazia o meio de suas pernas arder e os dedos trêmulos  agarravam os cabelos sedosos dele.


Com um restante de bom senso que tinha Nadin ainda voltou a perguntar .



— Ainda continua nervosa não é? Não vai ser necessário irmos adiante, se você preferir parar aqui.



— Mas eu quero ir adiante. — Fazer amor com Nadin  era o que mais ela desejava no mundo.


—Posso parar se quiser.  __ Ele falava sem parar de beija- la .


Ela balançou a cabeça.

— Não. Eu... — Ela procurou palavras que melhor definissem seu estado de espírito ao receber outro beijo na boca .


— Estou me sentindo bem, Nadin. Está gostoso. Acho que isso é um bom sinal.

— Um sinal? — Ele a beijou no rosto e encostou a testa à dela.


— Sinal do quê?



Ela fechou os olhos, deliciando-se com a sensação do dedo de Nadin  deslizando pelo seu rosto.

— Acho que vai dar certo. Acho que nós... vamos gerar um bebê hoje.


Ele afastou o rosto e fitou-a com os olhos solenemente castanhos . Mas então sorriu, um sorriso lânguido e terno que sinalizou para ela que tudo iria dar certo.


— Você está segura? — ele perguntou gentilmente, segurando-a pela cintura.



— Está absolutamente certa de que é exatamente isso o que você quer?


— Sim — ela afirmou. — E exatamente o que eu quero.


Nadin  então voltou a beijá-la, maravilhando-se com a sensação de estar novamente com uma mulher após um tempo sem sexo , e lembrou da primeira vez que a viu sentada com sua mãe. E o quanto a vinha desejando desde então  ....





Em seguida, pegou-a no colo e, sob a orientação de Allya, levava-a para o quarto. Ela não entendia como ele andava sem tropeçar, pois a boca dele não desgrudara da sua.


Continua ...

 Eu Tenho Apenas Um Amor,Confiado a VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora