isso é romântico o suficiente?

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Yunho já havia separado a salada por cores. Mingi assistia sem prestar muita atenção, fazendo perguntas sobre seu dia, tentando não comer tão rápido para acompanhá-lo.

— Acho que vou no dentista essa semana. — disse.

— Por quê? — Yunho perguntou sem desviar o olhar do próprio prato.

— Rotina.

— Não gosto de dentistas. Eles são barulhentos e conversam demais. — Mingi deixou escapar uma risada. — Me fala quando você for, porque vou querer carona. Acho que vou começar uma extensão.

— Sério? Isso é perfeito! — seu namorado sorriu animado, mesmo não sabendo muito bem o que aquilo significava.

Mingi trabalhava numa loja de móveis e decoração e foi lá que conheceu Yunho. Ele estava procurando uma escrivaninha que fosse estável e não balançasse, mas todos os vendedores insistiam que a mesa não balançava. Mingi foi o único que teve a paciência de verificar e foi constatado que sim, todas as mesas tinham uma irregularidade, por isso não se sustentavam tão bem.

Depois disso, Mingi verificou o número de Yunho no cadastro de clientes e começou a busca por um encontro. A princípio, o Jeong o achava insistente e intrometido, mas ele não entendia que isso era um flerte e que estava caidinho por ele.

Mingi era paciente. Ah, uma coisa que sua mãezinha lhe ensinou muito bem é que o mundo é apressado demais e às vezes é preciso desacelerar. Ele sempre dava carona para o namorado até a faculdade e fazia um curso técnico pela noite, já que não poderia se dedicar inteiramente a um curso superior de forma integral.

Yunho demorou muito para aceitar Mingi em sua vida - inclusive isso era um motivo discussão, pois o namorado vivia insistindo para que morassem juntos, mas ele era relutante a mudanças.

Para Yunho conseguir se referir a Mingi como seu namorado, foi um passo muito importante. Ele tinha muita dificuldade com esses rótulos sociais e não entendia porque era tão importante para Mingi.

— Se você disser "Mingi vem me buscar" as pessoas acham que é um cara qualquer, mas se você disser "meu namorado lindo e atencioso vem me buscar" soa muito melhor, entendeu?

— Não.

Pelo menos ele achava isso fofo.

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O passeio preferido do casal envolvia observar a lua e as estrelas. A mãe de Mingi sempre dizia que era como ele podia encontrar as pessoas especiais mesmo distantes e ele sentia muita saudade de sua mãezinha. Yunho demorou entender que ficar sentado na janela olhando para o céu era considerado romântico, mas apreciava a importância daquilo para ele.

E Yunho era fiel a datas. Ele nunca esquecia nenhuma data comemorativa, feriados e aniversários. Não tinha tantos amigos para se lembrar de seus aniversários, mas o presente do namorado era comprado com meses de antecedência.

Era sábado quando seu despertador tocou. Sem hesitar, ele se levantou e bebeu apenas um copo d'água, se arrumando apressadamente para uma longa caminhada até a casa de Mingi.

Ele não queria ir de metrô ou táxi. Fazia parte do presente todo o esforço e temia que o aniversariante acabasse não gostando, mas expulsou esses pensamentos quando já estava chegando em sua casa.

Tocou a campainha duas vezes - era seu número ideal - e esperou. Mingi abriu a porta com o cabelo bagunçado e usava somente uma calça moletom velha.

— Feliz aniversário! Muitos anos de vida. — Yunho se esforçou para abraçá-lo, porque sabia que essa data valia o esforço. Entregou a caixa de presente e caminhou até o balcão da cozinha, ansioso para ver a reação dele.

— Você veio caminhando? — ele perguntou ainda tentando processar o que acabava de acontecer. Isso não era do feitio de Yunho.

— Sim. Também tem uma carta feita à mão e espero que o presente seja útil. Eu queria que fosse romântico, mas não sei se está romântico o suficiente. — falou atropelado, fruto da ansiedade.

— Yunho. — Mingi sorriu entre um bocejo. — Obrigado.

A caixa continha um relógio de parede decorado com várias estrelas e pontinhos brilhosos. Era algo extremamente fofo e nada desagradável de se olhar - como Yunho julgava alguns relógios decorados. Mingi adorava estrelas e tudo relacionado a isso. Era sua pequena obsessão e Yunho foi cuidadoso o suficiente para escolher algo com esse tema. Na carta havia também alguns adesivos e desenhos feitos por ele mesmo de estrelas e as fases da lua. Com toda certeza aquilo era romântico.

— Um relógio? Por quê?

— Porque você atrasa pra me buscar. E porque você gosta de assistir às estrelas num horário específico, mas nunca é na mesma hora, então agora podemos fazer isso pontualmente. Você gostou? — sua voz saiu um pouco infantil, como uma criança em busca de aprovação.

— Eu amei, eu amei, eu amei! Esse é o melhor presente do mundo, eu te amo! — Mingi o abraçou, não percebendo como aquela frase tinha impacto para Yunho.

— Você me ama?

— Ah, eu quis dizer... sabe, você não precisa dizer de volta, eu entendo.

— Não. É que... — ele coçou a cabeça. — É que eu sinto muitas coisas quando estou com você e você me entende como ninguém mais e eu nunca faria esse tipo de coisa pra outra pessoa, então eu acho que eu te amo também, mas eu preciso saber se você realmente quis dizer isso, porque... é importante pra mim.

— Eu te amo, Yunho.

Ele mal esperou que o rapaz terminasse a frase para lhe roubar um beijo. Um beijo curto, mas muito significativo. Teria sido mais romântico sob a luz das estrelas, mas eles teriam a noite toda para fazer isso.

— No que você está pensando, hein? — ele perguntou enquanto o namorado parecia desatento.

— Nove de agosto: aniversário do meu namorado e dia do nosso primeiro beijo.

YUNGI - Romantismo e Algumas EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora