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Diogo Ferreira

Eu não fazia a menor idéia do porque eu simplismente estava aqui, deixei minha favela pra ficar com uma garota no asfalto, ou eu bati a cabeça muito forte ou eu só devo ta muito chapado

Nunca fiz isso por mina nenhuma não mas sei la, estar ali com a Carla me traz uma puta sensação boa, um sentimento foda e não é de hoje essa parada. Desde do dia que preguei meus olhos nos dela eu ja senti isso e foi mo estranho

Comecei a passar meus dedos entre seus fios de cabelo e com alguns minutos percebi que ela ja havia dormido, sorri ao perceber sua mão junta a minha. Balancei a cabeça ao pensar isso, bandido não se apaixona e eu me perdi demais

Até ela ta sendo mais fria do que era pra mim ser, to entendendo legal isso não. Fechei meus olhos e apaguei no sono.

...

Acordei com um monte de cabelo na minha cara se mexendo, sacudi a cabeça e percebi que já era dia e a Carla ainda estava dormindo mas estava se mexendo, talvez se ajeitando. Me levantei e dei uma espreguiçada, ao me virar novamente olhei em seus olhos acordados e assustados

─ Que horas são? ─ Passou a mão em seus olhos

─ Sei la, acabei de acordar

─ Mal educado ─ voltou a abraçar seu travesseiro

─ 8:30 ─ falei olhando o celular

─ Merda merda merda ─ levantou correndo e eu a olhei sem entender ─ bota a merda da sua roupa e se arruma ai, tamo atrasado

─ Pra que essa pressa toda?

─ A faculdade tem horário de entrada e se não for cumprida, tu fica de fora

─ Ah pode crer ─ troquei de roupa na frente dela mesmo, mas a marrentinha nem deu bola

Escovei meus dentes e depois de arrumando, desci com ela e fomos direto pro carro, ela nem quis tonar café da manhã.

─ ANDA LOGO ─ Gritou enquanto se olhava no espelho do carro

─ NÃO GRITA COMIGO PORRA ─ apontei o dedo pra ela ─ Ta achando que ta falando com quem garota?

─ Eu acho que to falando com um idiota que se ofereceu pra me ajudar a arrumar as minhas coisas ─ me olhou sério ─ Você pode ser quem você quiser, não me amedronta e muito menos me faz te tratar diferente, então se eu fosse você começava a medir suas palavras pra falar comigo ─ sorriu pra mim sem mostrar os dentes

Apertei seu braço com força e a olhando com raiva, quem ela pensa que é? Me controlei e tirei minhas mãos dela, não tenho o direito de tocar nela mesmo que ela me tire do sério

─ Anda logo ─ tirou os olhos de mim

Tirei o carro da garagem e o caminho todo foi em silêncio, ela realmente me irritou e o pior é que ela sabe disso e mesmo assim está normal. Olhei pra ela e a mesma estava mexendo no celular enquanto ficava cutucando as unhas

─ Chegamo ─ falei estacionando o carro de frente pra tal faculdade

Ela saiu do carro e eu sai rápido pra a acompanhar, sua bolsa quase caiu dos ombros enquanto corria mas felizmente pra ela, não caiu. Ela passou um cartão no portão e a gente entrou, ouvi ela suspirar

─ Tecnologia foda

─ Nunca tinha visto? ─ arqueou as sobrancelhas

─ Claro que já ─ blefei

─ Já né? ─ soltou um riso e eu acabei sedendo

Acompanhei cada passo seu e rapidamente a gente estava em um quarto, eu achei que ela não tinha um quarto por morar na mesma cidade que a faculdade

─ Tu tem um quarto aqui por que?

─ Não é meu, é de uma amiga minha e eu aproveito pra deixar minhas coisas pra evitar de ficar levando pra lá e pra cá

─ Compreendi

─ Toma essas caixas ─ me deu duas caixas médias e seladas empilhadas

Ela pegou também algumas caixas e me deu ainda umas sacolas, voltamos ao carro e coloquei tudo no porta-mala, tivemos que voltar outra vez pra pegar uns uniformes dela e essas parada

─ Se quiser me deixar em casa e ir embora, já pode

─ Fechou, não posso ficar muito tempo fora do alemão não

Liguei o carro e entramos no asfalto de novo

─ Sabe o que é engraçado? ─ Falou olhando pro trânsito

─ Hum?

─ Eu sempre tive receio de entrar no Alemão, e nunca quis contato com nenhum tipo de bandido ─ olhei pra ela ─ e agora ta eu aqui, com o dono de lá me ajudando a levar minhas coisas pra casa ─ soltou um riso ─ que ironia

─ Vou te falar o que é mais engraçado ─ apertei com mais força o volante ─ geral acha que bandido não tem sentimento, que é so filho da puta e que não pode amar ninguém

─ E vocês amam? ─ olhou pra mim ─ Vocês matam pessoas, pessoas com famílias e com pessoas que se importam com eles

─ A gente mata quem quer matar a gente, ninguém aqui busca treta mas se arrumarem com a gente nós mete bala mermo, antes eles que meus soldados

─ Isso não é amar e muito menos ter empatia

─ Eu não preciso amar ninguém pra saber que minha vida é minha vida e que só eu posso me salvar dessas merdas, se eu faço o que faço é porque vou proteger geral que mora na favela e principalmente meus soldados

Acelerei o carro e em alguns minutos silenciosos nós chegamos, desliguei o carro e peguei as coisas do porta-malas e deixei tudo na sala onde ela me pediu, depois casquei fora

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