EVERYBODY WANTS TO RULE THE WORLD ; ( 𝒕𝒔𝒖𝒌𝒌𝒊𝒚𝒂𝒎𝒂 )

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– Ei. – Tsukishima criou coragem para dizer, apoiando-se na batente da porta do quarto de seu irmão.

Akiteru estava sentado na cama, lendo uma revista em quadrinhos da Marvel. De relance, pôde ver que era do Capitão América – seu irmão estava se tornando viciado em HQ's, os volumes que comprava começando a se acumular sobre sua escrivaninha; porém, ele não gostava que Kei comentasse sobre isso, às vezes até pedindo para que o irmão escondesse as revistas em seu quarto quando trazia uma nova garota para casa. A música tocava alto no walkman que comprara recentemente com o primeiro salário do emprego na loja de discos e provavelmente ele nem o tinha ouvido falar.

Tsukishima suspirou, cogitando voltar ao seu quarto e se esquecer daquilo. Entretanto, ele precisava de ajuda. Era uma situação urgente.

– Ei, idiota. – chamou novamente, dessa vez mais alto.

Akiteru ergueu os olhos da revista e tirou os fones de ouvido, deixando-os sobre os ombros.

– Ah, ei, Kei. Desculpa aí, pode entrar.

Tsukishima não precisou de mais nenhuma palavra para fechar a porta atrás de si e trancá-la. Andou pelo quarto e parou em frente à cama do irmão mais velho, os braços cruzados sobre o peito num ato instintivo para tentar esconder seu nervosismo.

Provavelmente notando que havia algo de errado – afinal, Kei aparecer em sua porta já era algo estranho por si só, já que o garoto passava os dias enfurnado no quarto estudando, assistindo reprises de Star Trek e jogando Dungeons & Dragons quando alguns de seus amigos do Clube de Química e Física Aplicada apareciam –, Akiteru deixou a HQ de lado e franziu o cenho, parcialmente preocupado.

– O que aconteceu? – perguntou.

– Eu preciso que você me ajude a vestir algo decente hoje à noite. – disse, a sensação azeda de medo e nervosismo voltando a surgir em seu estômago.

A feição de interrogação se aprofundou no rosto de Akiteru.

– Ãh? Você vai sair hoje? – então, algo pareceu se acender em sua mente e ele arregalou os olhos, a boca se abrindo num grande "O". – Espera. Puta merda, Kei, você está de rolo com alguém? Desde quando? Como?!

Foi impossível impedir a vermelhidão de tomar conta de seu rosto e Tsukishima fez uma careta de desgosto como autodefesa, os braços se apertando ainda mais contra o peito, onde uma imagem do Capitão Kirk sentado em sua cadeira de comando da USS Enterprise encontrava-se desgastada após anos de uso daquela camiseta.

– Não é nada disso. – mentiu. Ou talvez não. Quer dizer, nem mesmo Kei entendia direito aquela situação. Era tudo muito novo e desconhecido para ele.

– Não?

– Eu vou sair com o Yamaguchi. O pai dele deixou que ele pegasse o carro emprestado hoje e ele vai passar aqui às 19.

– Ah... – aos poucos, Akiteru pareceu entender a situação.

Seu irmão conhecia Yamaguchi. Ele e Kei eram melhores amigos de infância antes de Tadashi precisar mudar de cidade por causa do trabalho do pai. Conheceram-se na escola quando alguns garotos encurralaram Yamaguchi no canto do pátio para humilhá-lo e Tsukishima acabou por despistá-los com algumas palavras intimidadoras e sua grande altura para uma criança daquela idade. Desde então, eles se tornaram inseparáveis: sempre na casa um do outro, fazendo trabalhos e tarefas juntos, assistindo filmes e animes lado a lado e combinando dinheiro para alugarem videogames e virar a noite jogando escondido dos pais. Foram os dois juntos que descobriram Star Trek, vagando pela TV e encontrando um episódio da 2° temporada que havia acabado de começar numa daquelas reprises de final de tarde. Assistiram a todos os 7 episódios da mini maratona e ficaram fascinados. Akiteru ainda conseguia se lembrar de ambos discutindo na sala de estar para ver quem dos dois seria o Spock na brincadeira – Kei acabou ganhando e Tadashi ficou com o Capitão Kirk, que, na opinião de Akiteru, era um personagem muito mais interessante.