dancing with our hands tied (seongjoong)

dançando com as mãos atadas.

Existia algo em observar a cidade iluminada pelas luzes incandescentes que o deixava fascinado. Talvez a calma em ver que a cidade estava finalmente entrando em descanso, ou a sensação de se sentir tão pequeno diante da imensidão que se via pela janela de seu hotel. Ou apenas porque de fato a vista era linda.

Reputation da Taylor Swift servia de música de fundo para um Seonghwa reflexivo e talvez um pouco bêbado, segurando uma cerveja quente. Sua mente desviou-se da paisagem do hotel e encontrou outro foco, o mesmo das últimas semanas.

Um suspiro saiu de sua boca. A verdade era que nunca houve outro foco. Sempre foi ele. Seus olhos, sua boca, sua personalidade. Ele.

Era há tanto tempo que nem se lembrava se havia existido algum dia em que ele não estava tomando conta de seus pensamentos. Sabia que não era certo; que sendo quem ele era, amá-lo era um risco muito alto. Mas não conseguia evitar, e até então amar em segredo não lhe dava a possibilidade de arranjar problemas.

Bom, até aquele dia.

Antes que as cenas se repetissem mais uma vez em sua mente, a porta se abriu com um clique e Seonghwa não precisou se virar para saber quem era, e em questão de segundos duas pequenas mãos encontraram um lugar em sua cintura.

— Que saudade. — Hongjoong sussurrou rente ao ouvido do maior. Ele sorriu ao ver a pele do outro arrepiar-se.

— Estávamos juntos há menos de três horas.

— Você sabe que não é a mesma coisa. — Um suspiro de concordância saiu do Park. Ele se virou e e enfim seus lábios encontraram aqueles que desejava desde o início do dia.

Um dos privilégios em ser um idol era ter a oportunidade de ter experiências novas, coisas que nunca viveria se fosse alguém normal. Experimentou diversos gostos, cheiros e sensações, mas nada se comparava a ter aquelas mãos segurando firme sua cintura e a boca na sua o fazendo questionar se a sua sanidade ainda existia. Sempre este sentimento se intensificava e tomava conta de Seonghwa, como ferro fervente marcando de dentro para a fora. Totalmente inebriante e assustador.

— Como foi a live? — Seonghwa perguntou, ofegando e o rosto corado. — Se divertiu?

— Para ser sincero, seria melhor se eu pudesse vê-los pessoalmente. Ver só os comentários às vezes não os fazem parecer reais. — Hongjoong fitou os olhos do maior enquanto seus dedos passeavam pelos fios macios, um sorrisinho involuntário escapando pelos lábios.

Cada vez que encarava aqueles pequenos olhos, sentia-se quente. Mergulhado em uma banheira de água morna com todos os músculos virando gelatina; o corpo inteiro entrando em um estado de torpor prazeroso. Depois de tanto tempo se sentindo congelado, era bom finalmente sentir o calor.

Grande parte da sua vida havia sido tingida de azul; tons de medo, insegurança, preocupação e tristeza. Pequenos salpicos entre os momentos em que ele não estava focado no trabalho, ou completamente esgotado e sem forças para manter os olhos abertos.

Os tons azulados ficavam ainda mais fortes quando refletia no porquê que fazia aquilo. Toda a sua existência baseava-se em ser o melhor possível; para seus fãs, sua empresa, seus membros e para ele mesmo. Dar o máximo de si todo dia, para garantir o futuro de quem ele amava e do que amava fazer. Sempre se superando cada vez mais, forçando além do limite para ser sempre o melhor.

Porém, antes que se desse conta, gotas de uma cor diferente começara a surgir em sua vida. Gotas de dourado.

Hongjoong não tinha noção da importância de Seonghwa na sua vida. Devagar e sem se anunciar, ele marcava território em seu coração com as mínimas atitudes; comprando seu café preferido, esperando acordado quando o rapper chegava tarde do trabalho, sendo aquele que poderia confiar seus maiores segredos. Sempre lhe mantendo perto. E sem notar, seu coração já pertencia a ele.