*Helena Suárez*
Ouço batidas na porta e arrasto meu corpo para fora da cama, sinceramente? eu estava um caco. Meu coração doía tanto, eu realmente amo Peter, eu queria poder entender e compreender tudo que ele passa, mas ele não se permite.
Eu sempre quis viver um romance, apesar de ser estressada e mal-humorada as vezes, sempre quis viver algo bom. E ver a Júlia encontrando o amor, sendo feliz ao lado de Hendrick me deixa tão feliz por ela! e, de certa forma, me dá uma faísca de esperança.. quem sabe um dia eu encontre alguém, né? Mas não agora, definitivamente não, meu coração pertence aquele homem, infelizmente.
E falando na peste, abri a porta e dei de caro com o mesmo.
- Helena, por favor - diz quando estava fechando a porta em sua cara.
- 5 minutos, Peter - dou passagem para que ele entre e nos sentamos no sofá.
- Cara, eu quero me desculpar. Eu também tô sofrendo, Helena. Eu me sinto mal porque eu gostava mesmo de tudo que a gente estava tendo, mas eu não posso dar o que você quer, eu tenho uma ideia de amor muito distorcida, me desculpa.
Olhei em seus olhos e pude ver que tudo que saía de sua boca era verdade, seja lá o que aconteceu no passado do homem à minha frente, foi realmente algo que o abalou e deixou ele assim, tão fechado.. Eu queria abraçá-lo agora e dizer que não tem importância, que eu vou continuar o amando, mas Miguel tinha razão. A culpa dos seus traumas não são minhas e eu devia seguir em frente, e é exatamente o que vou fazer.
- Eu perdoo você, Peter - digo seca, os dois se encarando sem quebrar o contato visual nem um segundo sequer.
- Mesmo?
- É, eu quero seguir em frente e guardando mágoa de você não é a maneira correta de começar. Sério, podemos.. hum.. ser colegas?
- Colegas? Uau, descemos no ranking totalmente. Mas eu compreendo, você está certa mesmo em fazer isso, e por mais que me diga que me perdoa eu posso ver em seus olhos o quanto está magoada e, acredite em mim, eu estou pior ainda vendo o que fiz a você. - ele abaixou a cabeça e quando levantou, me surpreendi, Peter estava chorando. - eu queria poder ser bom pra você, juro. Eu nunca quis tanto me curar dessa dor em toda a minha vida como agora, Helena.
Toquei em seu rosto delicadamente enxugando suas lágrimas que rolavam por seu rosto.
- Dói amar você - confessei - mas o pior de tudo, é que mesmo assim eu quero te ajudar.
- Você é muito bondosa, isso sempre me admirou em você. Mesmo tendo essa pose de zangada, no fundo seu coração é mole. - diz e sorri fraco, isso é verdade.
- Infelizmente, você tem razão.
- Não fala assim..
- Assim como?
- Como se você fosse culpada de algo, se alguém tem culpa de algo aqui sou eu. É difícil de explicar, talvez no fundo você tenha muita raiva de mim e me ache um canalha, mas sério, não se culpe por nada, por favor - assenti e respirei fundo - então.. colegas?
- Sim.. acho que colegas está bom. Afinal, somos do mesmo círculo de amigos e não é bom se ficarmos estragando o clima toda vez que estivermos juntos.
- Você tem razão.
- Sabe, Peter.. eu espero que um dia você se cure de toda essa dor que carrega consigo, de coração. Estou na torcida para que você fique bem.
- Eu sei que está, obrigado.
O silêncio preencheu o lugar e pela primeira vez, era desconfortável pra caralho..
- Acho melhor eu ir - diz e se levanta e assim faço também o levando até a porta.
Ele ponderou por alguns segundos com a mão na maçaneta como se pensasse, porque ao sair por essa porta estávamos definitivamente acabados. O choro contido em minha garganta implorava para que saísse, para eu chorasse até sentir meu corpo leve e cansado de desidratação.
Ele se virou, seu peito vibrando por causa do choro e não me segurei, chorei também indo abraçá-lo. Estar em seus braços era de longe o melhor lugar para se estar, eu me sentia preenchida e completa, eu me sentia em casa.
- Me perdoa - choramingou e enterrei meu rosto em seu peito afim de que pudesse guardar seu cheiro e as sensações de estar em seus braços para mim. Ele relutou um pouco mas me soltou e saiu, me deixando sozinha e vazia, o calor que eu sentia a segundos atrás já não estava mais presente, abracei meu corpo na tentativa de aquecer o frio que me percorreu e arrepiou meus fios e chorei.
Peguei meu celular e digitei uma mensagem para uma pessoa que estava me ajudando com isso aos poucos.
"Eu tô muito mal."
Não demorou muito para que a resposta de Miguel chegasse.
"Eu sei, Eu sabia que ele ia passar aí."
"porque tem que doer tanto?"
"Eu não sei, maninha, mas daqui a 20 minutos tô indo aí te ver, levo sorvete e até aguento seus maridos da Marvel. Fica bem"
"Lembra daquele desenho lá, blz?"
"continue a nadar, continue a nadar.."
Sorri ao imaginar ele imitando a voz da dory porque certamente era o que ele faria se estivesse aqui e fui tomar um copo d'água. Desde quando eu e Peter acabamos Miguel sempre me mandou mensagens, me levava pra jantar quando sabia que estava sem fome e me persuadia para que eu comesse ao menos um pouco. Ele tem sido um irmão que eu nunca tive.. Confesso até que me surpreendeu saber mais sobre esse lado dele, Miguel é mesmo uma pessoa muito altruísta e se pudesse guardaria eu e as meninas em um pote para que ninguém nos magoasse, palavras dele, não minhas.
Sentei no sofá e esperei que ele chegasse e logo Ana passou pela porta.
- Fala minha gata gostosa, como você está hoje em? - sorri para ela que me abraçou forte.
- Estou mal, Peter veio aqui.
- O que esse diabo/meu amigo queria ein?
- Se desculpar.
- Puff! faça-me o favor. O que quer fazer essa noite?
- Miguel tá vindo para cá, está trazendo sorvete e vamos ver um filme. Quer nos acompanhar?
Por um momento achei ter visto os músculos de Ana tensionarem.
- Eu passo, ia te chamar pra sair. Mas como você vai ficar em casa vou ir encontrar meu casinho.
- Aquele mesmo ainda? qual o nome dele?
- Sean. Ele é gatinho e divertido, gosto disso.
Por mais que eu quisesse me iludir que ela estava gostando do cara, sei que não está, Ana está correndo de relacionamento no momento. Ela pretende ter um algum dia, mas definitivamente não é hoje. Ela me beijou na bochecha e saiu como se estivesse apressada ou fugindo de algo, ou talvez estivesse doida para transar.
Subi para o quarto pra tomar o banho e esperar por Miguel.
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Boa leitura!
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Meu verdadeiro amor - Livro 1 da saga: Os cavalheiros
RomantizmTodo mundo merece a chance de viver um amor clichê como nos livros, todos merecem uma nova chance de ser feliz novamente. Mas será que Maria Júlia Romano conseguirá se entregar ao amor depois de tantos traumas? ela será capaz de deixar o passado de...