Prólogo

16 1 0
                                    

Eu estava com medo e sem saber onde meus pais estavam. Queria gritar ou correr por todo bairro a procura deles, mas era praticamente impossível com toda a escuridão. A queda de luz parecia ter sido geral e eu mal conseguia enxergar as coisas a minha frente. Se eu saísse de trás do que restou do muro da minha casa, eles iriam me pegar.

Não havia nada a fazer a não ser esperar que me encontrassem e que não fosse tarde demais. Espiei novamente por cima do muro e vi alguns carros parados a poucos metros de mim. Podia ser qualquer um. Podia ser qualquer coisa. E eu não estava segura. Era quase perceptível no ar.

Nenhum movimento ou indício de que tinha alguém por perto, mas eles eram espertos demais. E eu tinha medo. Muito medo. Sentei no chão e mantive-me quieta enquanto pensava rapidamente sobre o que podia fazer para encontrar pessoas que pudessem me ajudar.

E então o silêncio foi interrompido por passos hesitantes que vinham em minha direção. Abracei minhas pernas e cravei os dentes no lábio inferior para impedir que o grito escapasse. Eles iriam embora se não me vissem. Tinham que ir embora. Afinal, eu não tinha serventia nenhuma para eles.

Prendi a respiração quando algo se mexeu ao meu lado e uma pequena pedra parou a poucos centímetros de meus pés. Podia ouvir meu coração batendo rapidamente e o silêncio voltou. Olhei ao redor tentar achar algo que eu pudesse usar para me defender, mas o único objeto mais próximo de mim era uma vassoura. Não serviria para nada. Mas não custava tentar caso fosse necessário.

O silêncio perdurou por mais alguns segundos até que ouvi um ruído baixinho. Parecia algo como se alguém estivesse farejando. Eu não sabia do que eles eram capazes, mas tinha visto muitas pessoas morrendo no momento em que a notícia se espalhou pelo mundo todo. Meus pais haviam me avisado para tentar ir para a zona rural se um dia nos perdêssemos. Mas eu não sabia como chegar até a antiga casa de minha avó. Eles deviam estar lá esperando por mim. E eu devia estar com minha família se não tivesse sido tola o suficiente para me distrair por alguns minutos e me importar com as coisas que iria deixar para trás.

Eu estava nervosa demais para ficar imóvel. O medo tomava conta de mim e então meu pé escorregou alguns centímetros fazendo um barulho alto o suficiente para a rua vazia. Talvez essa tivesse sido a minha perdição. Mantive os olhos abertos para encontrar o olhar de meu futuro assassino. Houve outro ruído metálico e então ele entrou em meu campo de visão.


3 mil anos: O refúgio do amanhã.Onde histórias criam vida. Descubra agora