Único

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Com um dia de atraso, mas estou aqui. Espero que gostem.

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Heloísa sentiu os lábios dele tocando os seus, parecia mágico, a mão direita de Leônidas subiu suavemente por suas costas parando na nuca, com a outra mão ele a puxou pela cintura apertando o corpo dela no seu. Ela deixou uma de suas mãos percorrerem os cabelos cacheados do rapaz e com a outra acariciava a barba dele. Essa era a terceira vez que eles se beijavam.
A primeira vez que ele a beijou foi após o baile de carnaval, quando ele a acompanhou até em casa, mas Heloísa enfatizou que eles eram apenas amigos e que isso não deveria mais acontecer. A segunda vez foi alguns meses depois. Eles estavam na casa dela assistindo um filme. Violete e Eugênio não esperaram o filme acabar e foram embora com um pretexto qualquer. Os dois se viram sozinhos e quando o mocinho beijou a mocinha no filme, Leônidas segurou a mão dela e levou aos lábios depositando um beijo suave. Quando os ohos verdes encararam os castanhos parece que um imã os atraiu e eles se beijaram novamente. Após o beijo ele foi embora e eles não ousaram fazer nenhum comentário sobre o acontecido, porém algo parecia ter mudado entre eles.
Hoje à noite Leônidas foi levá-la em casa após passarem boa parte da noite em um bar com um grupo de amigos. A lua estava linda e ao pararem o carro na porta da casa de Heloísa eles decidiram caminhar um pouco, pararam no final da rua onde a visão da lua e das estrelas era melhor. Enquanto Heloísa falava sobre as estrelas apontando e nomeando as constelações Leônidas a achou e era possível ver o brilho das estrelas refletido em seus olhos, ele a puxou para si,  a tomou nos braços e beijou. Ela correspondeu totalmente. Mais uma vez, eles não disseram nada, apenas caminharam de volta e Heloísa entrou em casa e adormeceu se lembrando do beijo.
Eles eram apenas dois amigos que trabalhavam juntos em uma grande empresa. A afinidade deles era natural desde que se conheceram a cerca de cinco anos. Durante esse período os dois se relacionaram com outras pessoas, o que parecia não incomodá-los, visto que eram apenas amigos.
Era fim do dia no trabalho, Heloísa evitou olhar para ele o dia todo. Enquanto ele organizava as coisas para ir embora, ela viu que estavam sozinhos na sala e decidiu que era hora de tocar no assunto.
- Leônidas.
- Oi. – Ele desviou o olhar do computador e virou sua cadeira de frente para Heloísa.
- Nós somos... amigos. – Ela disse pausadamente.
- Somos. – Respondeu desviando o olhar.
- Melhores amigos. – Heloísa ressaltou.
- É.
- Amigos não se beijam.
- Heloísa... – Leônidas passou a mão pelos cabelos mostrando o desconforto que sentia. – Acho que não.
- Então temos que parar com isso.
- Como vamos fazer isso? Quando a gente está perto...
- Vamos fazer um combinado. – ela propôs.
- Que tipo de combinado? – ele quis saber.
- Paramos de ficar tão perto.
- Mas...
- Não vamos estragar o que temos, Leônidas. É só evitarmos de ficar sozinhos.
- Tudo bem. – Ele concordou à contragosto.
Leônidas saiu da sala e Heloísa permaneceu imóvel pensando em tudo o que havia dito. Ela esperava não ter estragado a amizade deles. A verdade é que havia ficado muito mexida com a proximidade dos dois e o último beijo foi intenso demais. Temia que se continuassem com isso passariam de todos os limites da amizade. Era preciso parar com isso mesmo.

Os dias se passavam e a distância entre os dois se aumentou, ninguém pareceu ter notado, mas eles evitavam qualquer proximidade. Heloísa ficou sabendo por Violeta que Leônidas estava saindo com Anastácia, a assistente do jurídico. Ela queria ignorar o que sentiu quando soube, mas era inevitável. Às vezes se pegava pensando que ele a estaria beijando da mesma forma que beijou Heloísa, que puxava o corpo dela de encontro ao dele assim como fez com ela.
Teve o dia que os amigos combinaram um happy our, mas ela inventou mil desculpas para não ir. Imaginou que Leônidas levaria Anastácia e uma coisa era saber, mas outra bem diferente era vê-los juntos.

Alguns meses depois os acontecimentos passados pareciam ter ficado esquecidos. Era uma sexta feira e Heloísa havia acabado de se aninhar em seu sofá procurando algo para assistir quando ouviu um notificação em seu celular. Mensagem de Leônidas.
“Oi. Está fazendo o quê?”
“Nada, só vendo TV.”
“Está tudo bem?” – ele perguntou.
“Sim, por quê?”
“Você está muito distante e eu sinto falta da minha amiga.”
“Nós combinamos de nos afastar, Leônidas.”
“Eu sei, mas é que... você quer sair para beber alguma coisa?”
“Agora?”
“É... se você não tiver nada para fazer...”
“Mas e a Anastácia?” – ela se arriscou a fazer a pergunta.
“O que tem a Anastácia?”
“Nada.”
“Topa ou não?”
Eles combinaram de se encontrar no bar que iam desde sempre. Já tinham seu lugar favorito e ali eles sempre beberam e conversaram e nem viam a hora passar. Nesse dia, porém ela sabia que algo havia mudado entre eles, por mais que tentassem agir com naturalidade. Seus olhares se cruzavam de forma intensa e quando acontecia de suas mãos se tocarem parecia que algo se eletrizava em seus corpos.
O fantasma de Anastácia não saía de seus pensamentos. Ela não entendia como ele estava ali com ela e não com a namorada. Talvez ele tenha explicado à moça que o que tinha com Heloísa era apenas amizade. A própria Heloísa volta e meia firmava em seu pensamento que não havia possibilidades para os dois e que seriam apenas amigos para sempre mesmo.
Talvez eles tenham passado um pouco da conta no álcool. Heloísa sentia que seus atos estavam mas lentos e eles não temiam em se tocar. Leônidas chegou a passar os dedos no rosto dela colocando algumas mechas de cabelo atrás da orelha. Ela levou a mão até o rosto do rapaz acariciando a barba que começava a ficar grisalha, como fizera nas vezes em que se beijaram. Veio ao pensamento dela que Anastácia devia fazer o mesmo quando estavam juntos, pois não tinha como beijá-lo e não lhe tocar o rosto.
- Está na minha hora. – Heloísa retirou a mão do rosto dele abruptamente.
- Eu te deixo em casa. – O rapaz se ofereceu.
- Não precisa. – Ela se levantou e percebeu que estava um pouco tonta, mas se firmou de pé.
- Não vou deixar você ir sozinha, Heloísa. – disse com ternura.
A caminhada até a casa dela não era longa. Apesar do nível de álcool um pouco alterado, conseguiram chegar bem.
- Você quer entrar? – Ela perguntou meio zonza. Sabia que não estava bem das ideias.
- Tem alguma coisa pra beber?
- Nós já bebemos muito hoje, mas tem sim. – ela riu.
Leônidas sentou na banqueta em frente ao balcão e ficou observando Heloísa pegar a bebida e os copos e os servirem. Ele a achava linda. Seus longos cabelos castanhos se balançavam à medida que ela se movia. Ele não sabia em que momento seus pensamentos viraram a chave e passou a vê-la como algo mais que uma amiga. Só sabia que quando estava perto dela dava vontade de tocá-la, abraçá-la e beijá-la. Ele queria respeitar o espaço que ela pediu, por isso se afastou, mas sentia tanta falta de estar por perto, gostava de vê-la sorrir.
- O que foi? – Ela lhe entregou o copo e percebeu que ele não parava de olhar para ela.
- Você fica linda sorrindo. – Leônidas tomou um gole da bebida e sabia que já estava difícil responder por seus atos naquela noite. – Parece uma rosa.
Heloísa sentiu suas bochechas esquentarem e abaixou os olhos para o copo.
- E a Anastácia. – Heloísa também não estava se importando muito com suas atitudes.
- O que tem a Anastácia? – Leônidas foi para o lado de dentro do balcão e se aproximou de Heloísa.
- Por que está aqui comigo e não com ela? – ela arriscou a pergunta quase se engasgando com a bebida devido à proximidade do rapaz.
- Por que eu estaria com ela? – Leônidas estava vendo o rumo daquela conversa. De onde Heloísa tirara aquilo?
- Vocês não estão saindo? – Mais uma vez ela abaixou os olhos, pois ficava muito fraca assim tão perto dele.
- De onde você tirou isso? – Ele deixou o copo sobre o balcão e levantou o queixo dela com o dedo indicador a forçando a encará-lo.
- Ouvi boatos.
- E acreditou neles? – O rapaz acariciou os lábios dela com o polegar fazendo com que toda força e resistência que ela vinha erguendo contra ele se esvaísse em questão de segundos.
- E por que não acreditaria? – A voz dela estava baixa e a respiração dele misturava com a sua.
- Eu não tenho nada com a Anastácia. – Ele afirmou sem tirar a mão do rosto dela.
- Não? – perguntou confusa.
- Não. Nunca tive.
Ele tocou os lábios dela com os seus num beijo suave, mas que despertava muitas sensações em ambos.
- Você acha isso certo? – Ela perguntou se afastando do beijo e olhando nos olhos dele.
- Eu não sei o que é certo ou errado quando estou perto de você. Só sei que você não sai da minha cabeça...
Foi a vez de Heloísa beijá-lo. Dessa vez não foi um selinho e sim um beijo faminto, carregado de saudade. Ela sentiu ele puxar seu corpo contra o dele como das outras vezes, deixou seus dedos se perderem em meio ao emaranhado de cachos dos cabelos do rapaz. Como era boa a sensação de beijá-lo de novo.
- Eu quero você, Heloísa. – sussurrou entre beijos. – Não sei o que vem acontecendo comigo quando estou perto de você. Só sei que me faz bem.
- Eu só não quero estragar a amizade que construímos, Leônidas. – Heloísa segurou o rosto dele com as duas mãos e o olhou fundo nos olhos. – Não quero que o álcool esteja falando por você.
- Eu não quero continuar sendo só seu amigo. Estou cansado de evitar você, de ter que me afastar. E não é o álcool falando. São meus sentimentos.
- Eu também quero você, Leônidas.
O que se sucedeu foi uma paixão intensa que vinha sendo guardada há algum tempo. Eles foram para o quarto e se perderam no corpo um do outro, entre toques e beijos. Foi uma entrega intensa tendo apenas o brilho da lua, que entrava pela cortina aberta, como testemunha de um amor platônico que se tornou avassalador e inevitável.
Abraçados e saciados eles adormeceram sabendo que eram correspondidos e não havia amizade para estragar e sim um amor que nascia no peito de ambos.

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Ficarei muito feliz se me disser o que achou!

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⏰ Última atualização: Jul 09, 2022 ⏰

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