Brasil, 1979

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AUTÓDROMO DE INTERLAGOS — JULHO DE 1979

AUTÓDROMO DE INTERLAGOS — JULHO DE 1979

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— Sorria!

O mesmo clarão que iluminou o rosto de Natalie também a assustou. Ainda com a visão meio turva devido ao flash da câmera, ela se afastou da grade onde tinha se debruçado e olhou para o lado. O sorriso torto e trêmulo que tomou conta de seu rosto assim que ela percebeu que a pessoa com a câmera se tratava de Ayrton deu as caras sorrateiramente, quase que sem seu consentimento.

Natalie soltou um risinho nasal e passou para trás das orelhas alguns fios do cabelo bagunçado pelo vento forte. Encarou os próprios pés antes de encarar o jovem piloto outra vez.

— O que você está... — ela soltou um suspiro cansado. Ayrton ergueu as sobrancelhas e a encarou como quem dizia "Vamos, continue tentando!". — Você está… facendo qui.

— Foi por pouco — sorriu para a garota. Ela não parecia muito contente em ter terminado a frase em italiano. — Mas você foi bem, Natalie. Seu português está cada dia melhor.

Apesar da decepção, Natalie concordou e ergueu as mãos e fez joinha com ambos polegares. Para ela, a língua portuguesa era bem menos difícil na teoria do que na prática. As regras gramaticais e toda aquela coisa de ortografia correta não eram nada demais caso colocasse em perspectiva a dificuldade que tinha em juntar algumas palavras e pronunciá-las como deveria. Ao seu ver, o fato de o italiano e o português derivarem do mesmo berço linguístico não significava absolutamente nada. Esse negócio de compreender o outro idioma com mais facilidade por conta disso não passava de balela.

Se não fosse balela, talvez ela tivesse uma pronúncia quase perfeita — já faziam quase dois anos que começara a aprender português. Talvez as pessoas não zombassem tanto dos seus errinhos bobos. E talvez o rapaz em sua frente não precisasse ser tão positivo sempre que ela falhasse na missão de lembrar de palavras específicas — embora, na real, ela gostasse da atenção que vinha recebendo.

Natalie soube que Ayrton era a sensação do autódromo desde os primeiros minutos que pusera os pés lá; ele estava sempre rodeado de pessoas, com garotas o olhando com seus grandes olhos lascivos, sendo paparicado de inúmeras formas possíveis. Porque ele era bonito e talentoso — além de recém solteiro —, exatamente o tipo de pessoa que todos queriam ter — ou ser.

Mas, apesar disso, seu olhar estava quase sempre voltado para ela. Ayrton às vezes dava uma risadinha dos seus erros, mas gentilmente a corrigia e nunca deixava de incentivá-la a não desistir de melhorar. E ele era uma boa companhia; uma ótima companhia, na realidade. Não era por menos que Sienna e Antoine gostavam tanto dele. Até seus pais gostavam dele, e nem todas as pessoas conseguiam esse feito.

Beatrice e Vincenzo Darela eram pessoas difíceis de se conquistar.

— E respondendo a sua pergunta — Ayrton voltou a falar. —, eu só vim te dar um oi antes de ir para a pista.

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