Primeiro dia onde a possibilidade de escrever sobre os acontecimentos se tornaram reais. Um quarto, um simples quarto, que já presenciou diversos acontecimentos, sentimentos e aventuras desde o dia em que foi posto em pé.
Talves, no dia de sua criação, este quarto situava-se confuso sobre sua realidade, afinal, qual era o sentido dele estar ali? Qual o seu propósito? Será que esta resposta foi respondida?
Infelizmente essa é uma informação que apenas ele poderia nos dar, e que até hoje não nos transpareceu nada.
Em suas paredes existem marcas do que um dia teria sido um dia de raiva, em suas paredes existem lágrimas secas do que um dia teria sido um dia de tristeza, em suas paredes existem milhares de marcas que seriam de dias com milhares de sensações.
Por mais que seja reformado, demolido ou abandonado, suas marcas são como feridas fatais que jamais sairam dali, não importa o esforço feito.
É estranho deitar e olhar pro teto e perceber que ali está sendo construída uma história, perceber que rastros de acontecimentos são deixados ao ar e absorvidos pelos inanimados.
Cada simples partícula de poeira que repousa em cadernos abandonados, contam a história de negligência, euforia e quem sabe, felicidade.
Deitado olho pro teto, derramo lágrimas, todos os dias, por conta de diversas razões, mas a principal é pelo fato de expor tanto meus sentimentos para algo e não ter apoio em troca.
Descarrego centenas de sensações na parede, no chão e no teto, transformo suas energias para algo ruim e concretizo um clima melancólico ali.
E então quem entrar neste pobre quarto, absorverá, nem que seja um pouco, uma leve quantidade do meu sofrimento, e mais ainda, o sofrimento de algo que não merecia carregar tal dor.
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Meu quarto
PoetryTranscrições de sensações quando encontro-me em meu solitário quarto