Novo Ciclo

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Feliz um ano de sorte 🍀

Point of View Sheilla Castro

– Por favor, não vai embora.

– Me solta, Brenno! – Pedi chorando compulsivamente.

– Amor, me perdoa! Eu juro que não fiz por mal... E-eu... Sheilla, não faz isso com a gente. – O loiro pedia de forma incansável.

– Sou eu quem não devo fazer isso com a gente, Brenno? Me poupe! – Falei nervosa. – Você estava com outra. – Declarei gritando. – Acabou, ok? A-C-A-B-O-U! – Silabei já cansada de tanto chorar.

– É isso? Acabou então? – O homem finalmente soltou meu braço enquanto chorava da mesma forma que eu. Talvez não sentindo o mesmo que eu. Seus olhos denunciavam remorso e desespero. Meu peito estava dilacerado. Eu nunca imaginaria que a pessoa que eu mais amava iria me trair dessa forma.

– Acabou. – Eu disse simples e ele começou a enxugar suas lágrimas.

– Tudo bem! Não irei competir com isso também. – Ele disse um tanto sentido. – Mas saiba que isso também é culpa sua. Nós estaríamos bem se você ainda estivesse aqui, com sua família... Tudo pra você é a porra dessa seleção.

– Olha, eu não irei discutir com você. Eu vou sair e quando eu voltar, não quero nada seu na minha casa. – Caminhei até a porta do quarto e olhei para ele. – Você me conheceu assim. É muito baixo você usar minha paixão como desculpa para os seus erros. Seria mais digno você apenas assumir... – Suspirei tentando ser forte. – E Brenno, eu não posso abrir mão dos meus sonhos por você.

– Sheilla, não é só o vôlei. Não estamos bem faz tempo. Você não me procurava mais. – Ele ia falando e eu tratei de cortar o assunto.

– Você tem até às 19h para sair da minha casa.

Exigi antes de me retirar do cômodo. Peguei a chave do carro e desci apressadamente pelas escadas do prédio onde moro. Eu não tinha condições de aguardar o elevador. Minhas pernas não me obedeciam mais, eu apenas precisava sair correndo do local, eu precisava correr de toda essa bagunça. O som do meu choro só não era mais alto do que o som do contato do meu tênis com o piso. Entrei em meu carro e o silêncio no automóvel foi cortado conforme as lágrimas corriam livremente pelo meu rosto. Acabou!

Oito anos de uma linda história. Tentei abafar minha frustração escondendo minha face com minhas mãos. Com a visão turva, cacei meu celular e disquei o número tão conhecido por mim. Eu preciso da minha melhor amiga aqui.

– Oi, Sheilla! – Ouvi a voz animada do outro lado da linha.

– Thaí-sa. – Falei soluçando sem ao menos conseguir pronunciar o nome de minha amiga corretamente.

– O que aconteceu? – Perguntou assumindo um tom sério totalmente diferente de qual me atendeu. – Tá em casa? – Concordei com um som nasal. - Estou chegando, baby.

...

– Calma, Sheillinha. Vai ficar tudo bem. – Minha melhor amiga afagou meu cabelo enquanto eu tentava me acalmar.

Ao me encontrar em meu carro, Thaísa me trouxe para sua casa. Acho que minha amiga nunca me viu tão abalada em toda a vida, nem quando perdemos nas quartas de final em pleno Maracanãzinho lotado para a China. Deixe-me explicar: em 16 de agosto de 2016 eu estava diante minha última convocação, até então, para a Seleção Feminina de Vôlei Brasileira. Por longos anos eu e Thaísa dividimos a camisa amarelinha e colecionamos conquistas gostosas, mas também derrotas amargas e doídas.

Quando decidi parar, decidi abrir mão de tudo pelo meu maior sonho. Mais precioso do que duas medalhas olímpicas de ouro, eu tinha duas princesas lindas. Minhas filhas, Liz e Ninna, são tudo para mim. Foram infinitas tentativas até que finalmente desse certo e no final de 2018, duas meninas lindas e saudáveis nasceram. Eu sabia o que era felicidade, sabia o que era estar no auge. Mas eu não esperava que tudo desabasse da forma que aconteceu.

Sorte - Sheibi (REMAKE)Onde histórias criam vida. Descubra agora