O dia não havia começado, porém um calor desconcertante o acordou bem cedo.
Petruchio já estava de pé antes mesmo do canto do galo. Algo dentro de si não lhe deixou dormir nem por um milésimo de segundo naquela noite. Apenas fechou os olhos brevemente e logo se levantou.
Avistou o nascer do sol. De fato, como era magnífico...
Pegou sua roupa de cama e a balançou para retirar a palha que ali estava. Por um instante pensou em voltar a dormir, ou tentar. No entanto, seguiu o caminho até o próximo destino: seu quarto.
Ainda sentia-se, extremamente, magoado pela briga passada, queria apenas esquecer as palavras ditas por Catarina.
Entrou em seu aposento de forma cautelosa. E lá estava ela... dormindo como uma verdadeira rainha.
Petruchio sorriu diante da visão que acabara de presenciar logo pelo crepúsculo. Segundos depois lembrou-se que ainda estava brigado com a esposa e voltou a fechar a cara. Guardou o travesseiro e pegou seu chapéu caindo aos pedaços de tão gasto.
Estava decidido: iria ignorar Catarina pelo resto do dia, ou então não se chamaria Julião Petruchio!
Andou alguns passos e parou. Estava quase saindo do quarto quando virou-se para a esposa. Era inútil negar, mas ele não conseguia ficar chateado com ela, mesmo se quisesse. Realmente, Catarina tinha alguma coisa que o deixava fora de si, ou melhor, TO-TAL-MEN-TE maluco! Maluco de amor!
Ajoelhou-se em frente a cama e disse:
— A sua mãe me tira do sério... – ele suspirou e passou a mão sobre a barriga de Catarina. Ela dormia tão tranquilamente que quase não se mexia.
Petruchio então aproveitou que a esposa estava em um sono pesado e concluiu o ritual que realizava todas as noites. Se aproximou da barriga de Catarina e a beijou delicadamente, pronunciando logo em seguida:
— Ocê fica direitinho aí dentro, viu?
Ele se levantou, aprumou o chapéu em sua cabeça e saiu.
Seguiu em direção à cozinha bem distraído. Foi quando encontrou Neca já acordada.
— Bom dia, seu Petruchio! Foi acordar os galos hoje? – ela riu.
— Bom dia, Neca... – Petruchio apenas respondeu o cumprimento da senhora. Bebeu um pouco de café frio e tomou seu rumo. Porém, antes de retornar, pediu à amiga:
— Ô Neca, ocê faz um favor pra mim? Leva uma bandeja de café bem recheada pra Catarina lá no quarto mais tarde. Mas não diz que fui eu que pedi. – ele tentou parecer indiferente.
— Claro, seu Petruchio! O seu pedido é uma ordem! Pode deixar que eu levo sim!
Ele saiu da cozinha.
— De nada... – Neca resmungou. – Ô povo sem educação!
O sol já despencava no horizonte quando Calixto foi ao encontro do padrão no estábulo.
— Quer dizer então que ocê mais a Dona Catarina brigaram noite passada? Ah, mas as caveiras do seu pai e da sua mãe devem de tá se coçando de tanto desgosto do filho que briga com a mulher grávida!
— Arriégua, Calixto! Arriégua! Ocê para de falar nas caveiras dos meus pais que eu já disse que não gosto!
— Mas que tão se coçando tão... — disse baixinho.
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O antes, o agora e o depois [...]
Fanfiction"Às vezes no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois. Eu fico ali sonhando acordado, juntando o antes, o agora e o depois..." Uma história com várias histórias juntando o antes, o agora e o depois de um dos casais mais surpreendentes de toda...