Capítulo Trinta

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Pov.: Narradora

Não se sabe quantas horas ela ficou desacordada, não se sabe o que aconteceu nesse meio tempo, mas também...Não havia interesse em Larissa pra saber o que realmente tinha acontecido. 

Ela sentia seu corpo dolorido, sua cabeça principalmente, suas costelas e sua bochecha, sentia um fedor forte de lixo e sujeira, talvez comida estragada, sentia um calor absurdo e sentia o breu, o quarto tão escuro que não via a diferença entre os olhos fechados ou abertos.

Queria levantar, queria tentar achar um interruptor ou qualquer coisa para se defender, queria se habituar de onde estava, gritar e pedir socorro, mas a realidade caiu tão pesada e forte sobre seu corpo que nem percebeu quando as lágrimas desceram por seu rosto, as últimas cenas de suas lembranças eram doloridas.

Ela sentia um vazio enorme em seu peito, as memorias, as lembranças, todos os momentos que passou com sua vó, toda sua vida, todos os conselhos, agora não passaria de uma lembrança, de algo que estaria guardado em sua memoria e coração. 

Ela até queria sentir o luto, ficar jogada naquele chão duro e frio chorando e soluçando por tudo de ruim que aconteceu nas últimas... o que? Duas, três horas? 

É, a vida é uma verdadeira caixa de surpresa, e por exatamente não saber o que esperar daquelelugar ela não podia se dar o luxo de ter um momento de luto, não podia ficar encolhida chorando por tristeza, vazio ou saudades de sua vó, ela precisava se levantar.

Com muita dor e dificuldade se ergueu do chão e tateou pela paredes, tocou em objetos que parecia quadros, panos, um guarda roupa talvez, até que encontrou a porta, seu coração por milésimos de segundos palpitou forte, esperançoso, procurou pela maçaneta e assim que sentiu em suas mãos a rodou com desespero.

- Droga.... - Sussurrou frustrada. Trancada.

- Quem está aí?! - Uma voz feminina soou no lugar e no breu do espaço Larissa virou assustada, procurou com mais desespero por luz e assim que sentiu o interruptor em seus dedos ligou. 

- Raquel? - Falou completamente surpresa. - Ai meu deus, o que você está fazendo aqui? - A cacheada correu até a grávida. 

- Acho que o mesmo que você. - Disse fria. 

- 'C' tá bem? - Ignorando completamente a grosseria, Larissa deu atenção aos cuidados com a moça. 

- Pareço bem pra você? 

Claro que era uma pergunta retorica, ninguém estava bem ali, Larissa apenas queria ter a certeza que ela não estava sentindo algo pior. Ela lembrou instantaneamente que depois da morte de Leo, não havia visitado Raquel nenhuma vez e se sentiu mal por isso também, sabia que provavelmente a morena a culpava por tudo, e não a tirava da razão, apenas achava que não era a hora certa pra expor toda aquela frustação. 

- Precisamos achar um jeito de sair daqui. - Ela se levantou e olhou ao redor. 

Concretizou suas suspeitas, o quarto estava um verdadeiro chiqueira, na verdade era um eufemismo chamar aquilo de chiqueira, tinha uma cama velha e imunda, com bolor e sujeiras de sangue nos lençóis rasgados, era onde Raquel estava sentada, tinha um armário de madeira escura e velha, vazio, uma mesa bamba e uma cadeira igual, as paredes mofadas e com perfurações de tiro, tinha sangue, resto de comidas, roupas rasgadas, um balde fedendo a mijo e merda, era um quarto pequeno, sem ventilação ou iluminação externa, o cheiro do ambiente era podre, o ar abafado e a temperatura parecia aumentar a cada segundo, a iluminação era péssima e dali pra frente era só pra trás. 

Amor De Bandido - Livro I | TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora