Changbin apertou a alça da mochila, os olhos vagando na placa estendida na porta descascada à sua frente."Sala de artes".
Estremeceu. Nunca havia colocado os pés ali antes, naquele lado da universidade, em um corredor assustadoramente vazio e colorido de cores e pichações estranhas. Artistas são estranhos, pensou, com propriedade suficiente para afirmar aquilo; ele também era um artista, afinal.
Sem muita segurança, sua mão bronzeada e coberta com alguns anéis finalmente alcançou a maçaneta, que rangeu alto ao ser empurrada. A porta escorregou no chão de madeira escura, emperrando um pouco antes de finalmente ser escancarada.
O moreno saltou para frente ao conseguir empurrá-la totalmente, o rosto rapidamente esquentando ao ganhar alguns pares de olhares curiosos, sobrancelhas arqueadas e algumas risadinhas.
Ajeitou a postura rapidamente, fechando a porta antes de caminhar em passinhos até uma cadeira livre no canto do cômodo. Quando se acomodou, finalmente deixou os olhos correrem pelo local com mais atenção.
A sala era um espaço pequeno, definitivamente, mas era um pouco maior do que seu estúdio. O canto esquerdo do fundo era lotado por um amontoado de telas em branco, ao lado de um armário trancado, enquanto o lado direito era composto por telas prontas, variando entre pinturas de flores e pessoas. Na frente, além de uma cadeira de centro — provavelmente de quem dirigia o curso —, havia um sofá próximo à janela, do lado oposto à porta da frente, que estava meio bagunçado por cobertores e algumas mochilas.
Havia, também, um quadro negro, mas Changbin desconfiou não ser utilizado ao ver somente pequenas anotações com uma data antiga listada.
Suspirou, largando a bolsa e contabilizando que não haviam muitos alunos na sala, não passando muito de dez pessoas — que pareciam mais, pelo barulho que faziam.
Antes que pudesse finalmente olhar as tintas dispostas para seu uso, o moreno sentiu um tapa em seu ombro.
— Hyung! O que faz aqui? Não sabia que gostava de pintar — Um Jisung animado (como sempre) exclamou, ajeitando-se no banco ao lado do mais velho. — Pensando em expandir sua área? Eu também!
Changbin massageou o ombro recém agredido, olhando meio raivoso para o acastanhado tagarela.
— Não, eu- na verdade não — A raiva virou vergonha. — Estou precisando de notas, na verdade.
— Oh, sério? Poderia ter pedido ajuda, hyung.
— Não adiantaria — pressionou seus lábios em uma linha fina, se corrigindo ao observar a feição do mais novo. — Não que você não seria útil, huh, pelo contrário, inclusive. — coçou a nuca, organizando as palavras. — Mas é que minhas notas não vão subir o suficiente só com estudo.
Jisung assentiu, passando a mão pelo queixo.
— Entendi. Vai ficar até o final, então?
— Provavelmente — deu de ombros, sem ter realmente pensado sobre. — Foi a recomendação da professora. E você?
— Eu? Ah, eu participo dessas aulas desde que começaram. Então sim — sorriu, orgulhoso, e Changbin retribuiu.
— Não sabia que você tinha interesse nessa área.
— Um pouco, na verdade. Meu namorado se formou em artes e meu melhor amigo dirige essas aulas — remexeu sua bolsa, parecendo tímido. — Então me sinto meio familiarizado.
O Seo sentiu o peito aquecer com o brilho nos olhos alheios, as bochechas avermelhadas pela citação do namorado.
— Entendo.
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Slump; changlix
RomanceChangbin amava compor, amava cursar música, porém descobriu que odiava seu professor. Lógico, normalmente qualquer um ficaria feliz - e muito - em receber as palavras "almas gêmeas" como tema para composição, mas Changbin não era qualquer pessoa. Af...