A Strange Love || Alice in Bordeland (Last Boss).

Cap 3 | Pessoas estranhas

[...]

7:56 da manhã | Tóquio.

Mais uma noite longa se passou e eu ainda estava com problemas para dormir. Se eu não conseguisse resolver isso, teria que voltar a tomar meus remédios, mas isso não era uma ótima opção quando se está em um mundo como este. Deve haver alguma maneira de mudar isso de uma vez por todas ou quem sabe pedir ajuda a alguém que saiba melhor sobre isso, mas quem pode ser? Eu quase não falo com as pessoas nos jogos e geralmente não encontro eles pela cidade quando estou com vistos, é sempre questão de sorte.

Levantei sem pressa da cama improvisada que tinha feito no chão, já que cedi a minha para o Chota que estava machucado, era algo novo passar por isso, ter empatia por alguém, deve ser uma das coisas que aprendi com Taka quando conversava com ele. Eu me sentia leve quando lembrava dele, mas a saudade era ainda maior e isso machucava muito.

Suspirei pesadamente, balançando minha cabeça para espantar os pensamentos e focar na minha rotina diária.

Todos os quatro ainda estavam dormindo, por sorte eu tinha tempo para preparar algo e depois sair pra procurar suprimentos. Era melhor eu ter ajuda, pra assim conseguir pegar mais coisas, mas não sei se algum deles toparia ir comigo e eu não sabia ao certo como poderia perguntar.

- Você já treinou isso tantas vezes... - disse para mim mesma, me aproximando do espelho mais próximo para poder ver o estado do meu cabelo. - Droga, parece que levei um choque!

Revirei os olhos, tentando arrumar pelo menos um pouco, mas parecia que só piorava, então resolvi fazer um rabo de cavalo simples que não demorava muito. Aproveitei aquele tempo para arrumar alguns sanduíches na mesa, tomando o máximo de cuidado para não fazer barulho e acordar os demais.

- Será que eles gostam disso? - perguntei, me referindo ao pão que estava ali. - Eu não sou uma padeira profissional, mas é o máximo que eu consigo... - parei de falar assim que notei a presença de Arisu me encarando na porta da sala. - Fazer... - completei, engolindo a seco rapidamente.

Arisu - Ah, bom dia Jiwoo! Você tá bem? - ele parecia um pouco confuso. - Desculpe se te assustei.

- Ah, bom dia... Que constrangedor né... - comentei enquanto tentava encarar outra coisa a não ser ele. - Tá com fome? Preparei esses sanduíches, não são muitos, mas é o que eu tenho pra oferecer.

Arisu - Não precisa se preocupar com isso Jiwoo. - ele se aproxima aos poucos. - Acho que quando estamos em um "mundo" como este, não devemos ligar muito pra aparências ou coisa do tipo, então não se preocupa. - ele sorriu de forma simpática, me fazendo ficar um tanto chocada.

Eu não sabia como reagir exatamente, era novo passar por tudo aquilo de uma hora pra outra. Ontem eu estava sozinha nesse cômodo, parecia até um fantasma que não queria ser visto por ninguém e hoje de repente apareço com quatro jogadores junto a mim, que ironia.

Arisu - Você parece ter experiência nos jogos. - sua voz estava rouca, provavelmente por conta do sono. Ele parecia abatido também, mas não o julgo, ontem havia sido seu primeiro jogo e uma quase morte, quem não ficaria assim? - O que exatamente é... Isso tudo?

- Eu ainda estou tentando descobrir ao certo, mas sei que deve ter uma mente por trás disso tudo. Quando o visto expira, um laser que vem do céu cai direto na sua cabeça, dando o game over instantâneo, com certeza não é uma obra qualquer. - encostei minhas costas na parede mais próxima, olhando para o rapaz em seguida.

Arisu - Então nós recebemos vistos, precisamos coletar eles jogando os jogos, vencendo, pegando a carta e sobrevivendo. Mas isso é muito estranho, como eles conseguiram elaborar isso tudo?