Jantar de negócios é sempre a mesma ladainha de sempre. Conversas movidas por interesses e enquanto isso vai aumentar mais um ou dois digítos nas contas deles. A conversa circula entorno disso, presto atenção a cada palavra proferida, números estimados, investimentos soltos, uns formais e outros nem tantos assim. O ambiente e as pessoas em si quase me sufocam. O fedor da fumaça de cigarros e charutos misturados com o cheiro de rum caro não ajudam muito.
- Com licença. - peço, já saindo da pequena roda de conversas.
- Onde você vai? - minha colega e amiga de trabalho, Elizabeth, me pergunta mesmo sabendo a resposta. Não gosto desses tipos de jantares mas o trabalho obriga, no entanto.
- Respirar um pouco de ar fresco.
Saio de dentro da grande mansão do Zayn Malik, empresário renomado que está servindo o jantar dessa noite de sexta, amigo do meu chefe. Vou para o jardim, reparo nas flores enquanto todo a energia ruim do jantar sai de mim, á plenos pulmões.
Caminho pelo pedregulho que há ali, não me afastando muito da mansão, caso meu chefe precise de mim. No canteiro de flores ainda posso ouvir o tilintar dos copos e taças e as vozes exaltadas.
As flores são bonitas e pareciam irreais, como artificial. Eu não evito tocar uma rosa, encantadora e absurdamente vermelha, com suas pétalas saindo do que devia ser antes o botão. É real e macia entre meus dedos e o cheiro das várias flores e rosas que chegam até mim é doce, amiscarado.
- O que está fazendo aqui? - a voz autoritária tira a minha atenção da rosa. Não preciso me virar para saber quem está atrás de mim, conheço essa voz, assim como o dono dela que faz morada em meus sonhos mais libidinosos. Eu tentei tirar isso da minha mente de um jeito ou de outro, mas ficou praticamente impossível quando sonhei que ele saciava meu desejo e eu acordei molhado entre lençóis.
A realmente um momento em que a rendição é bem vinda. Eu me rendi aos meus sonhos e os isolei nas noites maus dormidas e em meus pensamentos.
- Apenas em busca de um pouco de ar. - murmuro, olhando para a rosa e ainda segurando sua pétala, mas a minha atenção está totalmente nele. Na voz dele e o quão próximo ele parece está, dois passos, eu cogito. - Você já deve ter percebido que não gosto desses jantares ou reuniões.
Não meço minhas palavras, quase o sinto me olhando mas não me viro para constar. Escuto o seu pigarro.
- Eu também não gosto mas há coisas que boas ou não, simplesmente, não podemos evitar. - diz convicto. Eu imagino ele dá de ombros ao dizer, tão típico.
Eu me viro finalmente o olhando, ele parece surpreso pela a minha ação repentina.
Isso não é típico. Essa falação toda.
O máximo que já consegui tirar desse homem não foram mais que comprimentos e o habitual do trabalho. Sempre que penso que a conversa vai para algo mais leve e sair do trabalho ele, simplesmente, me corta ou depois de me informar o que quer que eu faça - para a empresa - ele vira suas costas e sai. Rápido e objetivo. Menos nesse momento. Ele me dirigiu muitas palavras e nenhuma delas era "papelada", "mesa" ou "assinar".
Eu volto a fitar a rosa, virando um pouco de lado, a seguro mas não a arranco do solo.
Eu não sei o que falar ou como agir agora. Eu nunca cheguei nessa parte. E é estranho ele ainda está aqui. Normalmente eu não tenho atenção dele, só quando necessário.
Me perco no vermelho da rosa. Vivido e penetrante. Sinto os pequenos espinhos que arranham de leve minha pele, dói mas não incomoda.
- Rosa vermelha. - Ouço sua voz próxima. Meus olhos estão na rosa em minhas mãos mas meu corpo parece sentir o quanto ele está próximo. Sempre sente, só eu sei o quanto é difícil ficar tão próximo dele todos os dias, todos as manhãs depois de um sonho quente e não poder fazer nenhuma pitada, nem uma gota do que eu faço com ele em sonhos, ou do contrário. Mesmo o tendo ali, ao alcance de minhas mãos mas tão longe de tocá-lo. A atração quase me sucumbi. - O vermelho do amor, da paixão, a cor linda escarlate que dar significado a rosa é um dos grandes motivos por quais mulheres almejam ganhar um buquê repleto da mesma.
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+ que DESEJO
Fanfiction- Não quero que a noite acabe. - ele murmura no silêncio da noite, como se o que estamos fazendo tem prazo de validade.