PARTE II - CAPÍTULO 24

796 99 5
                                    

~*~

*Caleb*

Por dentro a Range Rover era gigantesca. O estofado de couro cheirava a coisa nova. Mierra estava sentada de frente para mim, com as pernas cruzadas me encarando e esboçando muito tédio. Ao seu lado o mesmo Brutamontes de antes.

Apesar de eu ter que responder as perguntas para convencê-la a me ajudar a procurar por Samantha, eu também queria saber como Mierra foi de policial para uma chefe do crime em pouco mais de seis meses. Devia ser coisa do namoradinho traficante dela.

— Quando ela sumiu exatamente, Caleb?

— Há seis meses mais ou menos. Ela e eu estávamos em uma missão em Brasília e fomos surpreendidos por uma emboscada...

Mierra parecia confusa. Franziu o cenho.

— Como assim "nós"? Desde quando a Sam participa desse seu trabalho sujo?

"Como Se roubar caminhões de carga em rodovias fosse algo mais digno" pensei mas não disse para não complicar minha situação.

— É uma longa história. Mas vou resumi-la no fato de que a X-RENT concordou em deixar Sam viva desde que ela se tornasse uma agente. Por alguma razão eles viram potencial nela. Fora o fato de que queriam mais inclusão e coisas do tipo.

— Inclusão?

— Sim, de mulheres. Todas as organizações estão indo nessa linha... Século 21.

Mierra riu alto com escárnio.

— Essa é boa! Uma agência de assa*ssinos de aluguel que pensam em inclusão de minorias. Seria louvável se não fosse uma bela piada.

— Bem, não sou eu que dou as ordens ali dentro. Apenas fiquei aliviado que deixaram a Samantha viva.

— Tem razão. Tem razão. Mas a X-RENT não fez nada após saber do sequestro de uma agente... pela WWP?

Dei de ombros.

— Também me faço essa pergunta todos os dias. Meu tutor disse que não poderia fazer nada e que eu deveria seguir em frente. Acho que a alta cúpula dentro da agência não viu um custo benefício favorável no resgate de Samantha.

A feição de Mierra era de indignação.

— De policiais a bandidos... Todos somos descartáveis para essas grandes organizações. Sempre! — A fala dela parecia ser mais para si mesma, como uma lamentação por algo que acontecera. Mas eu não sabia o quê.

— Do que está falando?

Ela me olhou rapidamente caindo em si.

— Nada que seja da sua conta. — Mierra suspirou pensativa — Você tem alguma ideia de quem dentro da WWP especificamente possa estar por trás desse sequestro? É uma agência grande até onde sei.

— Conrado.

— Quem seria "Conrado"?

Pelo visto Mierra não sabia de tudo.

— É meu irmão gêmeo! Ele trabalha para a WWP.

Mierra sorriu de novo, como se fosse engraçado.

— Ah, não... Tem outro de você por aí??? E quem é o gêmeo bonzinho?

Até o brutamontes que fazia a segurança dela riu dessa observação em forma de piada. Mas as piadas de Mierra não eram mais aquelas regadas a ironia e com pitadas de deboche. Seus trejeitos e entonação de voz a faziam parecer mais rústica e durona. Ou talvez mais Madura.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora