× Capítulo Dois ×

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A semana passou rapidamente. Logo, já era o dia da festa e eu não estava com a mínima vontade de ir. Olhei o horário pela décima vez naquela tarde e, finalmente, resolvi me levantar.

Larguei os fones de ouvido em cima da cama, dirigindo-me ao banheiro. Tomei um banho rápido, penteei meu cabelo, o deixando cair e cascata em minhas costas e saí à procura de uma roupa. Puxei do armário um cropped preto com brilho e uma saia preta, acompanhados por um cinto fino e um salto médio preto.

Vesti-me, e após o feito, caminhei até o banheiro procurando minha maleta de maquiagens. Com o auxílio do espelho, curvei e destaquei meus cílios com o rímel, delineei meus olhos com o lápis e, por último, passei um batom vermelho.

Ouvi um buzinar no lado de fora de minha casa, percebendo que Danilo já estava me esperando. Peguei minha bolsa preta, onde guardei meu celular e dinheiro para emergência.

Desci as escadas, avisando minha mãe que telefonaria assim que chegasse. Fechei a porta, deparando-me com um Hyundai Sonata branco em frente ao portão de casa. Sorri para Maiara e Gustavo e os cumprimentei com um beijo na bochecha. Danilo selou nossos lábios, procurando aprofundar o beijo. Separei-me deste, quando suas mãos foram para minha cintura.

— Não posso nem beijar minha namorada? — Perguntou ele, revirando os olhos.

— Pode. Mas não na frente da minha casa, com minha mãe espiando pela janela. — Entrei no carro, colocando o cinto. — A propósito, como conseguiu o carro?

— Meu pai não vai usar hoje. — Danilo respondeu simples.

— Você pegou sem permissão?

— Mais ou menos... — Danilo deu partida, e o carro arrancou bruscamente.

Durante o trajeto, Gustavo e Maiara trocam carícias e beijos. Danilo tentou o mesmo comigo, mas o rejeitei, alegando ser falta de educação fazer isso em público e, claro, ele estava dirigindo.

Chegamos ao local da festa, o qual de cara não me agradou. O local cheirava a cigarros, a música estava alta - com certeza mais alta do que o permitido pela lei - e as pessoas se agarravam e se beijavam por todos os cantos.

— Isso sim é uma festa! — Maiara pulou nas costas de Gustavo. — Vamos beber até não aguentar mais!

As duas me puxaram para dentro, sendo acompanhadas por Danilo. Andamos até o centro da festa e, sinceramente, não gostei dos olhares que recebi. Talvez não tenha sido uma boa ideia aceitar o convite...

•  •  •

As horas passavam e os três se negavam a sair da festa. Obviamente, eu não poderia voltar pra casa sozinha, e também não poderia ligar para minha mãe me buscar, pois ela ficaria muito brava se descobrisse o tipo de festa que eu estava frequentando. Optei, então, por esperar eles se cansarem e me levarem para casa.

Estava sentada em um sofá de couro preto, observando a festa rolar. Enquanto Maiara e Gustavo se agarravam não muito longe de mim, Danilo dançava no centro da pista. Admito, ele dançava bem. Porém, não era ele quem me chamava atenção. Era a garota que dançava com ele. Eu não estava com ciúmes nem nada parecido... Apenas... Apenas senti algo estranho quando pus os olhos nela. Eu a conheço? Tenho certeza que não. Mas ela me parece tão familiar...

— Maraisa? — Ouvi a voz de Maiara. — Vai ficar aí, sentada, ao invés de se divertir? — Perguntou, e eu pude sentir o cheiro de álcool que exalava de sua boca.

— Eu... Não estou muito afim de-

— Toma. — Me entregou um copo plástico, qual não consegui reconhecer o que tinha dentro.

— O que é isso? — Perguntei desconfiada.

— Refrigerante. — Aproximei o copo de meu rosto, podendo sentir o cheiro do que havia dentro. Refrigerante. — Eu disse.

Dei de ombros e virei o copo, despejando o líquido todo de uma vez só. Rapidamente, um gosto amargo alastrou-se por minha boca e desceu queimando por minha garganta. Não era refrigerante, eu tinha certeza. Era algo amargo, forte e... Bom.

— O que é isso?! — Perguntei um pouco desnorteada por causa da bebida.

— Ah, desculpe. — Maiara trocou nossos copos. — Eu misturei um pouco de vodka no meu, mas acho que me confundi na hora de entregar.... — Disse ela com um sorriso sacana nos lábios. — Desculpa.

— Maiara... — Senti minha cabeça girar.

Em uma tentativa falha, tentei me levantar. Sentei-me novamente no sofá, e Danilo sentou-se ao meu lado.

— Tudo bem? — Assenti. — Você bebeu?

— Refrigerante e vodka.

— Vodka? — Ele repetiu e riu. — Não deveria beber coisas fortes... Você não aguenta.

— Não aguento?

{...}

Mais algumas horas se passaram e eu não já não me encontrava mais em minha sanidade mental. Eu havia bebido, muito. Quis provar a Danilo e a mim mesma que poderia aguentar bebidas fortes. E, no final, eu aguento tudo e mais um pouco.

Talvez não tenha sido uma boa ideia beber tanto, eu mal lembrava meu nome. Mas, pela primeira vez em muitos anos, eu sentia-me bem. Eu não ligava para nada. Não ligava se vomitasse em todos os convidados; não ligava se avisasse minha mãe que eu estava quase em coma alcoólico; não ligava se acabasse em um quarto qualquer com um desconhecido. Eu apenas queria viver o momento, queria curtir, dançar, gritar... Simplesmente viver.

memories. - malilaOnde histórias criam vida. Descubra agora