Caído ao manto arenoso do solo, sentia o formigar de suas mãos e joelhos espalhar-se por entre seu frágil corpo, maculado após a batalha turbulenta que acabara de terminar. Sua pele, mitigada com feridas e profundas perfurações, exprimia por dentre o sangue o pavor de sua alma pecaminosa, atordoada e aberta ao vazio, como uma saída às dores físicas que sentia naquele momento, mesmo que preferisse mil vezes calejar do sofrimento carnal: "Eu tentei. No fim, eu tentei." Suas palavras imersas em melancolia não alcançavam os céus o qual clamava. Ainda que gritasse silenciosamente por sua existência, meticulosamente seu corpo se degradava no compasso tempo que sua vida perpassava por entre seus olhos.
Seu corpo pereceu diante da mãe Terra, dando á doce lama vermelha a vida escorrida de sua carne. Sua mente, antes inerte á pensamentos hediondos, decaiu á escura perdição da paz infinita, em um completo vazio: calmo e caloroso vazio. Sua alma, por fim, excludente do metafísico de seu mundo, se dissipou aos ventos da morte, carregada aos confins do submundo, em uma lástima inimaginável até para os mais corajosos guerreiros.
No fim, sua realidade, pensamento e seu próprio sentido de "Ser", desapareceram por completo. Não existia. Não observava mais o que antes admirou, não sentia as dores que um dia lhe fizeram chorar e saber que era humano. Não entendia o sentido de amar e não sabia como sequer entender tal dádiva, perecendo perante sua falha e fútil existência.
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Apenas um.
Short StoryGuerreiro que decaiu ás imundices do campo de batalha, e acalentou sua alma com o deleite de seus derradeiros dias na terra, clamando ás divindades imortais o descanso para sua mente pecadora.