Era madrugada. Meu padrasto e eu estávamos voltando da delegacia. Ele havia me dito que descobrira uma coisa sobre a mulher que ajudara a assassinar a minha família. Eu não estava com cabeça para aquilo. Ele também não.
Gabriel dirigia, enquanto eu apenas observava o caminho pela janela.
-Você está bem? -Gabriel perguntou.
Dei de ombros.
-Você está? -Perguntei.
-Acho que não. -Respondeu. -Será que algum dia voltaremos a ser nós mesmos Chris? Será que um dia essa dor vai embora?
Eu reprimi um sorriso irônico. Claro que não.
-Nunca. -Falei. -Isso jamais vai nos abandonar, Gabe. Jamais.
Meu padrasto estava chorando. Ele fazia muito isso nesses últimos dias.
-Chris... -Ele falou. -Prometa que nunca vai me deixa?
Suspirei. Todos os dias ele me fazia repetir aquela promessa.
-Não vou, Gabe. -Eu disse. -Estaremos sempre juntos.
Eu não sei se ele ficava melhor assim. Esperava que sim. Queria fazê-lo voltar a sorrir.
Gabriel era bonito. Tinha quase quarenta anos, era investigador criminal e afrodescendente. Ele tinha os olhos castanhos e a pele morena. Minha mãe se apaixonara profundamente por aquele homem ainda jovem, mas o destino a havia unido com o meu pai. Cruel.
Eu odiava o meu pai. Nem sempre foi assim. Não sei o que me fez ter tanta raiva dele, mas, em algum momento da minha vida, ele arruinara a minha mãe. Ele a transformara numa pessoa triste e assustada. Até Gabriel voltar para a vida dela. Não sei por que meus pais se separaram, mas não foi bonito. Meu pai saiu de casa, minha mãe passou a ser reclusa. Ela vivia chorando e trancada no quarto. Acho que foi aí que eu comecei a odiá-lo. Odiei mais ainda quando ele morreu, cheio de segredos.
-O que você vai fazer sobre aquela mulher? -Perguntei.
Gabriel suspirou. Sabia que eu estava falando da mulher que ajudara a matar a minha família.
-Eu não sei. -Disse Gabriel. -Descobrimos que ela estava usando uma peruca e lentes de contato, além da máscara. Também descobrimos o codinome dela no mundo do crime.
-Qual era? - Perguntei.
-Rosa Solitária. -Gabriel respondeu.
-Você já sabe o nome dela de verdade? -Perguntei, inocente.
-Sim.
-Não vai me dizer?
-Não. -Gabriel suspirou. -Vamos parar de falar disso, tudo bem?
Concordei com a cabeça.
-O que vai fazer amanhã? -Gabriel perguntou.
-Nada, espero. -Respondi. -Amanhã é sábado. Não tenho nada na lista.
Fazia duas semanas que eu me mudara. Não tinha amigos, não tinha lugares favoritos e minha família havia sido assassinada. Eu não conseguia me imaginar em qualquer lugar que fosse fora de casa.
-Bom, podemos fazer alguma coisa. -Sugeriu Gabe. -Podemos ver filmes e comer pizza.
Eu sorri para ele.
-Será ótimo. -Respondi.
Ficamos em silêncio novamente. Observei o lado de fora. Aquela cidade tinha mais pessoas do lado de fora quando era noite do que quando de dia. Era simplesmente absurdo. Estávamos passando por uma rua com várias boates, bares e lugares adultos. Havia de todas as espécies de pessoas nas ruas. Algumas davam medo. Eu reparava em cada uma delas.
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Por Trás das Máscaras
AventuraTudo pode mudar em uma questão de segundos. O que era perfeito passa a ser destruído muito rápido. Foi assim com Christine Wellcoat. Após ver toda a sua família ser morta, a garota está determinada a desvendar o motivo que levou a isso. Ela fará de...