O Acordo de Milhões - Carrare

Medos

Oii gente, voltei, abaixo a playlist Carrare para ouvir lendo a fic :

https://open.spotify.com/playlist/3PjLxSKNVj3wLdcMftyWAX?si=p-YzkZi_Tvi44RkI9QYqEA&utm_source=copy-link

_________________________________________

Quando Carmem se retirou Paula sentiu um peso esvair de seu peito, era como se uma ameaça tivesse partido, e isso foi perceptível aos olhos de sua filha.

"Mãe, tá tudo bem com você e a Carmem?"

Não. Não estava tudo bem entre elas, e Paula poderia mentir, mas iria enganar somente ela mesma, e realmente ela não tinha motivos para isso.

"Não minha filha, não está nada bem entre eu e a Cascacu."

Confessou cansada de reprimir seus sentimentos.

"Como assim mãe? Vocês estavam tão bem, e não é por nada não, só que até juntinhas estavam dormindo."

Concluiu a garota, que agora estava de frente para a mãe, que tinha um olhar meio perdido.

"Estamos convivendo bem filha, só que não é isso, é outra coisa..."

Buscava palavras para expressar o que sentia.

"Talvez seja algo da minha parte só, eu não sei explicar Ingrid..."

Dizia Paula angustiada, seja por desconhecer esse sentimento ou medo de não ser correspondida.

"Fala mãe o que você esta pensando, quem sabe não vai te ajudar?"

Ingrid se mostrava preocupada com a mãe, tendo em vista a atitude e modos estranhos da mesma.

"Não estamos nos desentendendo, estamos nos dando bem até demais, se é que me entende."

Disse rapidamenta e em tom baixo, com medo de alguém a ouvir, e com medo de se ouvir também, afinal, não era fácil admitir esses sentimentos que estava começando a sentir por Carmem. 

"E-então quando eu entrei no seu quarto, você e ela, vocês? Vocês não fizeram aquilo, né?"

Ingrid respondeu a mãe com olhos arregalados, estava chocada com aquela hipótese.

"Garota? Não, não, é claro que não!"

Dizia exasperada, a essa altura Paula já estava de pé, andando dum lado para o outro.

"Mas você queria?"

Querendo descontrair e quebrar aquele ar tenso a menina brincou, embora a declaração da mãe a espantasse, tendo em vista que ela e Carmem viviam sempre brigando, se sua mãe estava feliz, ela também ficaria feliz.

"Ah, Ingrid, dá licença, viu!?"

Se sentindo confrontada por uma pergunta que ela sabia bem a resposta. Paula quis fugir, porém Ingrid foi mais rápida, e segurou-a pelo braço, falando com uma ternura e cumplicidade que fez a Terrare mais velha se sentir aberta a falar sobre seus sentimentos em relação a Carmem.

"Posso te perguntar uma coisa?"

"Diz logo!"

Falou retirando seu braço do aperto de sua filha.

"O que você sente por ela mãe? E por favor, seja sincera comigo, tá?"

Paula respirou fundo e se dirigiu ao sofá de mãos dadas junto com sua filha, elas se acomodaram, sentando bem pertinho uma da outra, procurando proporcionar calma e tranquilidade para aquela conversa.

"Eu não sei explicar isso que eu tô sentindo, é tão novo pra mim, ontem eu e ela nos odiavamos, e hoje eu acho que tô apaixonada por ela filha, e ao mesmo tempo que eu sinto vontade de esganar ela, muitas vezes eu só queria, sei lá, estar junto? Não sei, de verdade eu não sei."