The Night Hunters

Capítulo 2

- Quem diria que uma torta de rim seria tão gostosa! E essa cerveja aqui está demais! Ei garçom! Desce mais uma! – Muriel falava de forma alegre e seu tom de voz estava elevado. Joan pode sentir uma leve onda de fúria passar por seu corpo, mas para tentar causar uma boa impressão, se conteve a fazer apenas um pigarro.

- Queria agradecer novamente pela hospitalidade Padre Louis. Peço que me perdoe pelo comportamento de meu colega!

- Colega? Como assim colega?! Nós somos parceiros seu baixinho ranzinza!  - Muriel agarrou Joan pelos ombros e o sacudiu como um lençol. Apesar de chamar seu parceiro de trabalho de baixinho, Joan tinha 1,77 de altura. Muriel era dez centímetros maior que ele.

Joan contou até três mentalmente para não enforcar Muriel.

- Não se preocupe padre Joan. Eu fico feliz que seu amigo se sinta animado. Nas últimas semanas, isso aqui está mais para clima de velório. – Padre Louis tomou um gole de vinho após dar um suspiro baixo.

- Eu entendo. Quando estava vindo para cá pude sentir uma presença muito forte. Gostaria que nos contasse com mais detalhes o que está acontecendo para melhor ajuda-los.

- Claro! É por isso que a arquidiocese mandou vocês aqui, não é? Me sinto um pouco aliviado para falar a verdade. Sei que vocês vão dar um jeito nisso.

- Imagino que a situação deva ser grave para nos chamarem – disse Muriel após dar uma mordida generosa em uma coxa de carneiro assado.  – Isso aqui está uma delícia! Tem certeza que não quer experimentar? – Muriel esticou a coxa já mordida para Joan que recusou fazendo uma careta. – Nossa! Já falei que essa cerveja está demais?! Me desce mais uma garçonete! – Muriel deu um tapa na bunda de moça que passou ao seu lado. Ela corou instantaneamente.

- E-Eu não sou garçonete! Sou uma freira! – Muriel olhou com um sorriso torto. A moça logo saiu de perto. Joan não conseguira suprimir a raiva. Ele se levantou e deu um soco no topo da cabeça do colega que estava sentado. O banco no qual Muriel estava se rachou e ele caiu sentado no chão.

- Eu disse para você se comportar seu imbecil! Não viemos aqui em férias! – Joan chegava a bufar de ódio. As írises de Muriel ficaram amareladas e seu semblante ficou sério. Ele se apoiou na mesa feita de madeira boluke para se levantar, e por estar começando a se irritar, acabou arrancando um pedaço da mesa com pura força bruta. Padre Louis olhava com os olhos esbugalhados para os convidados. Mesmo não tendo dons, a pressão que Muriel e Joan faziam no ambiente era perceptível a qualquer um. O velho padre de rosto ossudo e olhos fundos se sentiu ameaçado e percebeu o porquê daquela dupla esquisita ser tão famosa.

- Rapazes não briguem! Vamos!! Frei Henrique, pegue uma cadeira para o missionário Muriel. – ordenou Louis. Não muito depois, um jovem que aparecia ser da mesma idade de Joan, chegou com uma cadeira. Ele parecia envergonhado com alguma coisa. Muriel e Joan ainda se encaravam ferozmente. Somente depois das suplicas de Louis e de um gole de vinho que Muriel dera direto da garrafa, os ânimos se acalmaram.

- B-Bem onde estávamos? – Padre Louis retomou o assunto. Ele ainda estava com a boca seca devido a tensão que sofrera de seus convidados.

- Me perdoe novamente pela minha compostura e a falta de modos do meu COLEGA. – disse Joan se ajeitando em sua cadeira e aceitando uma xícara de chá que Henrique oferecera. - Não viemos aqui causar mais problemas.

- Co- Como já disse, sem problemas. – Padre Louis deu um pigarro.

- Padre Louis, como ia dizendo antes de ser interrompido – Joan deu um olhar fuzilante para Muriel – queremos saber mais sobre o que realmente está acontecendo aqui em Haltwhistle. Recebemos um pedido muito vago para investigarmos a região, por isso, quero que me conte em detalhes tudo o que sabe sobre esses eventos recentes que tem trazido desconforto aos cidadãos e ao vaticano. Também temos que fazer um relatório para mandar para arquidiocese, mas nada muito aprofundado é claro.