Parte 2

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A Dor
Jonas

Era o meu primeiro dia de trabalho. Eu estava extremamente feliz. Há 7 dias tinha pedido as contas na lanchonete, e ajeitado toda a papelada. Por alguma razão haviam termos confidencialidade no meu contrato.
Mas não me importei, pois isto poderia ser por causa das drogas que usariam nos psicóticos que eram o nosso grupo de controle, já que segundo o Doutor Luiz D’Ávila, estes produziam uma espécie de hormônio que se revertido poderia mesmo curar a insanidade.
Arrumei minha maleta de trabalho, e quando estava saindo olhei para o quadro de minha mãe, ainda me culpava por sua morte, e prometi a sua figura que algum dia criaria a Fundação Sandra Lima para poder salvar outras pessoas da morte.
Uma lágrima caiu. Sempre que me lembrava do dia em que morreu isto acontecia, e logo depois era transportado para as memórias do meu passado...
Garoto! Garoto não se aproxime!” Diziam os bombeiros tentando apagar as labaredas que subiam aos céus. Eu tossia, cobrindo minha boca com a manga da camisa. Queria entrar. Precisava fazê-lo. Minha mãe estava lá dentro daquele maldito Instituto, e sabia que seria capaz de usar o fogo para destruir a si mesma. Só que eles não me deixaram passar, e acabei fazendo uma enorme confusão na entrada do prédio que foi interrompida pelo estrondo de uma explosão.
Sandra Costa Lima não sobreviveu, porquê de acordo com a perícia haviam marcas de tentativa de automutilação em seu pescoço carbonizado que precedem ao incêndio e...” Foi tudo o quê consegui ouvir antes de me levantar e ir embora. Ela não foi vítima do fogo. Ela se matou, e eu sabia que era o responsável. Se tivesse uma condição financeira melhor, ela teria recebido os devidos cuidados. Mas como não tinha. Fui obrigado a mantê-la naquele buraco que o Governo criou. 
Por um momento minha alegria se foi. Contudo como tomei os remédios para transtorno depressivo, aos poucos fui capaz de me reanimar. Posso não ter sido capaz de salvar a vida da minha mãe, só que isto não significa que sou incapaz de proteger os outros. Sou um médico agora, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e farei a diferença. Impedindo que outras “Sandra’s” deixem a sua família.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ENCONTRO
A Incendiária Satânica

Já faz 3 anos desde que estou no Hospital Santa Maria. O Benfeitor cumpriu mesmo com a sua palavra, e graças aos seus inúmeros contatos, recebi a benção de mudar de identidade.
A Senhorita Amato se foi. Agora todos me chamam como Regina D’ell Martini, a paciente número 13, a quem os profissionais da saúde devem respeitar e obedecer, porquê do contrário podem perder os seus empregos.
Ficar aqui é bem melhor do quê no Instituto Vidal. Mas sinto falta de casa, das minhas redes sociais, dos streamings, dos sites piratas que acessava porquê só tinha uma conta na empresa com N... e principalmente do meu amado gamer Klaus Albernaz que por intervenção do Benfeitor, não posso ver, porquê segundo ele o Amor é uma fraqueza que não é bem vinda para os seus planos.
Só que ainda que não nos aproximemos continuo a me recordar dele. Olhos negros e maldosos que parecem expressar o pecado. Pele morena que brilha no sol. Cabelos castanhos que estão sempre no corte social ou militar, e parafraseando Aladdin, aquele sorriso que apesar de todas as tempestades iluminava o meu dia, pois Klaus não era o típico namorado chato do qual se enjoa em 10 segundos, e sim aquele com quem se quer passar o resto da vida.
Presa em meus devaneios acabei por andar por Santa Maria, e quando dei por mim me deparei com o novo médico que se juntara a equipe do EMI (Espaço da Mente Instável),  e que seria responsável pela colheita dos dados que chegariam aos cientistas.
Fiquei desconfiada. Ele parecia outro “filhinho de papai” que estava ali apenas pelo salário gordo que foi ofertado pelo PAD (Programa de Ajuda aos Doentes), e não porquê se importava com pessoas como eu, e confirmei isto quando flagrei o mesmo a me encarar com uma incômoda curiosidade.

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