Parte 7

13 3 42
                                    

Costume
Jonas

      É mais um dia em Santa Maria. O céu está cinzento e meu consultório não está lotado como de costume, porquê hoje é dia do check-up dos pacientes, e praticamente todas as atividades, exceto relatórios e laudos estão suspensas. Mas como já terminei grande parte de minhas anotações, não preciso mais ficar na sala, por isso saio para espairecer.
    Assim que abro a porta vejo a garota pesadelo passar correndo, enquanto seus olhos brilham de alegria. Com certeza não vem em minha direção, e sim vai em rumo a um garoto alto e moreno que a acolhe em seus braços, como se fossem bastante íntimos, e isso me causa um tanto de curiosidade. No entanto não perco meu tempo analisando-os, e vou direto ao refeitório, onde encontro uma das minha pacientes, a senhorita Lisbeth Cato.
  Ao me ver chegando, a mesma puxa as suas amigas e, quando dou por mim estou rodeado de garotas que não param de falar de aleatoriedades e, fazem questão de sentarem comigo, levando o Armando sorrir, e me mostrar gestos com as mãos que , simbolizam que eu e os doentes somos iguais.

_Finalmente você voltou!

É a única coisa que me chama a atenção em meio a conversa das três moças, pois a quarta amiga delas  acabara de chegar, e esta me encara com um olhar nada convidativo.

_O quê ele está...

Ela me lança um olhar de expulsão. Todavia lhe devolvo a encarada com certa indiferença, e olho ao redor para mostrar que fui convidado.

_Bom. Eu estava com o Klaus. É  normal demorar.

_Ah é verdade. Klaus e você sempre conversam demais quando se veem.
Bom senta aí com a gente.

_Não eu... preciso ir arrumar meu quarto.

Outra vez ela me olha com certo rancor, e em seguida se distancia de mim o máximo que pode, e tal coisa me deixa incomodado, ao ponto de ficar alguns minutos na presença das suas amigas, e depois sair em busca dela para explicar que, tenho outro ponto de vista sobre o seu caso.
 
 
Incredulidade
Alicia

O meu dia tinha começado bem, pois achei que depois de tudo o quê tinha conversado com o mauricinho, não teria que vê-lo tão cedo. Portanto o encontrar junto as minhas amigas me deixou muito desconfortável. Já que por mais que tenha dito que acreditava em mim, a verdade é que apenas queria ganhar tempo para se aproximar mais e me destruir.
Chego ao bebedouro, e no reflexo do alumínio o enxergo, por isso sinto um enorme impulso de usar meus dons com ele, da mesma maneira que fiz com Eloísa Magalhães. Entretanto com a quantidade de câmeras gravando tudo, e até meu protetor lhe dando sua benção, preciso controlar esse instinto primitivo, ou do contrário serei punida por violar o código da ordem.
Me viro de frente para o loiro com um olhar indiferente, e este abaixa as mãos, gesticulando para me acalmar, com um olhar que significa: Eu vim em paz. Só que para a sua infelicidade, nunca estive tão pronta para a guerra, por isso este apenas recua alguns passos, que me levam a sorrir com certa arrogância.

_Você não acredita mesmo em mim. Não é?

_Eu não acreditava antes. Mas digamos que agora sei que é inocente.

_Como assim?

_Eu não acho mais que você é uma psicopata manipulando o sistema para escapar da prisão.

_Ah, e você pensava isto antes?

_Não me leve a mal. Mas embora tenha o rosto de um anjo, está distante de ser um.

Silence Onde histórias criam vida. Descubra agora