Silence

Parte 17

CÚMPLICE
Jonas

Alicia estava cada vez pior. Já tinha se passado três semanas, e a coitada não conseguia dormir direito, imaginando que iriam levá-la de novo ao castelo onde seria o prato principal por ser tão rebelde, e violar a maioria dos códigos impostos por Balthazar apenas para mostrar que não cederá as trevas como ele quer.
Fui obrigado a contar a Klaus sobre o quê passamos, e tive que dá o meu braço a torcer, apesar de parecer um canalha egoísta a primeira vista, ele verdadeiramente se importa com ela, e tem feito visitas constantes tanto de dia, quanto a noite. Nunca pensei que ficaria tão aliviado por ele ser um nerd desordeiro.
São 15:45, como a maioria das pessoas de Santa Maria está ocupada no refeitório, ajudo o senhor Albernaz a entrar e pego os remédios que prescrevi a Alicia por causa da sua ansiedade.
Ele me entrega a sacola, então com cuidado chega até ela, pois desde o ocorrido no castelo, a mesma não é capaz de abandonar o quarto, e só se levanta da cama para tomar 4 ou 5 banhos, se alimentar, e realizar suas necessidades. Lícia está muito mal, e nem eu ou o namorado dela sabemos como ajudá-la.

_Jonas.

O moreno me chama enquanto estou a analisar uma prancheta com os relatórios médicos da paciente n°13, e por camaradagem vou ao encontro do mesmo.

_Tenho um jogo essa noite, e eles vão pagar adiantado para o meu time perder. Logo preciso que venha para cá mais tarde para cuidar dela, ou não jogo e terá de roubar remédios pois não vou ter mais como trazê-los as escondidas. Eu sei que temos as nossas diferenças, mas vejo o quanto se importa com ela, e não quero ver outro canalha como Armando tomando conta da minha Al.

_Como assim ? ?

_Alicia me contou que Armando reunia dados dela apenas para vender na Deep Web.

_Que tremendo filho da puta!

Não me admira que Balthazar tenha o eliminado.

O Gamer
Klaus

Eu sempre fui o tipo de cara que amava desafios e secretamente odiava perder. "Filho da puta vigia o top lane!" "Vey vocês são uns otários mesmo!" "Que porra cês tão fazendo? Bora jogar sério!" Eram as frases que mais dizia antes de me aliar aos Rubros.
Passei a vida jogando por diversão, até que Alicia me incentivou a transformar minha paixão em um emprego, exatamente como fizera com seus livros e vicio em tirar selfies perfeitas que nunca postava. Então ganhar a vida através dos jogos é realmente gratificante para mim.
Mas diante da situação em que minha amada se encontra, prefiro sacrificar todo o meu sucesso do quê comprometer seu tratamento. Eu não gosto do jeito que Jonas lhe olha, porquê sei que há algo mais profundo do quê um interesse profissional, contudo prefiro que tenha por perto alguém que realmente gosta dela, do quê outro aproveitador como o Dr. Oliveira.
Essa é por você Lici! Digo a mim mesmo antes de ir em rumo a derrota. Felizmente os Rubros foram compreensivos e me apoiaram nesta decisão desde que a gente perca batalhas que não comprometam as finais.

Confissões
Alicia

Para evitar transtornos, consegui pegar um dos velhos colchões que, forrei com cuidado para que Jonas fosse se deitar ao lado da cama. Eram 22:30 e ainda estava sozinha. Mil coisas ruins se passavam na minha mente. Eu tremia. Andava em círculos abria a porta sem parar.
Os ponteiros pareciam se mover lentamente, como se fosse obrigada a ficar a sós com meus demônios internos. Ouvi um ruído próximo ao cômodo. Como não tinha certeza se era o meu crush secreto, decidi pegar uma faca que escondia abaixo do fundo falso da gaveta.
Segurei o seu cabo e fui andando até a origem do som. Abaixei a maçaneta com cuidado, mantendo o objeto cortante atrás das costas. Uma dica de sobrevivência que Klaus me ensinou para me sentir mais segura.